Sete mil fiéis estavam no Clube Náutico de Mogi das Cruzes, esperando o início da cerimônia de posse do novo Bispo Dom Pedro Luiz Stringhini. Muita gente circulava nos corredores, entre elas, as equipes da recepção, da liturgia, da pastoral de música, da acolhida se posicionavam em seus lugares. O tempo futuro da Diocese era um tempo de esperança. Um futuro que incluía a incansável missão do novo Bispo, desafiadora com toda certeza. Havia grande expectativa para conhecer Dom Pedro Luiz. Sabíamos que era um Bispo comprometido com as causas sociais, ambientais e humanitárias, e que estava com muito ânimo para a nova jornada.
Dom Pedro Luiz tinha recebido do Papa, a transferência da Diocese de Franca para a de Mogi das Cruzes. Ele deixou Franca com grande dor e grande amor. Estavam presentes na cerimônia de posse, bispos, padres, diáconos, seminaristas, religiosos, autoridades civis, imprensa, amigos e familiares. No início da celebração Eucarística, Dom Pedro Luiz recebeu o báculo (como símbolo do Bom Pastor) que dom Airton José dos Santos, transferido para a Arquidiocese de Campinas e atualmente como Arcebispo da Arquidiocese de Mariana, passava para o novo Bispo que estaria à frente dos 10 municípios da Região do Alto Tietê.
Um fato que ficou marcado na minha memória, tem a ver com a homenagem, no final da cerimônia, de uma criança, de nome Gabriele, que levou Dom Pedro Luiz a se emocionar. Uma criancinha de Franca, com a beleza das pequenas criaturas inocentes que nunca pecaram, ofereceu a Dom Pedro Luiz uma lembrancinha e recebeu um abraço apertado, afetuoso e sincero. Vimos Dom Pedro Luiz muito emocionado, com os olhos banhados de lágrimas. O recém-empossado novo Bispo teria desejado, por estar diante da realeza tão pura de uma criancinha que o seu abraço durasse uma eternidade, mas foi apenas um segundo de eternidade. Ouvimos o sussurrar de algumas palavras entre Dom Pedro Luiz e a fadinha que parecia estar coroando rei o seu antigo Pastor de Franca, cuja realeza, de apenas um momento, logo se perdeu. Esta cena surpreendeu a todos. Algumas lágrimas de Dom Pedro Luiz pareciam ser a única resposta adequada diante da tamanha grandeza miúda de uma criança.
Saindo do Clube Náutico, pensei que não foi por acaso que Dom Pedro Luiz deixou escorrer pequenas lágrimas no momento que a emoção tomou conta dele. É como se aquelas lágrimas tivessem algo a transmitir. Primeiro, para nos ensinar sobre a majestade dos pequenos gestos que tocam o coração e sobre a realeza de uma criancinha que simplesmente levou todos nós a mergulharmos num sentimento de maravilha.
Não sei se Dom Pedro Luiz se deparou de novo com a realeza daquela menina, mas penso que no decorrer de 8 anos que já se passaram não esqueceu o seu rostinho sereno e bonito por fora e por dentro. “Claro que me lembro, a lembrança dela fica para sempre”. No entanto, não sabemos se o coração de Gabriele, hoje com mais ou menos 18 anos, ficou marcado para sempre e tentar adivinhar de seus olhos suavemente sorridentes, se ela ainda se lembra desse momento que invadiu de emoção a alma de Dom Pedro Luiz e de todos os presentes. Lhe desejamos que continue a protagonizar outros momentos em sua vida, sei lá, como artista e cantora, como serva do Altíssimo, se colocando ao Seu dispor de forma gratuita e incondicional.
Pe. Carmine Mosca
Administrador paroquial da Paróquia São Sebastião (Mogi das Cruzes)