A Deficiência Intelectual, segundo a Associação Americana sobre Deficiência Intelectual do Desenvolvimento, caracteriza-se por um funcionamento intelectual inferior à média (QI). No dia a dia, isso significa que a pessoa com Deficiência Intelectual tem dificuldade para aprender, entender e realizar atividades comuns para as outras pessoas. Muitas vezes, essa pessoa se comporta como se tivesse menos idade do que realmente tem.
A deficiência múltipla é a ocorrência de duas ou mais deficiências simultaneamente - sejam deficiências intelectuais, físicas ou ambas combinadas. Não existem estudos que comprovem quais são as mais recorrentes.
Direitos e benefícios
A pessoa com Deficiência Intelectual tem os mesmos direitos que todos os outros cidadãos, assegurados pela Constituição Federal do nosso país: direito à vida, liberdade, igualdade, não discriminação, segurança, propriedade, educação, saúde, trabalho, moradia, lazer, previdência e assistência social, entre outros.
É dever de a família estimular e uma obrigação das instituições especializadas capacitarem a pessoa com deficiência, objetivando sua inclusão, onde terá direito a todos os benefícios assegurados aos demais trabalhadores e estudantes.
Necessitamos de uma Igreja mais inclusiva e acolhedora
Ao longo da história, têm ocorrido avanços na participação de pessoas com deficiência no processo de sensibilização e conscientização em favor de uma Igreja mais inclusiva e acolhedora.
No Estado de São Paulo há um grupo de pessoas desde 1999 começou a sonhar em fazer com que a Igreja se tornasse mais acolhedora e assim respondesse as necessidades destes seus filhos com deficiência, sendo assim a aspiração e reivindicação dos grupos e organizações católicas proporam a Campanha da Fraternidade de 2006, cujo tema foi: "levanta-te e vem para o meio" (Marcos, 3, 3)”. Já aconteceram também 5 seminários onde os temas e lemas proclamaram a pessoa com deficiência em diversas situações necessidades.
No campo da Catequética a Catequese junto à pessoa com deficiência se destaca a presença da Igreja através de seus principais documentos catequéticos.
A “Catechesi Tradendae” (1971) nº 41 nos relata: “Trata-se antes de tudo, das crianças e dos jovens deficientes físicos ou mentais. Eles têm o direito, como os outros seus coetâneos, de conhecer o “mistério da fé”...
O “Diretório Geral para a Catequese” no nº 189 diz que: “toda a comunidade cristã considera como pessoas prediletas do Senhor aquelas que, particularmente entre as crianças, sofrem de qualquer tipo de deficiência física e mental e de outras formas de dificuldades... Para que isso não ocorra, é preciso que a comunidade seja constantemente advertida e envolvida. As peculiares exigências desta catequese requerem, dos catequistas, uma específica competência e tornam ainda mais louvável o serviço dos mesmos”.
No Brasil, a CNBB se pronunciou através do Documento nº 26, “Catequese Renovada” (1983), o qual aponta no número 142: “A presença de deficientes físicos ou mentais numa família e comunidade eclesial as interpela evangelicamente e exige delas uma real identificação com o Cristo sofredor nesses seus irmãos mais fracos...
Esses documentos procuram orientar os trabalhos pastorais, apontando para suas necessidades e apontando para a necessidade de colocar a disposição “os recursos necessários” a fim de realizar o processo catequético, como também, que sejam criadas condições para que essa parcela da população possa participar da vida em comunidade.
O Diretório Geral para a Catequese (1995), é interessante perceber que este documento aponta que a catequese é um “direito” de todo o ser humano, e não fruto da deliberação do responsável pela comunidade local.
Também deve ser superada a associação automática da pessoa com deficiência a imagem do Cristo Sofredor, temos muitas pessoas com deficiências que são felizes, e que o fato de terem nascido ou adquirido ao longo de sua vida uma determinada deficiência, não lhes tirou tal felicidade, não podemos deixar de associá-las ao Cristo Ressuscitado, ao Bom Pastor e outras imagens Cristológicas comumente utilizadas.
Particularmente a partir do século XX em seus documentos catequéticos, a Igreja vê a necessidade de lhes dar a devida atenção e fazer esforços para superar todo tipo de discriminação. Nas comunidades, muitas pessoas se sentem chamadas para o trabalho junto às pessoas com deficiência; há inclusive catequistas e agentes de pastoral com algum tipo de deficiência (DNC nº 202).
O Relatório Mundial de Deficiência publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no ano de 2011 indica que mais de um bilhão de pessoas apresenta algum tipo de deficiência, configurando 15% (quinze por cento) da população mundial. No Brasil, o Censo Demográfico 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) eleva este percentual para a casa de 23,9% (vinte e três inteiros e nove décimos por cento), totalizando 45.606.048 (quarenta e cinco milhões, seiscentos e seis mil e quarenta e oito) pessoas assim declarantes.
A catequese junto à pessoa com deficiência tem uma caminhada longa dentro da vida da Igreja em valorizar a dignidade humana. Com seus seminários, campanhas, atividades: regionais, diocesanas, paroquiais. Destacamos os Seminários e a Campanha da Fraternidade, visando atender as pessoas com deficiência e termos nestes eventos a oportunidade de conhecermos a realidade da vida da pessoa com deficiência com as suas superações, vencendo os preconceitos e os estigmas de nossa sociedade, e a Igreja tentando acolher a todos proporcionando informação e formação.
Limeira, 20 de agosto de 2015.
Vanilda Silveira e
Dom Vilson Dias de Oliveira, DC