“Eu, o Senhor, te chamei para o serviço da justiça, tomei-te pela mão e te modelei; eu te constituí como aliança do povo, como luz das nações, a fim de abrires os olhos dos cegos, para tirares do cárcere os presos, e da prisão os que habitam nas trevas” (Isaías 42,6,7).
É possível equilibrar o desenvolvimento econômico à preservação ambiental? É possível, é necessário e há, em Mogi das Cruzes, esforços nesse sentido, como o empenho junto à população na luta que permitiu, em 2018, tornar a Serra do Itapeti uma Área de Preservação Permanente (APP).
O Plano Diretor da Prefeitura Municipal, recém aprovado em 2019, estabelece a criação de um corredor ambiental ecológico, interligando a Serra do Itapeti, a Várzea do Rio Tietê e a Serra do Mar. Tal projeto permite manter equilibrados os interesses ambientais com os da agricultura. Reativou-se o viveiro de mudas de árvores nativas da Mata Atlântica e o programa de plantio e doação. Parques urbanos, como o Centenário da Imigração Japonesa e o Leon Feffer, além do Núcleo Ambiental da Ilha Marabá, servem como corredor de preservação do leito do Rio Tietê. Está programada a entrega de mais dois parques nesta extensão, no Projeto Mogi + Ecotietê, além da Unidade de conservação que é o Parque Natural Municipal Francisco Affonso de Mello, o “Chiquinho Veríssimo”.
Em parceria com a universidade, após consulta pública e aprovação no Conselho Mogiano de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – COMOMA, está sendo escrito o Plano Municipal da Mata Atlântica, que servirá como base no processo de arborização e planejamento ambiental de Mogi das Cruzes.
O “Junho Verde”, mês de celebração do Meio Ambiente, no município de Mogi das Cruzes, é propício para evidenciar essas e outras múltiplas ações que visam o desenvolvimento e a preservação do meio ambiente. O projeto de micro-lixo, da administração regional de Brás Cubas, visa a conservação das calçadas e sarjetas, com o lema “a calçada é a extensão do lar”. A comunidade Rosa Mística realiza coleta de óleo de cozinha. Destaquem ainda: o “Divino Verde” e a caminhada ecológica da Festa do Divino, o ICATI – Instituto Cultural e Ambiental Alto Tietê e a luta de revitalização do Córrego dos Gregórios, dentre outras iniciativas. A pastoral da ecologia da diocese tem plantado milhares de árvores no sítio Tabor e projeta transformar o sítio de Taiaçupeba em RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural.
A ciência e a religião não são dissonantes; ao contrário, complementam-se pelo diálogo entre fé e razão. Deus deu ao ser humano sabedoria para melhor conhecer, “cultivar e guardar” a criação (cf. Gn 2,15), que o Papa Francisco denomina “A Casa Comum”. Cuidando da criação é que se cuida do ser humano, imagem e semelhança de Deus e, por isso, sua mais bela obra. Integrante deste ecossistema, dotado de inteligência e guiado pela vontade, o ser humano é capaz de construir e cuidar. Dotado de liberdade, é capaz de destruir.
Que a razão vença a cegueira! Que a conscientização e a educação ambiental ajudem os cidadãos a não se calarem diante de descalabros! Que da mística brote a celebração da vida! Que do coração humano transborde sensibilidade, poesia e contemplação da “beleza que é verdadeira e da verdade que é bela” (Papa Bento XVI). E que a sociedade se una e abra os olhos para “combater o bom combate” (cf. 2Tm 4,7) em defesa das vidas, das florestas, da biodiversidade e da nossa Casa Comum.
Daniel Teixeira de Lima
Secretário do Verde e Meio Ambiente de Mogi das Cruzes
Dom Pedro Luiz Stringhini
Bispo diocesano
Mogi das Cruzes, 26 de junho de 2020