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Palavra do Bispo | Missa do Crisma

Missa do Crisma

Missa do Crisma – Santos Óleos – 09 de abril de 2020

 

Mensagem aos sacerdotes

 

Vós sois Sacerdotes do Senhor!

 

Vós sois Sacerdotes do Senhor! (Is 61,6). É assim que Isaías ecoa a voz de Deus, nesta Eucaristia, em que são abençoados os santos óleos do Batismo, dos Enfermos e o Santo Crisma e em que os presbíteros renovam as promessas feitas no dia da ordenação. Cada ano, a missa do Crisma reúne, na manhã da quinta-feira santa, na catedral diocesana, o bispo, o presbitério e o povo de Deus para uma celebração de ação de graças pela vida e pelo ministério dos presbíteros.

 

Os sacramentos e o sacerdócio são duas realidades sagradas, pois tocam o coração da Igreja de Cristo. Os sacramentos, sinais eficazes da presença e da graça de Deus, fortalecem e dão consistência à vida eclesial. Os santos óleos são preparados e abençoados para a celebração dos sacramentos do Batismo, crisma, ordenação presbiteral e episcopal e unção dos enfermos. O sacerdócio é o coração do dom da Páscoa e da vida nova de todo o povo de Deus.

 

Por tudo isso, nesse momento propício e abençoado, a Igreja se reúne em oração pelos seus padres, agradecendo o dom da vocação sacerdotal. Todo sacerdote um dia tomou consciência de sua vocação, cultivou-a no tempo em que se preparou, e a mantém fortalecida na espiritualidade, que consiste, antes de tudo, em estar na presença do Senhor. E assim Deus vai conduzindo esse caminho vocacional no percurso de três etapas ou dimensões: a escolha, a unção e a missão: “o Espírito do Senhor está sobre mim (me escolheu), me ungiu (consagrou com a unção) e me enviou” (cf. Is 61,1; Lc 4,18).

 

  1. A escolha

 

A escolha, ou o chamado vocacional, vem de Jesus Cristo, que “fez de nós um reino e sacerdotes para seu Deus e Pai” (Ap 1,6), isto é, Ele escolheu a Igreja para ser parte fundamental do povo sacerdotal. E por causa desse sagrado desígnio da Igreja, “o Senhor Jesus comunicou o seu sacerdócio aos Apóstolos e a nós”, os presbíteros, conforme recorda o rito de renovação das Promessas Sacerdotais.

 

Sim, o Senhor escolheu os ministros ordenados no grau do presbiterado para uma missão sublime, conforme proclama o profeta Isaías: “Vós sois Sacerdotes do Senhor, chamados ministros de nosso Deus” (Is 61,6), isto é, “ministros de Jesus Cristo, pela força do Espírito Santo”. Resta-nos agradecer com as palavras do salmo: “Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor” (Sl 88,2).

 

  1. A unção

 

Deus, que ungiu seu Filho único com o Espírito Santo e o constituiu Cristo e Senhor, unge aquele que escolheu. Os sacerdotes, participando da consagração de Cristo, tornam-se “no mundo testemunhas da redenção que Ele nos trouxe” (oração da coleta).

 

O prefácio da missa de ordenação, discorrendo sobre o “sacerdócio de Cristo e o ministério dos sacerdotes” – proclama que “pela unção do Espírito Santo”, o Pai constituiu seu “Filho unigênito Pontífice da nova e eterna aliança”, estabelecendo que “seu único sacerdócio se perpetuasse na Igreja”. Por isso, “enriqueceu a Igreja com um sacerdócio real. E, com bondade fraterna, escolhe homens que, pela imposição das mãos, participem do seu ministério sagrado”.

 

Conforta o coração do povo de Deus poder contar com a presença do sacerdote. E ao sacerdote é igualmente reconfortante ser recompensado por Deus com a verdadeira alegria, conforme a promessa do Senhor em Isaías: “Eu os recompensarei por suas obras segundo a verdade” (Is. 61,8). E segundo a gratuidade, como diz o apóstolo Paulo quando afirma: “anunciar o evangelho para mim é uma necessidade que se me impõe. Ai de mim se eu não anunciar o evangelho! ... E, pregando o evangelho, eu o prego gratuitamente” (1Cor 9,16.18).

 

  1. O envio – o tríplice múnus (a missão)

 

Os sacerdotes, uma vez ungidos, são enviados pelo Espírito do Senhor “para levar a boa-nova aos humildes e curar as feridas da alma” (Is 61,1). Evangelizar os pobres e curar os corações feridos! Isso significa que o ministro evangeliza com a palavra, cura com a oração e alivia com a presença. A Palavra proclamada nos templos se transforma em testemunho pela inserção missionária nas mais diversas realidades: mundo do trabalho, escola, comunicação, esporte, cultura e artes. Também nas famílias e nos ambientes onde as pessoas mais sofrem: prisões, hospitais, velórios, cemitérios.

 

O rito da renovação das promessas sacerdotais lembra que os sacerdotes são “distribuidores dos mistérios de Deus pela missão de ensinar, pela (celebração da) sagrada Eucaristia e demais celebrações litúrgicas, seguindo Cristo Cabeça e Pastor”. A celebração dos sacramentos, principalmente a Eucaristia, representa o ápice da vida litúrgica da Igreja. No sacerdócio ministerial dos presbíteros, torna-se presente a sublime realidade da vida nova em Cristo.

 

Consagrados por Deus, ao celebrar a Eucaristia, “os presbíteros, oferecem sacramentalmente o sacrifício de Cristo. Com efeito, na santíssima eucaristia está contido todo o bem espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, a nossa Páscoa e o pão vivo que dá a vida mediante a sua carne vivificada e vivificadora pelo Espírito Santo ... Por isso, a eucaristia aparece como fonte e coroa de toda a evangelização; é o centro da assembleia dos fiéis a que o presbítero preside” (cf. Presbyterorum Ordinis 5).

 

  1. O Presbitério diocesano

 

Muito se pode refletir sobre a vocação sacerdotal e a teologia do sacerdócio. Contudo, nesse momento, minha palavra é de reconhecimento, valorização e gratidão ao presbitério diocesano e a todo o clero. Aqui o bispo fala com o coração de pai, para louvar e bendizer a Deus pelos filhos espirituais, irmãos entre si no presbitério. Refiro-me aos cerca de cento e cinquenta padres dessa diocese, compreendendo os incardinados, os fidei donum e os religiosos. E, considerando todo o clero, agradecemos a Deus pela vida do nosso bispo emérito, Dom Paulo Mascarenhas Roxo, os quarenta diáconos permanentes e os três provisórios.

 

Lembramos com carinho os falecidos, desde Dom Paulo Rolin Loureiro, até os padres José Carlos Velasquez, João Rosa (22/032017), Atílio Berta (03/09/2017), Dimas Bueno (dezembro 2019) e os diáconos Antonio Paulino e José Maria (7/6/2018). Lembramos com gratidão nossos padres em estudo na Europa (Marcos Santos e Thiago Cosmo) e os que estão na missão ad gentes: Boaventura (Pemba, Moçambique) e Rômulo Avagliano (Coari, Amazonas).

 

Rendemos graças a Deus Pai e Senhor da Messe, bendizemos Jesus Cristo, Bom Pastor, e glorificamos ao Divino Espirito Santo pelo valoroso presbitério dessa Diocese. O coração do bispo palpita alegre na mesma sintonia do ritmo em que pulsa vigoroso o testemunho cotidiano de cada um dos padres – párocos, vigários e outros – na rotineira lida do apostolado que realizam nas 82 paróquias e outros serviços na Diocese (cúria, tribunal, seminário, colégios, faculdade, pastorais, obras sociais, etc).

 

Que testemunho bonito, forte e edificante têm dado nossos padres, nesses tempos difíceis de epidemia (Covid-19, provinda do Corona vírus)! Com as celebrações acontecendo a portas fechadas, por prevenção, cumprindo o isolamento social, por motivo de saúde pública, é crescente o número dos fiéis que acompanham os atos litúrgicos transmitidos pela internet.

 

Como foi emocionante, no Domingo de Ramos, ver acontecer a tal sonhada “Igreja em saída” do Papa Francisco. Padres a pé, em carro de som e até de helicóptero, levando a bênção ao povo que, nas portas e janelas, varandas e calçadas, acenando ramos, acolhia a bênção. Sem sombra nenhuma de dúvida, na passagem e na bênção do sacerdote, as pessoas acolhiam a passagem, a presença e a bênção do próprio Jesus Cristo, nosso Senhor e Redentor. Bendito o que vem em nome do Senhor!

 

Como são belos, sobre os montes, os pés do mensageiro que anuncia a paz (Is 52,7), que é fruto da justiça (cf. Is 32,17) e solidificada na verdade. E aqui cabe uma palavra de gratidão a todos os agentes de comunicação: repórteres, jornalistas, cinegrafistas, filmadores e operadores de comunicação – profissionais e amadores –, que operam, com dedicação e eficiência, os meios de comunicação, prestando um valioso serviço à população quando ao informar a verdade que esclarece e abre caminhos. Cristo é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14).

 

Estou certo de ser portador da gratidão, oração e carinho dos fieis leigos e leigas de nossa diocese pelos padres, pastores do rebanho de Cristo, nesse dia em que a Igreja celebra a instituição da Eucaristia e do sacerdócio ministerial. Rezemos pelo seminário diocesano, pelas vocações sacerdotais, obra das vocações, pastoral vocacional, e que cresça sempre mais o número dos amigos do seminário.

 

Em favor do progresso espiritual e felicidade da família diocesana, contamos com a intercessão de Maria, mãe da Igreja e mãe dos sacerdotes, bem como da nossa padroeira Sant’Anna. Cristo, sumo e eterno sacerdote, sustente nossa fraternidade presbiteral e dê a cada um a graça que necessita para corresponder a tão sublime chamado. Assim seja!

 

Dom Pedro Luiz Stringhini

Mogi das Cruzes, 09 de abril de 2020