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Nossa Diocese | 8 de Março - A Boa Nova das Mulheres

8 de Março - A Boa Nova das Mulheres

Na Bíblia existem muitos textos que revelam situações tanto de marginalização como de valorização e resistência das mulheres, também, no tempo de Jesus percebemos esta dupla realidade.

 

No tempo de Jesus, a lei da pureza contribuiu muito para a marginalização das mulheres. Esta lei era muito antiga, vinha desde o tempo de Esdras e Neemias. Segundo a lei, “quem toca na mulher menstruada deve purificar-se” (Lv 15,19-30). Depois do parto, se for menino traz 40 dias de impureza (Lv 12,2-4); mas se for menina, 80 dias! (Lv 12,5). A relação sexual torna a mulher impura durante um dia (Lv 15, 18). E não havia meio para uma mulher manter sua impureza em segredo, pois a lei obrigava as outras pessoas a denunciá-la (Lv 5,1-6). Esta legislação fez nascer a mentalidade de que a mulher era inferior ao homem. (Eclo 42,9-11; 22, 3). A marginalização chegou ao ponto de considerar a mulher como perigo, como a causa de todos os males (Eclo 42,13-14; 25,13; 25,24).

 

Nos Evangelhos, as comunidades de Jesus relatam a existência de um grande esforço de superação e inclusão das mulheres. Como o caso da mulher considerada impura por causa do fluxo de sangue. Ela se enfia na multidão e toca em Jesus. A doutrina dizia: “Se eu tocar nele, ele ficará impuro!”. Mas ela dizia: “Se eu tocar nele, ficarei curada!” (Mc 5,28). Ela é acolhida sem censura e curada (Mc 5,25-34). Outro caso é o da mulher estrangeira de Tiro e Sidônia que não aceita a sua exclusão e sabe argumentar a ponto de conseguir mudar a opinião de Jesus e ser atendida por ele (Mc 7, 24-30).  

 

A comunidade de Lucas lembra da mulher encurvada que não se importa com os gritos do dirigente da sinagoga. Ela busca a cura, mesmo em dia de sábado e Jesus a defende contra o dirigente da sinagoga (Lc 13,10-17).

 

Muito importante é o Magnificat. Através deste canto, a comunidade de Lucas recorda as promessas que Deus fez ao seu povo. O povo que era considerado impuro é apontado como o povo preferido de Deus (Lc 2, 31-41). Maria canta que Deus eleva os humildes e despede os ricos de mão vazias.

 

Já no Evangelho de João, Nossa Senhora desobedece Jesus e o desafia para salvar a festa de casamento em Caná da Galiléia (Jo 2,1-12).

 

As mulheres, que desafiaram o poder e ficaram perto da cruz de Jesus (Mt 27,55-56.61), foram as primeiras a experimentar a presença de Jesus ressuscitado (Mt 28,9-10). Maria Madalena, considerada possessa e curada por Jesus (Lc 8,2), recebeu a ordem de transmitir a Boa Nova da ressurreição aos apóstolos (Jo 20,16-18).

 

Nosso desafio atual é o de superar os preconceitos e olhar a nossa realidade com os olhos das comunidades de Jesus. Ainda existe muito preconceito em relação a mulher. Mas uma coisa é o preconceito contra a mulher. Outra coisa é preconceito por ser mulher, pobre e negra.

 

Que Nossa Senhora nos ajude a nos manter firmes em nossa missão de transformação da sociedade injusta e excludente em que vivemos e acreditar na força libertadora das mulheres.

 

 

Este texto possui trechos retirados do artigo – Maria no Novo Testamento – Frei Carlos Mesters

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