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Nossa Diocese | Ser Negro e Afro-brasileiro

Ser Negro e Afro-brasileiro

Hoje, dia 20 de novembro, celebramos o Dia da Consciência Negra e não posso deixar de homenagear os negros e os afro-brasileiros de Mogi das Cruzes, da Região do Alto Tietê e do Brasil.

 

Nesta pátria tão sofrida, há um povo ainda mais sofrido que sempre viveu perseguido, escondido e oprimido entre as grades da escravidão, dos navios negreiros e das fazendas dos barões do café.

 

Nas terras conquistadas pelos europeus, tantos foram os frutos que enriqueceram o patrimônio dos países colonizados, mas, também, tantas foram as frustrações que geraram um processo civilizatório ambíguo, discriminatório e inadequado à vida da população indígena e africana.

 

O povo negro, o povo da África, foi o que mais se viu condenado a perder a própria liberdade dentro e fora do seu Continente.

 

Muitos negros, porém, destacaram-se ao longo da história, pois souberam passar a mensagem de uma sociedade livre, sem escravidão, sem discriminação e sem racismo.

 

Hoje, sobre o pó da antiga escravidão, sobre a dor causada pela dominação estrangeira, a África é a nação eleita e aclamada como o Continente da Esperança.

 

Ninguém mais, nem lá, nem aqui, pode se envergonhar de ser Negro ou Afro-brasileiro. Direito, justiça, salário, arte, cultura, religião, ética e profissionalismo, estão juntos para o caminho que se abre na construção e realização de um mundo novo.

 

Cada família africana e afro-brasileira, nascida da escravidão, há páginas de história que comovem, trazendo à luz sonhos teimosos de vida e liberdade.

 

Há famílias aqui em Mogi das Cruzes e na Região do Alto Tietê que são um exemplo de gente que chegou a derrubar cercas e muros, lutando pela esperança de um futuro novo.

 

Poderia citar tantas dessas famílias, cujos filhos viram a fome, a miséria e a dor se acabarem e as coisas se mudarem em dias novos e bonitos.

 

Meu querido amigo Miguel, Geraldão, José Luiz (já falecido) e tantos outros irmãos e padres negros, vocês bem poderiam falar da luta e do sacrifício de seus pais, avós, tataravós e de seus antepassados. Miséria e humilhação, repressão e discriminação são coisas de outrora. A luta permitiu que novos horizontes se abrissem para muitas famílias de origem africana. 

 

Nos lares destas famílias brotaram lindos rebentos, hoje, profissionais e padres que com trabalho honram o cenário internacional. A sociedade vê nos negros o exemplo de homens e mulheres que lutaram e lutam pelos mais altos ideais da justiça, da igualdade e da liberdade. 

 

Eles são filhos desta terra e receberam do solo africano e brasileiro quentura e calor, destreza e agilidade, inspiração e criatividade nas danças e roupas.

 

No entanto, ainda hoje, nos agridem más notícias de jovens negros ameaçados, perseguidos e revoltados. Por que acontece isso? É porque numa cultura e sociedade racistas é pouco considerada a inocência e a dignidade dos negros e dos pobres. Sempre se suspeita serem eles os autores do crime ou da infração. São presos e muitas vezes assassinados sem nenhuma apuração dos fatos.

 

Que todos os negros e afro-brasileiros nunca deixem de acreditar no reconhecimento de seus direitos e cantar canções de paz, para que o mundo se torne mais humano e fraterno.

 

Pe. Carmine Mosca

Administrador paroquial da Paróquia São Sebastião