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A Igreja no Mundo | Sínodo dos Bispos

Sínodo dos Bispos

O Sínodo dos Bispos, no Vaticano — a ser realizado entre 4 quatro e 29 de outubro —, terá a participação de 12 brasileiros, a lista inclui duas leigas, três padres, sete representantes do episcopado, sendo três deles cardeais.

 

O Papa Francisco iniciou o caminho sinodal em outubro de 2021, com duração de três anos. O itinerário, que contempla escuta, discernimento, consulta, foi estruturado em três fases: a diocesana (uma ampla consulta a partir das Igrejas locais), a continental (com realização de Conselhos Episcopais por continente, que resultou no envio das sínteses que serviram de base para a elaboração do Instrumentum Laboris) e a universal (com bispos, religiosos e leigos, reunidos em Roma para refletir realidades da Igreja no mundo), com duas sessões, a primeira, este mês de outubro, e a segunda, em 2024. 

 

“À medida que se aproxima a Assembleia Sinodal, crescem os sentimentos de louvor a Deus, de gratidão e de esperança. Louvor a Deus pelo caminho percorrido até aqui. Gratidão ao querido Papa Francisco e a todos os que têm se dedicado tanto para a realização do sínodo”, afirmou Dom Sérgio da Rocha, cardeal arcebispo de Salvador e membro do Conselho da Secretaria do Sínodo dos Bispos. “Tenho visto a dedicação incansável dos irmãos e irmãs que estão trabalhando na realização do Sínodo, prestando esse serviço tão bonito à Igreja com tanta generosidade”, exclamou.

 

O cardeal ainda falou da esperança, entre os sentimentos que ele leva para a Assembleia Sinodal. “Esperança nos frutos do Sínodo na vida da Igreja. Esperança que vem da certeza da presença do Espírito Santo nos conduzindo no discernimento dos passos a serem dados. Esperança de ver crescer, fortalecer na Igreja a comunhão, a participação e a missão, passos que temos procurado dar no caminho sinodal, unidos ao Papa Francisco”, afirmou.

 

Ao falar das suas expectativas para a participação no Sínodo, o bispo da Diocese de Camaçari, na Bahia, Dom Dirceu de Oliveira Medeiros, considera um privilégio e uma grande responsabilidade ter sido eleito como um dos representantes do Episcopado brasileiro na Assembleia. “Participar de um Sínodo dos bispos é, antes de tudo, contemplar a grande riqueza da Igreja. Pensemos aí na multiplicidade das línguas, das culturas e todos unidos, então, sob Pedro, em uma só fé, em comunhão com o Papa”, disse ele.

 

O bispo entende que para participar de um Sínodo é necessário se colocar em uma atitude do Espírito Santo e acredita que esse é o caminho apontado pelo Sumo Pontífice. “Quando ele nos convida, por exemplo, a iniciar a primeira sessão do Sínodo, com uma vigília de oração, quando ele, por exemplo, acrescenta um retiro espiritual em preparação para as atividades, os trabalhos, ele está claramente sinalizando para nós o aspecto pneumatológico e espiritual do Sínodo. Em outras palavras, está dizendo então para nós que o Espírito de Deus, que vem em socorro da nossa fraqueza, é o grande protagonista nesse caminho sinodal”, pontuou.

 

 

Participações inéditas

O Sínodo sobre a sinodalidade contará com a novidade da participação de especialistas que, apesar de não terem direto a voto, auxiliarão como facilitadores aos membros da Assembleia. É o caso do padre jesuíta Miguel de Oliveira Martins Filho. “Eu vou estar lá como um servo, um servidor do Sínodo, ajudando, facilitando na metodologia da conversação espiritual ou do diálogo no espírito”, explicou.

 

Pe. Miguel revela que ficou feliz com a ampliação dos convidados para o Sínodo que, além dos bispos, terá a participação de religiosos e leigos. “A minha expectativa é que a gente de fato possa escutar o que Deus está querendo de nós”, contou. “Bispos, leigos, leigas, homens, mulheres, nos mais diversos estados de vida na Igreja, que nós nos deixemos impelir pelo Espírito como batizados como homens e mulheres que queremos, de fato, responder ao que Deus quer de nós como discípulos e discípulas de Jesus. Então, para mim, essa centralidade na pessoa de Jesus é fundamental no Sínodo”, completou o sacerdote

 

Das 42 mulheres que, pela primeira vez, comporão uma Assembleia Sinodal, duas serão brasileiras. São elas: a assessora nacional da Caritas Brasileira, Maria dos Anjos da Conceição, e a presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), Sônia Gomes de Oliveira. Ser parte de um momento histórico na Igreja é um misto de alegria e responsabilidade para Maria Cristina, mas, como revelou, a sua maior expectativa é a de poder contribuir com o Sínodo a partir desse lugar que ocupa na sociedade e na Igreja.  “Eu entendo que eu participo desse Sínodo a partir dessa minha própria identidade como mulher, mulher negra, como leiga, que está nesta Igreja a partir da dimensão social e toda a evangelização”, explicou.

 

A assessora da Caritas entende bem o papel de representatividade que terá durante o Sínodo e pretende levar as experiências de trabalhos vividas nos mais diversos organismos da Igreja, com a Caritas, as pastorais sociais e Comissão de Mulheres, por exemplo. “Então, todas as reflexões que a gente vai fazendo nesses espaços são reflexões que me fazem levar comigo tantos clamores que a gente escuta, compartilha a partir desses lugares”, disse.

 

Ao falar sobre a expectativa para o Sínodo, Sônia destaca a responsabilidade de ser porta-voz das escutas que fez nas fases preparatórias da caminhada sinodal. “Que possamos, durante a Assembleia, ser portadores desses ecos ou fazer ecoar esses gritos que saíram aqui, essas respostas que vieram, e acho que é um pouco isso que eu carrego, de uma esperança muito grande para a Igreja do Mundo e, mais ainda, que a gente possa viver um testemunho de Jesus Cristo que dialoga, que escuta, que é presença no meio daqueles e daquelas que mais precisam”, afirmou.

 

 

Caminhada de preparação

Os brasileiros que estão na Assembleia já vêm de um processo de engajamento desde o início do caminho sinodal, mas à medida em que se aproxima a Assembleia, o empenho torna-se ainda maior. A presidente da CNLB contou que tem revisto todo o material que foi construído antes das escutas, além do Instrumentum Labores, materiais sobre sinodalidade e documentos da Igreja. Agora é hora de ir ao encontro e vivenciar essa experiência bonita que o Papa Francisco está nos convocando a partir da Igreja de Jesus Cristo”, esclarece Sônia.

 

Assim como Sônia, o jesuíta Pe. Miguel tem se apropriado do documento-base para a Assembleia, mas também intensificado a oração. “Eu tenho rezado muito sobre o Sínodo, sobre esse material (Instrumentum Labores), que é muito rico”, disse. “O Instrumento Labores é uma espécie de roteiro, podemos dizer assim, com perguntas. Recolhe a reflexão feita e propõe ao Sínodo que reflita a partir dessas perguntas”, analisou.

 

Além da espiritualidade, relembrar o caminho percorrido nas fases anteriores à Assembleia faz parte da preparação de dom Dirceu Medeiros. “Eu me preparo por meio da oração, da espiritualidade e, também, claro, revisitando cada etapa esse processo que se inaugurou. O Sínodo não quer ser um evento que tem dia e hora para acabar, mas quer ser um processo que se abre e que quer impregnar a Igreja inteira”, explica o bispo.

 

Maria Cristina dos Anjos revela que a escuta cuidadosa é um diferencial para que possa cumprir bem a sua missão no Sínodo, pois possibilita ampliar o olhar para além da sua compreensão e da sua própria cultura. “Eu espero mesmo conseguir me colocar nesse Sínodo de corpo e alma e, de fato, vivenciar essa oportunidade, esse momento que acredito que será muito rico, muito profundo e nos colocar como pessoas que, numa diversidade imensa, buscam construir unidade, comunhão. No sentido de construir uma Igreja que possa estar aberta a todas a pessoas e não perder de vista as pessoas empobrecidas, excluídas e marginalizadas”, afirmou.

 

Para o cardeal arcebispo Dom Sérgio da Rocha, a preparação, marcada sobretudo pela oração e pela comunhão eclesial, faz parte desse caminho sinodal. “É o próprio Papa Francisco que tem nos convidado a rezar pelo Sínodo e a caminhar juntos. Nesses dias em que se aproxima a primeira sessão da Assembleia do Sínodo, com mais razão ainda, tenho procurado rezar e refletir, sobretudo com a ajuda do instrumento de trabalho que irá orientar os nossos trabalhos na Assembleia”, revelou. Assim como os demais participantes, ele tem convicção de que contará com a comunhão e oração dos católicos brasileiros. “Tenho insistido muito na oração de todos pelo Sínodo. Trago comigo a oração desta porção querida do povo de Deus, que está em Salvador, que está na Bahia, que está no Brasil”, concluiu o cardeal.

 

Confira a lista dos participantes brasileiros na XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo

 

1. Eleitos pela 60ª Assembleia Geral da CNBB

– Dom Joel Portella Amado, bispo-auxiliar de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

– Dom Pedro Carlos Cipollini, bispo de Santo André (SP)

– Cardeal Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus (AM)

– Dom Dirceu de Oliveira Medeiros, bispo de Camaçari (BA)

 

2. CELAM

– Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da CNBB e do Celam

 

3. Testemunhas do processo sinodal – participantes da Assembleia Continental

– Maria Cristina dos Anjos da Conceição – Cáritas Brasileira

– Sônia Gomes de Oliveira – presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB)

 

4. Membro do Conselho Ordinário da Secretaria Geral do Sínodo

– Cardeal Sergio da Rocha, arcebispo de São Salvador da Bahia (BA)

 

5. Chefes de dicastérios da Cúria Romana

– Cardeal João Braz de Aviz, prefeito do dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedade de Vida Apostólica

 

6. Peritos

– Pe. Adelson Araújo dos Santos

– Pe. Agenor Brighenti

– Pe. Miguel Martin

 

 

Texto: Vatican News

Foto: copyrigth@ Vatican Media