Dom Walmor de Oliveira Azevedo, presidente da CNBB, participou da Assembleia Geral do Conselho Episcopal Latino Americano (CELAM) e encaminha ao povo brasileiro a Mensagem final do encontro.
Caminhando na Fé e na Fraternidade Solidária
Mensagem do CELAM ao Povo de Deus
1. Abertos à ação do Espírito Santo, realizamos a XXXVII Assembleia Geral Ordinária do Conselho Episcopal latino-americano (CELAM), em Tegucigalpa, Honduras, de 13 a 18 de maio de 2019. Conscientes dos enormes desafios do nosso tempo, avaliamos nosso trabalho evangelizador e tentamos discernir os sinais dos tempos presentes na realidade da América Latina e do Caribe. E à luz desse discernimento projetamos nosso caminhar como CELAM em direção ao quadriênio 2019-2023, com a intenção de nos envolver mais ativamente em nossa missão de proclamar a Palavra de Deus e oferecer a todos a oportunidade de serem alegres discípulos missionários de Jesus Cristo.
2. Reafirmamos nossa comunhão e adesão filial ao Papa Francisco, de modo especial nestes tempos em que alguns grupos e interesses particulares negam sua missão como Pastor universal da Igreja Católica. Nossa adesão à missão do Papa se confirma quando respondemos com o anúncio do Evangelho aos novos desafios que surgem nesta mudança de época, buscando promover uma sociedade mais justa e solidária, com atenção especial aos pobres, como Igreja em saída, que caminha em direção ao Reino definitivo. Sempre caminharemos fiéis à pessoa do sucessor de Pedro.
3. Ademais, constatamos, em toda a América Latina e no Caribe, o crescimento de uma crise ética, política, econômica e cultural, em cuja raiz descobrimos uma fratura antropológica que se manifesta de múltiplas maneiras. Entre elas, destacamos o machismo que fere a dignidade da mulher; e as migrações causadas pela pobreza e pela violência. Diante dessa realidade, assumimos os quatro verbos com os quais o Papa Francisco orienta a atenção aos migrantes: acolher, proteger, promover e integrar. Necessitamos de nos fortalecer na fé e na escuta da Palavra de Deus para resistir às ideologias desumanizantes que impedem a busca do bem comum, o exercício das liberdades e o reconhecimento dos direitos humanos. Essas ideologias frequentemente sacrificam os mais pobres, favorecendo o aumento das desigualdades, que são inaceitáveis. Abraçamos as dores dos povos e das igrejas que, na atualidade, mais sofrem: Venezuela, Nicarágua e Haiti.
4. Nossa condição de discípulos missionários nos chama ao compromisso de trabalhar contra a corrupção, qualificada pelo Papa Francisco como um “câncer” profundamente enraizado nas estruturas sociais, econômicas e políticas de nossas nações. A eficácia da luta contra a corrupção passa também por uma mudança de mentalidade que leve as pessoas a compreender que seu valor não está em ter, mas sim em ser; e que sua vida se mede não por sua capacidade de consumir, mas sim por saber compartilhar.
5. Assumimos que o cuidado com o Meio Ambiente é uma preocupação e um compromisso a favor da ecologia integral. Manifestamos nossa comunhão com a realização do Sínodo da Pan-Amazônia, convocado pelo Papa Francisco para outubro de 2019. Esperamos que este Sínodo nos traga luz e um novo impulso com o compromisso em favor deste mesmo desafio em todas as regiões da América Latina e do Caribe.
6. Recordamos que o Senhor nos disse: “No mundo, tereis aflições, mas tende coragem! Eu venci o mundo.” (João 16:33), e por isso nos animamos a seguir caminhando na fé e na fraternidade solidária que constrói a autêntica sinodalidade.
7. Renovamos a disponibilidade radical para o nosso amado Povo, particularmente para os mais pobres, as mulheres e os jovens. Estamos alegres e convencidos de que somos servidores do Evangelho da vida, desejosos de congregar a todos em nossas comunidades de fé para nos fortalecer no amor de Deus e colaborar na construção de uma sociedade mais justa e solidária que testemunha o Reino. Colocamos todas estas intenções e propósitos sob a proteção materna de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina e do Caribe.