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Palavra do Bispo | Homilia - 21/06/2025

Homilia - 21/06/2025

Homilia da Ordenação sacerdotal – 21 de junho de 2025 – Suzano

 

Andrey Oliveira Silva, Emanuel Lucas de Lima, Fabiano Alves da Silva, Gustavo Catania Ramos, Luciano Ferreira da Silva, Mateus Masashi Hikazudani, Vinicius Jacinto Nogueira

 

Jr 1, 4-9; Sl 88(89), 21-22.25.27; 1Pd 5, 1-4; Jo 15,9-17

 

Consagrados na Verdade! (Jo 17, 19)

Testemunhas dos sofrimentos de Cristo!

Participantes da Sua glória! (cf. 1Pd 5, 1)

 

 

Queridos irmãos e irmãs!

 

A Diocese de Mogi das Cruzes, exultante de alegria, encontra-se reunida, mais uma vez, para celebrar a Eucaristia e a ordenação de sete novos sacerdotes. Louvado seja Deus que tem derramado sua graça e sua bênção sobre nossa Igreja diocesana, despertando vocações e concedendo trabalhadores para a sua messe. Jesus Cristo, o bom pastor, conduz seu povo e seu rebanho, contando com a colaboração de abnegados pastores – sacerdotes e diáconos – aos quais se somam estes sete irmãos, que receberão o segundo grau do sacramento da ordem, tornando-se presbíteros da Santa Igreja.

 

Inspirados pela Palavra de Deus, a partir das leituras que ouvimos, e nos sete lemas por eles escolhidos, colhemos três grandes mensagens: os sacerdotes são consagrados na Verdade (Jo 17, 19), testemunhas dos sofrimentos de Cristo e participantes da Sua glória! (1Pd 5, 1).

 

Consagrados na verdade é o lema escolhido pelo Andrey; outros cinco escolheram lemas que exortam a abraçar a cruz de Cristo e Vinícius, como que concluindo, escolheu, da carta aos Filipenses: Alegrai-vos sempre no Senhor! (Fl 4, 4).

 

  1. Presbíteros: Consagrados na Verdade!

 

Este lema (Andrey) é retirado da oração sacerdotal de Jesus em favor da unidade dos discípulos: Eu me consagro (hagiazo) por eles para que também eles sejam consagrados (hagiasmenoi) na verdade (Jo 17,19). Ser consagrado tem o sentido de ser santificado. Jesus quer os discípulos santificados na verdade e anunciadores da Verdade, que é Cristo Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14, 6). Por isso, anunciamos Jesus Cristo! Esta é a nossa vocação, nosso ministério, nossa espiritualidade: estar com Cristo, configurar-se a Ele, segui-lo e anunciá-lo!

 

A 1ª leitura (Jr 1, 4-9) fala da vocação do Profeta Jeremias: “antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações” (v. 1). O salmo responsorial (Sl 88/89, 21-22.25 e 27) canta que Deus escolheu Davi e o fez consagrado na verdade: escolhi a Davi, meu servidor, e o ungi com meu óleo consagrado (cf. v.); minha verdade e meu amor estarão sempre com ele (v. 25).

 

Queridos presbíteros eleitos! Um dia a Verdade deitou na cruz e se deixou cravar nela. Um dia, vocês e a verdade se encontraram; um encontro tão impactante e único que só lhes resta responder positivamente e, assim, consagrar-se e configurar-se a ela; e por meio dela santificar-se.  

 

Consagrar-se a Deus é entregar-se a Ele num ato de amor absoluto. Viver com Ele e para Ele! “Deus Pai enviou ao mundo a Palavra da Verdade” (Oração da Missa da Santíssima Trindade). A verdade é uma Pessoa que olha nos nossos olhos e nos dá razões de viver: Jesus de Nazaré. Ele é o Cristo, o Senhor e Salvador, conforme afirmou São João Paulo II na encíclica Veritatis Splendor: “a luz da face de Deus resplandece em toda a sua beleza no rosto de Jesus Cristo ‘imagem do Deus invisível’ (Cl 1,15), ‘resplendor da sua glória’ (Hb 1,3), ‘cheio de graça e de verdade’ (Jo 1,14)” (n. 2).  

 

Cristo, Esplendor da Verdade, assumiu a consequência de proclamar profeticamente a verdade: a Cruz.

 

  1. Presbíteros: testemunhas dos sofrimentos de Cristo!

 

O apóstolo Paulo convida o cristão a gloriar-se na cruz de Cristo!, pois para ele a cruz de Cristo é centro de seu anúncio querigmático, conforme o lema do Emanuel, retirado da Carta aos Gálatas: Quanto a mim, que eu me glorie somente na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo (Gl 6, 14). Na cruz, se revela o ápice da dor, que reflete o ápice do amor e o esplendor da glória de Deus vencedor da morte pela vitória da ressurreição.

 

Pelo sangue de Cristo na cruz, Deus Pai derrama Seu amor e Sua graça, na força do Espírito, restaurando o que a humanidade perdera e realizando a reconciliação entre Deus e os seres humanos.

 

A cruz é fonte de conhecimento, razão pela qual Paulo fala da excelência do conhecimento de Cristo Jesus, seu Senhor (Fl 3, 8), conhecimento este provindo da justiça que vem de Deus, apoiada na fé (v. 9) e – aqui entra o lema do Mateus Masashipara conhecer o poder da ressurreição de Cristo e a participação nos seus sofrimentos (v. 10). E Paulo conclui: conformando-me com Ele na sua morte, para ver se alcanço a ressurreição de entre os mortos (v.10).  

 

A resposta ao mistério do amor de Deus, em Cristo, está contida do Rito da Ordenação, no momento em que o ordinando recebe a patena com o pão e o cálice com vinho: recebe a oferenda do povo para apresentá-la a Deus. Toma consciência do que vais celebrar, conformando tua vida ao mistério da cruz do Senhor”. Daqui, Luciano retirou seu lema: “conformar a vida ao mistério da Cruz do Senhor”. Que assim seja! E que assim sendo, possamos exclamar com o lema do Gustavo: Salve, ó Cruz, única esperança, em latim O crux ave, spes unica. Da cruz de Cristo brota a esperança e, nas palavras de São Paulo, a esperança não decepciona (Rm 5, 5) – lema que o Papa Francisco propôs para o Jubileu de 2025 anos do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, ora em curso, com o convite a sermos “Peregrinos de Esperança”!

 

Gloriar-se na cruz do Senhor! Este pensamento toma ainda mais força quando pensamos em Nossa Senhora e São João evangelista, no Calvário, aos pés da cruz de Cristo. E, como nos lembra o lema do Fabiano, “dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa” (Jo 19,27). E Maria, Senhora das Dores, torna-se a Mãe da Igreja e a Mãe da Esperança.

 

  1. Presbíteros: participantes da glória de Cristo Ressuscitado (1Pd 5, 1)

 

Vimos o quanto o apóstolo Paulo exorta os cristãos, especialmente os missionários, a abraçarem a cruz de Cristo. Contudo, é o mesmo Paulo que faz um vibrante convite – e aqui entra o lema do Vinicius: “Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito alegrai-vos” (Fl 4, 4). A cruz não é inimiga da alegria, nem da esperança. Nas bem-aventuranças, Jesus assegura: “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça ... Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem ... alegrai-vos e regozijai-vos porque será grande a vossa recompensa nos céus (Mt 5,10-12).

 

No evangelho que ouvimos (Jo 15,9-17), encontramos Jesus dizendo aos discípulos: Permanecei no meu amor (v. 9) ... para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena (v. 11).

 

Queridos filhos! Vivam intensamente a alegria de ser padre, ministros do altar e pastores do rebanho de Cristo. Experimentem a alegria de doar-se aos pequenos e aos pobres. E assim, “quando aparecer o supremo pastor, recebereis a coroa imarcescível da glória” (1Pd 5, 4).

 

Gastem-se no labor apostólico, atentos em cultivar uma vida espiritual robusta, profunda, com auxílio da liturgia das horas, da Eucaristia, da meditação, do silêncio e da vivência do celibato por amor ao reino dos céus. Cuidem da própria alma. Junto ao sacrário, vocês encontrarão descanso, alívio e renovação do primeiro amor que hoje se consolida. É na companhia do Senhor que os sacerdotes encontram sempre novos e melhores meios para se assemelhar a Ele.  

 

No altar da Eucaristia, na patena, junto com o pão, coloquem a alegria de ser padre e as intenções de tantos que se recomendam às suas orações. Na gota de água misturada ao vinho, que representa a humanidade, coloquem as decepções e insucessos de hoje, mas também os projetos e as esperanças de amanhã. Assim, vocês nunca sentir-se-ão sozinhos, porque o amor os acompanha.   

 

“Tomar na mão o pão e o vinho e apresentar a Deus é assumir a missão maior de ser sinal de esperança em meio ao mundo marcado por desilusões. Os presbíteros são homens de Deus, marcados pela graça sacerdotal, para levar a paz aos corações daqueles que perderam o sentido da vida. “Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10), disse Jesus. (cf. Pe. Fábio Geraldo da Costa, Belo Horizonte-MG, 28.02.2013).

 

Intercedam por nós a Virgem Maria, mãe das vocações, São José seu esposo e patrono da Igreja, Sant’Ana e São Joaquim e São Luiz Gonzaga, cuja memória hoje celebramos. Amém!

 

 

Dom Pedro Luiz Stringhini

Mogi das Cruzes, 21 de junho de 2025

Memória de São Luiz Gonzaga