SEMANA NACIONAL DA FAMILIA - 2024
FAMILIA E AMIZADE
Dos dias 11 a 17 de agosto de 2024, a Igreja no Brasil celebra a Semana Nacional da Família. Ocasião especial para refletir, fortalecer e renovar os laços familiares à luz da fé cristã. O tema deste ano, “Família e Amizade”, e o lema “Amizade, uma forma de vida com sabor do Evangelho”, estão em sintonia com a Campanha da Fraternidade de 2024 que se realizou durante a Quaresma deste ano.
Em nossa Diocese de Mogi das Cruzes, o setor família, organiza em conjunto com a Coordenação Nacional do Setor Família, diversas atividades que se realizam nas Paróquias e Comunidades das 10 cidades do Alto Tietê que compõe a Diocese de Mogi das Cruzes.
No município de Mogi das Cruzes, na Câmara Municipal, se realiza uma sessão solene como Momento de Valorização da Família, que desde o ano de 2015 foi oficializado mediante o Decreto Legislativo nº 54 /15.
A família é, sempre foi e continuará sendo o núcleo fundamental da sociedade, onde os valores e princípios são transmitidos de geração em geração. É no seio da família que aprendemos o significado do amor, do respeito, da solidariedade e da fé. No entanto, em um mundo cada vez mais globalizado e digitalizado, as relações familiares e de amizade muitas vezes se deterioram por uma série de fatores, como a falta de tempo, o estresse cotidiano e a influência das redes sociais.
Por esta razão, o tema “Família e Amizade” chama a atenção para a necessidade e a importância de se cultivar relações saudáveis e genuínas dentro e fora do ambiente familiar. A amizade, vista como uma forma de vida com sabor do Evangelho, é um convite a viver o mandamento do amor de maneira concreta. O lema “Amizade, uma forma de vida com sabor do Evangelho” recorda as palavras de Jesus: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (João 15,13). A verdadeira amizade, conforme ensinada por Cristo, é aquela que é caracterizada pelo amor abnegado, pela confiança mútua, pelo apoio nos momentos difíceis e pela alegria compartilhada nas conquistas.
Será sempre oportuno recordar que a família é muito mais do que um simples agrupamento de pessoas unidas de qualquer jeito e vivendo juntas numa mesma casa. Família é muito mais do que isso, ela é a célula mãe da humanidade. Quando Deus quis que a humanidade existisse, projetou-a baseada na família, por isso ela é sagrada. É de instituição Divina. Não foi um Papa, um Bispo ou um Cardeal que a instituiu, mas o próprio Deus, para que ela fosse o berço e o escudo de proteção da vida humana na Terra.
O Papa São João Paulo II, na Carta às Famílias, chamou a família de Santuário da vida (FC 11). Santuário quer dizer “lugar sagrado”. É ali que a vida humana surge como de uma nascente sagrada e é cultivada e formada.
É missão sagrada da família guardar, revelar e comunicar ao mundo o amor e a vida.
O Catecismo da Igreja Católica ao falar da família no plano de Deus, diz que ela é “vestígio e imagem da comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Sua atividade procriadora e educadora é o reflexo da obra criadora do Pai” (CIC §2205).
O Papa Bento XVI durante a Missa de encerramento do VII Encontro Mundial das Famílias, no Parque Bresso de Milão no ano de 2012, entre outras coisas pediu às famílias que recordem que, apesar das dificuldades que enfrenta a vocação matrimonial nestes tempos, o amor é “a única força que pode verdadeiramente transformar o mundo” e ainda que “É preciso educar-se para crer, em primeiro lugar na família, no amor autêntico: o amor que vem de Deus e nos une a Ele e, por isso mesmo, «nos transforma em um Nós, que supera as nossas divisões e nos faz ser um só, até que, no fim, Deus seja "tudo em todos" (1 Cor 15, 28)»”.
O Papa Francisco, por sua vez afirma que “a família é um ‘centro de amor‘, onde reina a lei do respeito e da comunhão, capaz de resistir aos ataques da manipulação e da dominação dos ‘centros de poder’ mundanos. Segundo o Papa Francisco a família é o refúgio dos seus membros: “Na casa familiar, a pessoa se integra natural e harmonicamente em um grupo humano, superando a falsa oposição entre indivíduo e sociedade. No seio da família, ninguém é descartado: tanto o idoso como a criança são benvindos. A cultura do encontro e o diálogo, a abertura à solidariedade e à transcendência têm nela o seu berço”.
Não será demais recordar que se destruirmos a família, estaremos destruindo a Igreja e a sociedade pois, o futuro da sociedade e da Igreja passam inexoravelmente pela família. É na família que os filhos e os pais devem ser felizes. Quem não experimentou o amor no seio do lar terá dificuldade para conhecê-lo fora dele. Os psicólogos mostram quantos problemas surgem com as pessoas que não experimentaram o amor do pai, da mãe e dos irmãos. Fruto de uma perversa permissividade moral e do relativismo religioso de nosso tempo, é enorme a porcentagem de famílias destruídas e de “pseudofamílias”, gerando toda sorte de sofrimentos para os filhos. Muitos crescem sem o calor amoroso do pai e da mãe, carregando consigo essa carência afetiva que se desdobra em tantos problemas e frustrações.
Eis porque a relevância deste tema, Família e Amizade. Muito mais do que um simples grupo de pessoas, unidas de qualquer forma e vivendo juntas, a família, o berço da humanidade segundo o desejo de Deus, é o fruto da união de um homem e de uma mulher, unidos pelo sacramento do matrimônio e pelo amor para sempre.
Vivendo a fidelidade, a indissolubilidade, a amizade, a mutua doação de si mesmos, no dar-se e receber-se cotidianamente e gerando os filhos de Deus, como frutos deste amor, os esposos cumprem sua missão que na Familiaris Consortio é definida como a de “guardar, revelar e comunicar o amor'” ( FC 17).
Para concluir, recordo o que disse o Papa Francisco na mensagem aos participantes do 1º Congresso Latino-Americano de Pastoral Familiar, realizado de 4 a 9 de agosto, no Panamá em 2014. O evento, intitulado "Família e desenvolvimento social para a vida plena" foi organizado pelo departamento Família, Vida e Juventude, do CELAM.
Dizia o Papa : “Conscientes de que o amor familiar enobrece tudo o que o homem faz, dando-lhe um valor agregado, é importante incentivar as famílias a cultivarem relações sadias entre seus membros, como dizer uns aos outros “perdão”, obrigada”, “por favor”, e a se dirigir a Deus com o belo nome de Pai”.
Aproveitemos bem esta semana da Família para renovar nossos compromissos familiares e de amizade, e que, inspirados pelo Evangelho, possamos construir uma sociedade mais justa, amorosa e fraterna.
Mons. Antônio Robson Gonçalves – 14/08/2024.