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Palavra do Bispo | Homilia

Homilia

Assinalados pela unção do Espírito Santo

 

Assinalados pela unção do Espírito Santo, os presbíteros eleitos – Dênis de Jesus das Neves e Jonas Cunha da Silva – se consagram, total e incondicionalmente, por toda a vida, ao serviço de Deus, como ministros ordenados, no segundo grau do sacramento da Ordem, o Presbiterado. Como discípulos-missionários de Jesus Cristo e membros do presbitério e do clero da Igreja diocesana de Mogi das Cruzes, exercerão o ministério sacerdotal, colocando-se a serviço do Evangelho, da Igreja e do Povo de Deus, com aquele atento olhar de compaixão e misericórdia para com todos, especialmente os sofredores, os pequenos e os pobres.

 

“Configurados ao Cristo Sacerdote, de forma a poderem agir na pessoa de Cristo cabeça” (PO 2), eles cumprirão – com alegria, simplicidade e disponibilidade – a tríplice missão de anunciar a Palavra, celebrar os santos mistérios e governar o povo de Deus, como pastores, segundo o coração de Deus (cf. Jr 3,15).

 

Queridos filhos! Neste momento, também desejo proferir “palavras que brotem do meu coração” (Dênis) e que cheguem ao coração de vocês, visto que no final do rito da ordenação vamos proclamar que “o amor de Cristo nos uniu”.  

 

Do meu coração, antes de tudo, brotam palavras de gratidão a Deus pela vida e vocação de cada um, pelo diaconato que exerceram e o sacerdócio que irão abraçar. Gratidão a Deus pelos pais e familiares de vocês e gratidão também a eles, que, certamente, nesses anos de formação, como Nossa Senhora, guardaram muita coisa no coração: preocupações, alegrias e ansiosas expectativas na espera da chegada desse dia.

 

Agradeço a Deus pelo que pude ver e viver ao lado de vocês, desde que nos conhecemos, há quase oito anos. Pude perceber em vocês um coração generoso, repleto de jovialidade, entusiasmo, devoção, piedade. Constatei também o esforço acadêmico, gosto pelo saber, zelo apostólico e a busca de auxílio em vista de uma sólida espiritualidade. Deus os cumulou com tantos talentos e carismas que, a partir de agora, colocarão ainda mais plenamente a serviço da evangelização. E que edificante testemunho de amor a Cristo, a Maria e à Igreja vocês transmitem!

 

Agradeço a Deus por ingressarem no presbitério dessa Diocese. Vocês completam o número de 80 padres que ordenei, do início do meu ministério episcopal até hoje, 54 dos quais, ordenados aqui na diocese de Mogi das Cruzes.

 

Irmãos e irmãs! Também fala-nos ao coração o lema de ordenação que cada um deles escolheu como inspiração para o ministério: o do diácono Dênis “Para morrer com Ele” (Jo 11,16), e o do diácono Jonas “Com os olhos fixos em Jesus” (Hb 12,1). O primeiro é do evangelho de João: quando Jesus recebeu a notícia que seu amigo Lázaro estava doente, e sabendo que ele tinha morrido, quis voltar para a Judeia, mesmo sabendo que enfrentaria a hostilidade dos que o queriam matar. Os discípulos ficaram com medo, mas Tomé disse: “vamos também nós para morrermos com ele!”. O segundo, da carta aos Hebreus, é uma exortação: “corramos com perseverança para o certame que nos é proposto, com os olhos fixos em Jesus, autor e realizador da fé e que sofreu a cruz”. São lemas que inspiram e retratam a espiritualidade deles, e que encontra explicação nas palavras do Dênis: “de acordo com o que nós estamos vivendo, (é importante) não deixarmos de olhar para Nosso Senhor; e isso nossos lemas dizem muito”.

 

O que é que o Dênis quis dizer quando se referiu “ao que nós estamos vivendo”? Pensei em primeiro lugar numa alusão a este momento sublime e maravilhoso que estamos celebrando, porém, inserido num momento maior e um contexto que já era difícil e que foi agravado pela assustadora epidemia. Sim, na vida, tateamos entre as realidades perfeitas e maravilhosas das coisas de Deus – sua revelação como presença de amor e salvação – por um lado, e a fragilidade, o sofrimento, o pecado e os sobressaltos da condição real da vida humana, por outro. O sacerdote é aquele que faz a mediação, trazendo o sagrado até o humano, o transcendente ao imanente, a verdade em meio à cegueira, o alívio e a esperança em meio as dores.

 

São lemas fortes e profundos. São indicadores seguros de uma direção, orientação e meta – um horizonte que vislumbramos, “com os olhos fixos em Jesus”, prontos, “para morrer com Ele” se necessário for. “Coragem, eu venci o mundo!” (Jo 16,33). “Permanecei no meu amor” (Jo 15,10), exorta Jesus, depois de ter dito: “permanecei em mim como eu em vós ... eu sou a videira e vós os ramos ... sem mim nada podeis fazer” (vv. 4.5). A comunhão com Cristo é fonte de alegria naquele “que dá sua vida pelos amigos” (Jo 15,4.)

 

O sacerdócio, em sua grandeza e beleza, se realiza e se completa na Eucaristia, fruto maior germinado e multiplicado em sementes de humildade, mansidão, longanimidade e amor (cf. Ef 4,2). A Eucaristia é ponto de partida e de chegada; é a síntese das alegrias e tristezas, angústias e esperanças da humanidade contidas no cálice e na patena onde se oferecem o pão e o vinho, frutos da terra e do trabalho humano. Sua abrangência é ilimitada e seu verdadeiro sentido transcende para além do que se vê e do que se toca, atingindo a dimensão cósmica da presença de Cristo na Palavra, nas espécies consagradas e na assembleia congregada.

 

Ao celebrar o mistério pascal de Cristo, o sacerdote toca a plenitude da ação salvífica de Deus. Ao presidir, o ministro coloca-se a serviço da “edificação do corpo de Cristo, até que cheguemos à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus” (Ef 4,12-13), concorrendo “para que Deus seja tudo em todos” (1 Cor 15,29).

 

A invocação do Espírito Santo é essencial pois é Ele que santifica os dons, vivifica os seres, renova o universo e “conduz a Igreja por admiráveis e diversos caminhos” (Prefácio ES II, Missal Romano).

 

No canto da Ladainha, a assembleia reunida suplicará invocando, em favor dos eleitos e de toda a Igreja, a intercessão da Virgem Maria e dos Santos e Santas de Deus.

 

Interceda Santo Antonio, insigne pregador, mestre de oração e fervoroso na caridade, cuja memória a Igreja hoje celebra.  

 

Interceda São José, patrono da Igreja, a quem esta diocese devota especial consagração.

 

Interceda São Francisco de Assis, profeta da ecologia. Que ele continue a ensinar o amor aos pobres e o louvor a Deus, a partir do cântico das criaturas. Louvado sejas meu Senhor!

 

Interceda Sant’Ana, mãe da Virgem Maria e patrona dessa catedral e diocese.

 

Interceda a Santíssima Virgem Maria, mãe da Igreja, mãe dos sacerdotes, medianeira das graças de Deus, modelo de humildade, obediência e santidade.

 

 

Dom Pedro Luiz Stringhini

Bispo diocesano

Mogi das Cruzes, 13 de junho de 2020