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Nossa Diocese | Reflexões sobre a Campanha da Fraternidade 2015

Reflexões sobre a Campanha da Fraternidade 2015

“Ninguém pode nos exigir que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida da sociedade, sem nos preocuparmos com a saúde das Instituições, da sociedade civil, sem nos pronunciarmos sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos”. Assim afirma Papa Francisco na Exortação Apostólica: “A Alegria do Evangelho”.

 

As Igrejas não se posicionam diante da sociedade como meras espectadoras, mas defendem os valores próprios de uma vida condizente com a dignidade do ser humano. Mais ainda, conscientizam o povo a se sentir constitucionalmente, o soberano detentor do poder de governar e também participar da vida política, decidir, fiscalizar e exercer o controle social sobre as Administrações: municipais, estaduais e federal. Se todo o povo deve ser politizado, compete especialmente aos políticos e governantes que se dizem cristãos ou de qualquer outra crença, levar adiante uma administração correta, transparente, honesta e justa, contribuindo com o próprio serviço e com testemunho, a ser fermento e luz nos areópagos políticos e administrativos. Ao mesmo tempo, a religião e a Igreja não devem ser usadas como pretexto ideológico e interesseiro para alcançarem objetivos que não condizem com o bem comum, como o poder, a exploração, o suborno, a extorsão e a corrupção. Contra este tipo de política se posiciona a Campanha da Fraternidade, iniciada na 4ª feira de Cinzas e promovida pela Igreja Católica, com o tema: Igreja e Sociedade e o lema: “Eu vim para servir” (Mc 10,45). Os verdadeiros cristãos seguem pelo caminho traçado por Cristo, que veio para servir e não para ser servido. Esta é a proposta para todas as pessoas que exercem alguma responsabilidade, no âmbito da família, da Igreja e da sociedade.

 

A Igreja não existe por si mesma, mas foi constituída para levar a toda sociedade o projeto de vida anunciado por Cristo e condizente com a realidade humana, social e divina. Isso custou a vida a Cristo e a muitos de seus seguidores, membros das primeiras comunidades ou testemunhas da verdade nos dias de hoje. Eles são os mártires que serviram à causa do Evangelho ou foram  rejeitados pela sociedade e pelo poder público. A Igreja, que nasceu como uma comunidade movida pelo Espírito, foi se expandindo desde o começo pela força do Espírito, que nunca deixou de dar assistência à caminhada do povo de Deus. Mesmo quando parecia que em certas épocas, fosse o Estado que protegia e assistia a Igreja, tornando a religião cristã constitucionalmente obrigatória. Hoje, os governos democráticos se baseiam sobre o princípio da laicidade e suas Constituições garantem a liberdade religiosa, de maneira tal, que seus cidadãos podem escolher sua crença e viver conforme os princípios da própria religião. O que os governos democráticos não podem fazer, é combater e derrubar os princípios morais que defendem a vida e ferem a dignidade do ser humano, como por exemplo, o aborto e a eutanásia. A vida é um dom sagrado, sobre a qual as mulheres, os médicos e os governantes não podem ser juízes da vida ou da morte de alguém. 

 

Repugnante é a pena de morte que está presente na legislação de diversos países. A fé cristã e qualquer outra crença, adotadas e praticadas sem fanatismo e radicalismo religioso, oferecem à sociedade princípios de fraternidade, de justiça e de respeito à dignidade do ser humano que enobrecem, sustentam  a vida e a convivência social, favorecem o bem estar de todas as pessoas e fazem brotar um mundo novo.

 

Pe. Carmine Mosca, FdD

Administrador paroquial da Paróquia São Sebastião, em Mogi das Cruzes