Neste Ano no Brasil, celebramos o Ano Mariano por ocasião dos 300 anos do encontro da Imagem de Nossa Senhora Aparecida no rio Paraíba do Sul. E amanhã, dia 13 de maio, celebraremos os 100 anos da aparição de Nossa Senhora de Fátima. Essa devoção tão presente no coração do povo brasileiro nos ajuda ainda mais a viver este histórico Mês de Maio.
Neste mês, muitos bons cristãos cultivam especiais manifestações de piedade para com a Virgem Maria, e essas práticas nos conduzem a Cristo, que Nossa Senhora nos apresenta e foi gerado em seu seio. Isso está de acordo com o que pediu o Concílio Vaticano II: “Todos os fiéis cristãos ofereçam insistentes súplicas à Mãe de Deus e Mãe dos homens para que Ela, que com as suas preces assistiu as primícias da Igreja, também agora, exaltada no Céu sobre todos os bem-aventurados e anjos, na Comunhão de todos os Santos, interceda junto do seu Filho”. (Lumen Gentium, 69).
Entre os mil nomes dados a Maria, recordemos com carinho este celebrado no centenário de Fátima. Nossa Senhora de Fátima teve origem na cidade de Fátima, em Portugal, onde três meninos, Lucia de Jesus Santos, com dez anos e os primos, Francisco Marto, de nove anos, e Jacinta Marto, de sete anos, tiveram a visão de Nossa Senhora. Aconteceu no ano de 1917, as aparições de Nossa Senhora aos três meninos, sempre no dia 13 de cada mês, com exceção de agosto. A primeira foi no dia 13 de Maio. Lucia via e conversava com Nossa Senhora. Francisco só via e não ouvia os diálogos. Jacinta via e ouvia, mas não falou com Nossa Senhora.
Quando Nossa Senhora de Fátima apareceu aos três, eles descreveram assim a visão: parecia ter uns 18 anos a Senhora, rodeada de claridade fulgurante, o vestido era de uma alvura puríssima, assim como o manto ornado de ouro, que lhe cobria a cabeça e grande parte do corpo. O rosto sobrenatural e divino estava sereno e grave, com uma sombra de tristeza. Em suas mãos, uma cruz de ouro com um terço em contas que pareciam pérolas, e do corpo, especialmente do rosto, irradiavam feixes de luz, incomparavelmente superior a qualquer beleza humana.
No começo, as crianças se assustaram, mas Nossa Senhora de Fátima as tranquilizou, dizendo para não terem medo, e que ela era do Céu. Nossa Senhora disse para rezarem o terço todos os dias, para alcançarem a paz e o fim da guerra.
A mensagem de Fátima é uma mensagem de conversão e de arrependimento e de necessidade de se fazer penitência para livrar a humanidade das mazelas de todo sofrimento provocadas pelas escolhas erradas desta mesma humanidade: guerras, violência, fome, miséria.
Foram, no total, seis aparições. Na última, Maria Santíssima disse a Lucia que naquele local deveria ser construída uma capela com o nome de Nossa Senhora do Rosário. E quando ela se levantava suavemente para ir embora, o sol apareceu entre as nuvens como um grande disco prateado, brilhando muito, mas sem cegar as pessoas. Começou a girar vertiginosamente e suas bordas se tornaram avermelhadas espalhando raios de fogo, de modo que a luz refletia nas pessoas e nas árvores, e foi vista até 40 km de distância do local das aparições.
O Papa Francisco estará em Fátima nos dias 12 e 13 de maio e vai canonizar os irmãos Francisco e Jacinta Marto, que faleceram ainda crianças e por cuja intercessão, uma criança brasileira foi curada de grave enfermidade. Esta é sem dúvida mais uma linda mensagem que nos vêm de Fátima: Deus escolhe os pequeninos e através deles faz chegar a todos a Sua Graça e Sua mensagem. Serão as duas primeiras crianças, não mártires, proclamadas santas em toda a história da Igreja.
A devoção à Virgem Maria, Mãe de Deus, é sem dúvida uma grande força da nossa vivência cristã, porque, longe de desviar nossa atenção do Cristo, ela nos integra no plano de salvação proposto por Deus e realizado por seu Filho único, Jesus Cristo, que Se encarnou e veio ao mundo por meio dela. Nós celebramos Maria porque é Mãe de Deus, porque nos deu o Salvador. Foi Deus que, em Sua infinita sabedoria e bondade, estabeleceu que a redenção da humanidade acontecesse através de Seu Filho único nascido de uma virgem; e a virgem escolhida foi Maria.
É bom lembrarmos que a nossa devoção a Maria deve fundamentar-se principalmente na imitação de suas virtudes e no seguimento de Cristo. Quando Cristo disse: "Se alguém quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga" (Mt 16,24), Ele Se colocou como o primeiro e principal modelo a ser seguido. Maria vem em segundo lugar. Se imitarmos Maria na fidelidade, no amor a Deus e aos irmãos, com toda a certeza ela nos conduzirá pelos caminhos de seu Filho Jesus.
Maria, como a primeira cristã, viveu bem as virtudes da Fé, da Esperança e da Caridade. Antes de trazer o Filho de Deus em seu seio, já O trazia no desejo do coração, pois como mulher judia esperava e acreditava que Deus um dia enviaria o Messias. Como modelo de caridade deixa sua casa e vai servir Isabel, a prima de idade avançada que está grávida, permanecendo com ela os três meses finais (Lc 1,36-56), e ainda, estando presente com a Igreja que está nascendo e sendo perseguida (At 1,14).
Ao celebrarmos os 100 anos da aparição em Fátima, queremos como cristãos renovar o nosso carinho e amor à Virgem Maria. Ela nos indica a fazer a vontade do Filho. Nós queremos pedir a Bem-Aventurada Virgem que nos ajude em nossa caminhada. De modo especial pedimos a todos que, ouvindo a mensagem de Fátima, rezemos pela Paz. Rezemos o Rosário pedindo a Deus, acompanhados de Maria, que leve a conversão aos corações empedernidos e mude da água para o vinho essa realidade caótica em que vivem muitos de nossos irmãos. Em Caná, ela intercedeu a Jesus Cristo, que Maria, também, hoje interceda a favor de todos, mas especialmente, a favor do povo pobre e necessitado.
Mogi das Cruzes, 12 de maio de 2017
Pe. Antônio Robson Gonçalves, MSJ
Vigário Geral
Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima – Mogi das Cruzes/SP
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