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A Igreja no Mundo | 61ª AG: Inteligência Artificial

61ª AG: Inteligência Artificial

Após um dia de descanso das sessões de trabalho, a 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), retoma as reflexões com o tema da Inteligência Artificial na segunda-feira, 15 de abril. O evento segue até o dia 19 deste mês. A apresentação foi feita pelo presidente da Sociedade Brasileira de Cientistas Católicos (SBCC), doutor Everthon de Souza Oliveira, e pelo secretário do Instituto Nacional de Pastoral Pe. Alberto Antoniazzi (Inapaz) da CNBB e sócio-fundador da SBCC, Pe. Danilo Pinto dos Santos.

 

A temática adquire relevância para o atual contexto, uma vez que as inteligências artificiais (IAs) configuram-se como um paradigma tecnológico em desenvolvimento, com potencial para gerar mudanças socioculturais significativas.

 

 

Desenvolvimento com ética

O professor Everthon explicou brevemente o desenvolvimento da IA e a sua capacidade de gerar conteúdos sem a intervenção humana. “A Inteligência artificial é capaz de executar múltiplas tarefas de forma autônoma e coordenada, adaptando-se a diferentes cenários e contextos em tempo real”, destacou.

 

Conforme abordou o especialista, o algoritmo vai construindo algo com sentido e contexto, resultando em uma pseudosemântica da máquina, com a construção de conceitos próprios, interpretando autonomamente a realidade de modo oculto aos operadores da ferramenta.

 

Everthon alertou que há possibilidades de cognição equivalente ou maior que a humana e questiona se a IA será capaz de nos desumanizar. “O risco que a gente corre agora é de não haver a formação moral, a base ética, num potencial tão grande que está distribuído”.

 

Alguns dos pontos de atenção destacados pelo presidente dos cientistas católicos é a necessidade de uma regulação orientadora que não limite o desenvolvimento, mas que coloque os limites éticos em todas as etapas, desde o desenvolvimento até a comercialização. Outra necessidade no processo de evolução das Ias é a transparência na coleta de dados, na informação e na computação.

 

 

Perspectiva pastoral

Padre Danilo Pinto contribuiu na reflexão abordando as questões pastorais. Evocando a mitologia grega, o sacerdote questionou os limites da técnica recorrendo à tragédia do Prometeu Acorrentado. “É permitido para nós fazer o fogo?”

 

O texto de apoio apresentado aos bispos, aborda, a partir da categoria do regime da informação apresentada pelo filósofo Byung-Chul Han, o impacto das inteligências artificiais em âmbitos pastorais específicos, a partir de alterações no ethos religioso católico.

 

A personalização da experiência social foi um dos destaques feitos pelo secretário do Inapaz. “Quanto mais geramos dados, mais são consolidadas as informações acerca dos gostos e experiências pessoais sobre nós. A lógica algorítmica exclui o outro, fragmenta a percepção da realidade, determinando decisivamente processos pastorais.”

 

Realidades como as bolhas de informação, radicalização das ideias, polarização e desinformação também foram apresentadas como alertas para a realidade cada vez mais avançada da IA.

 

Na conclusão, o professor Everthon afirmou que a IA vai permear nossos âmbitos cada vez mais, inclusive o pastoral. “É a possibilidade termos uma pastoral mais inteligente, mas não corrermos o risco de ter uma evangelização artificial.”

 

 

Comunhão e partilha

Ao fim da sessão, um tempo foi reservado para os informes da Comissão Episcopal para a Comunhão e Partilha, projeto que contribui com a formação de seminaristas nas dioceses mais pobres do país.

 

A apresentação do relato foi feita pelo bispo de Primavera do Leste – Paranatinga (MT) e presidente da Comissão, dom João Aparecido Bergamasco (no meio na foto), pelo bispo de Formosa (GO), dom Adair José Guimarães e pelo bispo de São José dos Campos (SP), dom José Walmor Cesar Teixeira.

 

Em 2023, foram atendidos 323 seminaristas de 42 dioceses em 2023, com total mensal de R$ 381.096,25 por mês. O valor é obtido por meio da oferta de 1% da renda ordinária fixa por parte de todas as arquidioceses, dioceses e prelazias do Brasil. O projeto assumido pelo episcopado em Assembleia prevê reajuste de 20% no percentual de arrecadação em 2024.

 

Ao final da exposição, o bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers agradeceu a Dom Cesar que desde o início participa da comissão, seja como presidente ou membro, e está deixando a função nesta assembleia. O prelado classificou sua participação como trabalho evangélico e de testemunho.

 

 

Texto e foto: CNBB