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A Igreja no Mundo | Secretário-geral analisa a 58ª Assembleia Geral da CNBB

Secretário-geral analisa a 58ª Assembleia Geral da CNBB

Na sexta-feira, 16 de abril, já no final do dia, após a conclusão dos trabalhos da 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (AG CNBB), o bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, Dom Joel Portella Amado falou sobre os aprendizados e legados da realização desta assembleia que foi realizada, pela primeira vez na história, no formato totalmente on-line em razão da pandemia do Coronavírus. O evento reuniu cerca de 400 pessoas, entre prelados, convidados e colaboradores, de 12 a 16 de abril, no debate e aprovação do tema central e de cerca de outros 30 temas sobre a ação evangelizadora da Igreja no Brasil.

 

Dom Joel, na entrevista, falou sobre a mensagem enviada pelo Papa Francisco ao episcopado brasileiro e ao Brasil e também sobre a mensagem que os bispos divulgaram ao povo brasileiro no final da assembleia. O secretário-geral da CNBB reforçou a importância da unidade para enfrentar a pandemia. Ele destacou o grande aprendizado desta assembleia: “O importante é, pelo menos uma vez por ano, parar e fazer assembleia. Parar e nos encontrar, até virtualmente, para ouvir o que o Senhor tem a nos dizer. Parar e ouvir, na linguagem bíblica, o que o Espírito tem a dizer à Igreja no Brasil. Eu diria que este foi o grande aprendizado, não importa tanto o modo, importa o que se faz. Parar, ouvir o Senhor, ouvir o seu Espírito e sair em missão”, concluiu.

 

 

Mensagem aO Povo de Deus

É uma tradição nas nossas assembleias fazer esta mensagem. Algumas vezes, quando a Assembleia é próxima ao 1º de maio, nos dirigimos aos trabalhadores e às trabalhadoras. É muito importante que a Assembleia entre as suas conclusões tenha essa mensagem uma vez que não somos bispos para nós mesmos. Como diz a escritura ninguém vive para si. Vivemos para o anúncio do Reino de Deus. E a mensagem desse ano não podia ser diferente. Ela tem uma linha transversal da pandemia. Não é uma mensagem só sobre a pandemia como não foi uma assembleia sobre a pandemia mas ela acabou, em inúmeros momentos, se fazendo presente neste encontro. O ponto de partida é crucial na compreensão da mensagem porque ela indica tudo aquilo que foi a vida da assembleia. Há um trecho, logo no primeiro parágrafo, que diz assim: “Expressamos nossa oração e a nossa solidariedade”. Aqui está a finalidade, o destino e a intenção da mensagem de nossa missão como bispos e da vida da Igreja no Brasil.

 

 

O desafio da unidade

Sem dúvida há um dado muito forte aqui. Em que pode ser lido até à luz da pandemia. O vírus não faz fronteiras e não pede licença. Ele vai entrando e domando. Nós só sairemos vitoriosos em relação e ele se nos unirmos. Só sairemos vitoriosos em relação às sequelas, consequências e das inúmeras pandemias decorrentes que estamos vivendo se sairmos unidos. Não podemos deixar que o vírus destrua os nossos corpos e que as divisões e polarizações destruam as nossas mentes, nossos coração e nossa alma.  A frase que o Santo Padre coloca em sua vídeo-mensagem: “A conferência episcopal deve ser una pois o povo que sofre é uno”. Todo ser humano sofre daí a importância da unidade.

 

 

O novo formato e o tempo

A CNBB realizou 57 assembleias presenciais. A CNBB tem uma expertise imensa em Assembleia presencial. Nosso Estatuto e regimento são preparadíssimos para um mundo sem pandemias e, consequentemente, uma assembleia presencial.  De repente nos deparamos com a necessidade de organizar uma assembleia virtual. Ela não foi preparada só agora. Desde 20 março do ano passado tudo que a Conferência tem feito tem ocorrido no âmbito virtual. Não há atividade presencial. Em consequência, isto foi nos trazendo alguma experiência. Mas, mesmo assim, uma assembleia com tantos dias e com tantas pessoas, uma média de 400 participando. O número maior de pessoas participando foi o encontro dos bispos em novo do ano passado que reuniu cerca de 200 bispos. Para mim a grande diferença não é lidar com os recursos tecnológicos e de informática, isto aprendemos e a área de Tecnologia da Informação, a Comunicação e as assessorias nos ajudam. A questão é saber lidar com o tempo. O tempo, no mundo virtual, toma outra dimensão. Ele é mais ágil, mais corrido, a gente tem que ser mais breve, trabalhar com muito mais imagens. Isto foi, eu diria, o grande desafio para nós. Imagine a mudança. De uma assembleia presencial em 10 dias para uma assembleia virtual em 5 dias. Foram tão bem administrados esses dias que completamos nossa agenda ao final da manhã de sexta-feira, 16 de abril, e conseguimos terminar antes do almoço. A assembleia é um somatório de quatro coisas: os bispos, assessores e colaboradores, a tecnologia e a graça de Deus que envolveu tudo e fez com que acontecesse. 

 

 

O tema geral: Pilar da Palavra

O pilar da Palavra é uma decorrência das atuais diretrizes que só têm uma prioridade: comunidades eclesiais missionárias. O encontro com Cristo me leva à uma comunidade pequena onde vínculos de amizade e relacionamento são um dado fundamental para a experiência de fé. Mas não basta o laço humano. Ele precisa ser iluminado e é aí que entra a Palavra de Deus. Entram os pilares que dão sustentação à essa casa imagem das comunidades eclesiais missionárias. A Igreja no Brasil tem uma história rica de documentos que junto com os documentos dos papas expressam a importância da Palavra de Deus. A peculiaridade do tema central deste ano: “Animação da Palavra e animação bíblica da Pastoral” exatamente responde à pergunta de como. Como fazer para que a Palavra de Deus chegue ainda mais às pessoas, às comunidades, às celebrações, reuniões de grupo, aos movimentos e associações? Este foi um tema profundamente pastoral e prático. Como não era uma assembleia presencial e não temos uma legislação que preveja todo um processo muito participativo de votação em modo virtual, não tivemos condições de aprovar o texto do tema central como documento, o nível mais alto de publicações da Conferência. O aprovamos no segundo nível de estudos, o que tem uma vantagem. Agora o texto será publicado e distribuídos às comunidades, aos bispos. Estudando este documento ainda poderá ser muito mais enriquecido do que já foi nestes dois anos em que foi preparado.

 

 

Legados da 58º AG CNBB

Depois da Assembleia num momento à tarde fui rezar um pouquinho. Veio à minha mente uma foto que tem numa sala do segundo andar do Palácio São Joaquim, a residência arquiepiscopal no Rio de Janeiro, onde a CNBB nasceu. Na foto, só os arcebispos e um grupo pequeno em torno a uma mesa. A partir daquela imagem eu comecei a lembrar das assembleias em Itaici (SP), depois em Brasília (DF), nos Congressos Eucarísticos, das assembleias no Centro de Convenções em Aparecida (SP) e essa virtual. Quer na sala no  São Joaquim, quer em Itaici, quer em Aparecida ou mesmo no formato virtual, como fizemos este ano, e não sabemos como vai ser no futuro, o importante é isto: nós estamos reunidos, nos unimos em meio às nossas diferenças, diversidades, com cada um vindo de um canto, de um ponto, de uma história. Mas nós nos reunimos e nos unimos. Esse foi o grande aprendizado desta assembleia. O importante é, pelo menos uma vez por ano, parar e fazer assembleia. Parar, nos encontrar, até virtualmente, para ouvir o que o Senhor tem a nos dizer. Parar e ouvir, na linguagem bíblica, o que o Espírito tem a dizer à Igreja no Brasil. Eu diria que este foi o grande aprendizado não importa tanto o modo, importa o que se faz. Parar ouvir o Senhor, ouvir o seu Espírito e sair em missão.

 

 

 

Texto e informações: CNBB