Ó morte, por que bates em nosso peito perturbando-nos sobre o futuro da nossa existência e dando-nos o recado de que aqui na terra estamos apenas de passagem.
Por que nos dás tanta dor que corta o nosso coração quando perdemos um ente querido?
Por que tiras parentes e amigos do convívio familiar e do nosso afeto?
Por que sangras tantas crianças no ventre materno antes de nascer?
Por que expulsas da terra os campeões e heróis, os reis e imperadores que fizeram dela o seu trono?
Por que engoles tantos jovens deixando-os morrer esmagados pelas drogas e pela violência
Por que vomitas teu veneno nas telinhas sedutoras da televisão, da internet, do facebook, que matam e viciam tantos usuários?
Por que chutas no ventre da terra o pobre explorado, a mulher discriminada e o menor abandonado?
Morte feia e cruel, gerada depois que apareceu a criatura sobre a terra, e quando tentada foi levada a ser como Deus, pelo falso desejo do poder, no ilusório entendimento de viver sem Deus, pagando alto preço por tanta e maldita arrogância.
Morte, vejo-te disfarçada, forjada e mascarada de maquiavélica astúcia, para enganar os homens, levando-os a acusar Deus de ser o culpado de tantas mortes?
Vejo-te até desfilando como se fosse uma rainha em carro fúnebre e carroça decorada, com cortejo e séquito e cumprimentos solenes.
Morte, és atrevida, petulante e insolente! Penetras sem ser convidada nas casas e nos hospitais, nas fábricas e nos templos, nas prisões e nas minerações, cegando o futuro de jovens e de tantos filhos da terra.
Na cruz, lenho maldito, mandaste morrer o Filho de Deus, que derramando seu sangue transformou a cruz em lenho bendito.
Morte, os teus pais foram Adão e Eva que desobedecendo às ordens de Deus te adotaram, deixando tal herança a toda a humanidade.
É falso o repouso que concedes a quem por desgraça, doença ou velhice cai em teu poder.
Falso é também o teu poder, porque todos aqueles que passam pela noite escura da morte, verão o Sol divino levantar-se e com o coração cheio de alegria cantarão o Aleluia pascal.
Onde está, ó morte, a tua vitória? Varrida, enfim, tu serás, quando as multidões de mãos dadas e unidas irão ao encontro do Senhor com a bandeira do Cristo ressuscitado e implantarão o reinado divino da alegria e da paz.
Morte, o Senhor nos devolverá o perfume da vida que tu arrancaste de nós e nos dará a sensação saborosa da vitória e do triunfo da vida.
De escravos e mortos, de flores sem vida e esqueletos, passaremos a empunhar de novo a bandeira da vida, forjando uma nova história feita de liberdade e amor, de justiça e paz.
A morte nos intriga, mas unidos ao Deus da vida a venceremos. Em cores e ecos ouviremos as melodias eternas e veremos em cada criatura a imagem da pessoa nova, viva e verdadeira, recriada e idêntica ao antigo rosto e perfil terrestre, semelhante ao corpo glorioso do Cristo Ressuscitado.
Pe. Carmine Mosca