A Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam) tem um novo presidente. O comunicado oficial de mudança foi publicado no dia 14 de outubro, e foi assinado pelo até então presidente, o cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo (SP). Assume a liderança da Rede o arcebispo de Huancayo, no Peru, cardeal Pedro Barreto, que vinha exercendo a função de vice-presidente.
Nascida há seis anos, a REPAM contribui com a organização, articulação e formação dos povos e da Igreja na Amazônia. Nos últimos anos, dedicou-se ao processo do Sínodo para a Amazônia. Fruto de todo esse trabalho é a Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama), espaço para o qual o cardeal Cláudio Hummes vai dedicar seu trabalho, após o desligamento da Repam.
De acordo com o comunicado, a posse do Cardeal Barreto como presidente da Rede será no próximo dia 9 de novembro, durante assembleia virtual da Rede. Na ocasião também haverá a posse no novo vice-presidente, que será indicado após consulta às “REPAM nacionais e instituições fundadoras, e seguindo os critérios e perspectivas Pan-Amazônicas”.
Confira o comunicado na íntegra:
São Paulo e Quito, 14 de outubro de 2020
COMUNICADO DE MUDANÇA NA PRESIDÊNCIA
A Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM é um organismo eclesial, nascido em 12 de setembro de 2014, como resultado do caminho realizado pela Igreja profética e encarnada neste território, co-fundada pelo Conselho Episcopal Latino-Americano – CELAM, pela Vida Religiosa na América Latina – CLAR, pela Caritas da América Latina e pela Comissão para a Amazônia dos Bispos do Brasil (CNBB), em resposta ao convite da Conferência de Aparecida, n. 475:
“Criar nas Américas consciência sobre a importância da Amazônia para toda a humanidade. Estabelecer entre as Igrejas locais de diversos países sul-americanos, que estão na bacia amazônica, uma pastoral de conjunto com prioridades diferenciadas para criar um modelo de desenvolvimento que privilegie os pobres e sirva ao bem comum”.
É uma plataforma de articulação sinodal, compartilhamento de experiências e serviços para responder ao território dos nove países da Pan-Amazônia (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela). A REPAM trabalha na promoção de uma Igreja com rosto amazônico e no cuidado da casa comum, com uma visão preferencial pelos povos indígenas e comunidades vulneráveis, para que eles possam ser os sujeitos prioritários de sua história.
Desde a fundação da rede, assumi a presidência e, durante esses anos de gestão, assumimos o desafio de fortalecer a rede com um trabalho comprometido no território para ouvir as demandas e desejos dos povos e, junto com as comunidades, construir os novos caminhos.
Reconhecemos que a construção da rede a nível Pan-Amazônico é um exercício constante de escuta, diálogo, estrutura e adaptação, por isso a rede está em constante processo de consolidação, fortalecimento e articulação. Como processo em construção, a cada ano somos capazes de avaliar o caminho percorrido, identificar os principais frutos gerados e cuidar de como a rede deve e pode continuar a ser fortalecida.
Destaco que neste caminho, a REPAM foi responsável por acompanhar o processo de preparação e reflexão para o Sínodo Amazônico, que se realizou em outubro de 2019 em Roma, e que nos trouxe novos desafios. Como um dos frutos do Sínodo, e a pedido do Papa, foi criada a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), que na sua Assembleia de Fundação, realizada de 26 a 29 de junho passado, me pediu que assumisse a presidência.
Assim, após um profundo e orante processo de discernimento, e tendo em vista a dimensão do novo serviço eclesial na condução da CEAMA, tomei a decisão de concluir minhas funções na presidência da REPAM.
Neste mesmo sentido e no espírito sinodal, o Cardeal Pedro Barreto assume esta importante tarefa e serviço, sendo o vice-presidente da rede. Ele participou de todo o processo de fundação da REPAM, a partir da reunião realizada em 2013 na cidade amazônica de Puyo, Equador, onde foi proposta a criação desta Rede Eclesial Pan-Amazônica, como resposta de Deus a uma necessidade muito sentida na Pan-Amazônia.
Ao aceitar a presidência da REPAM, o Cardeal Barreto expressou que assume o desafio de “continuar trabalhando juntos, de mãos dadas, mas sabendo que a CEAMA é a expressão de uma estrutura eclesial que abre o caminho para uma renovação da Igreja. Conte comigo em tudo o que é necessário na REPAM, como complemento a CEAMA. Para aplicar as orientações do Sínodo”.
A posse do novo presidente da REPAM ocorrerá no dia 9 de novembro, durante a Assembleia da REPAM, que será realizada virtualmente.
Neste sentido, a indicação do novo vice-presidente da REPAM se realizará após um processo de consulta com as REPAM nacionais e instituições fundadoras, e seguindo os critérios e perspectivas Pan-Amazônicas.
É importante ressaltar que a REPAM está vivendo um processo de discernimento e reorganização. Um primeiro passo foi dado no dia 14 de setembro, quando o Ir. João Gutemberg Mariano Coelho Sampaio FMS assumiu a Secretaria Executiva da REPAM, e que nesse momento se está realizando o processo de transição e a transferência da sede da REPAM de Quito (Equador) para Manaus (Brasil).
“Sob a proteção de Maria, Mãe da Amazônia, venerada com vários títulos em toda a região. Por sua intercessão, pedimos que este Sínodo seja uma expressão concreta da sinodalidade, para que a vida plena que Jesus veio trazer ao mundo (Jo 10,10) chegue a todos, especialmente aos pobres, e contribua para o cuidado da Casa Comum”.
(Documento Final do Sínodo para a Amazônia, n. 120).
Cardeal Cláudio Hummes, ofm Presidente da REPAM
Texto e informações: REPAM