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Palavra do Bispo | Homilia

Homilia

Festa de Sant’Ana e São Joaquim

26 de julho de 2020

 

Seus nomes: Ana significa Graça, Joaquim significa preparação de Iahweh. A história de santidade dessa família não está escrito na Bíblia, mas sim na Tradição da Igreja. Eles são conhecidos a partir do Proto-evangelho de Tiago.

 

Sua missão. Recebem de Deus a missão de serem pais da virgem imaculada. Pode-se aplicar a Ana o que Isabel disse a Maria: “bendito é o fruto do teu ventre!”. E ao santo casal pode-se aplicar as palavras de Jesus: “pelos frutos é que se conhece a árvore!”. Jesus é o bendito fruto do ventre de Maria; Maria é o bendito fruto do ventre de Sant’Ana. Deus foi preparando o coração de Sant’Ana e São Joaquim; a partir de um duplo milagre acontecido no ventre de Sant’Ana: uma mulher engravidar na velhice e a graça da concepção imaculada da Mãe de Deus. Em plena idade avançada, o santo casal torna-se o casal genitor.

 

Trata-se do milagre do amor de Deus na vida do santo casal, na vida da Virgem Maria e na vida de Cristo. Sant’Ana e São Joaquim oferecem Maria à humanidade; Maria oferece seu filho Jesus Cristo; o qual, por sua vez, sendo unigênito de Deus, se oferece, entregando sua vida. Ao entregar seu espírito, vivifica a Igreja, sinal vivo de sua presença e da presença do Reino de Deus.

 

1ª. Leitura (Eclo 44,1.10-15): A sabedoria que ilumina o povo de geração em geração

A sabedoria bíblica exalta, de geração em geração, as virtudes dos sábios, nossos antepassados. Eles são: homens de MISERICÓRDIA, capazes de realizar gestos de BONDADE; sua descendência vive na FIDELIDADE às alianças; sua SABEDORIA é proclamada. Sua GLÓRIA jamais se apagará e a assembleia vai celebrar o seu LOUVOR.

 

Sant’Ana e São Joaquim protagonizam essa sabedoria. São pessoas virtuosas que se unem em matrimônio e constroem uma família virtuosa, guiada pelo temor de Deus. Pais da Virgem Maria, educam-na segundo a tradição e as virtudes dos antepassados.

 

Salmo de Meditação (Sl 131(132),11.13-14.17-18)

Retorna ainda no tempo e anuncia o Messias a partir do descendente do Rei Davi, conforme o refrão: O Senhor vai dar-lhe o trono de seu pai, o Rei Davi (Lc 1,32a). O Senhor fez a Davi um juramento e uma promessa, dizendo: “um herdeiro que é fruto do teu ventre colocarei sobre o trono em seu lugar”. E ainda disse: “De Davi farei brotar um forte Herdeiro, acenderei ao meu Ungido uma lâmpada e sobre ele brilhará minha coroa”.

 

Sant’Ana e São Joaquim são instrumentos nessa história da sucessão davídica. Eles são parte integrante e essencial no cumprimento da profecia: a chegada do Messias passa por eles, por sua família, por sua descendência. Assim como Salomão construiu o templo de para abrigar a Arca da antiga Aliança, o ventre de Sant’Ana abriga a arca da nova aliança, sua filha Maria Santíssima.

 

2ª. Leitura (Rm 8,26-30): A salvação de Deus como projeto e realização

Com a cooperação bondosa, amorosa e exemplar de Sant’Ana e São Joaquim, a História da Salvação alcança sua realização e sua plenitude, não interrompendo sua continuidade. Assim, Deus se revela na História humana, tornando-a História da salvação, com Abraão – Davi – Salomão – Ana e Joaquim – Maria e José – JESUS CRISTO (messias/ungido) – Espírito Santo – Igreja. Deus a conduz pela ação do seu ESPÍRITO, que, segundo o Paulo apóstolo, “ajuda em nossa fraqueza e intercede por nós (intercede pelos santos).

 

A IGREJA: comunidade dos que foram por Deus conhecidos e predestinados “a serem conformes à imagem de seu Filho (primogênito entre muitos irmãos).

 

Evangelho (Mt 13,16-17): A verdadeira bem-aventurança

No Evangelho, Jesus proclama uma verdadeira bem-aventurança aos que ouvem a sua palavra, a compreendem e a fazem frutificar: “Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem” (v. 16).

 

Felizes os pais de Nossa Senhora, São Joaquim e Sant’Ana, pelas maravilhas que o Senhor realizou em suas vidas, especialmente a ditosa e abundante graça sobre eles derramada, qual seja, a de serem pais da Virgem Santíssima e avós de Nosso Salvador Jesus Cristo, tornando-os, desse modo, protetores dos avós!

 

Felizes os que, como São Joaquim e Sant’Ana, trilham os caminhos da sabedoria e do temor de Deus, tornando-se pessoas de misericórdia e generosos em gestos de bondade, dando um bom testemunho, no matrimônio, na educação dos filhos, no trabalho e na religião;

 

Felizes a cidade, o município e a Diocese de Mogi das Cruzes, tendo Sant’Ana como padroeira e intercessora, celebrando cada ano, nas tradicionais festividades, as graças e benefícios que Deus em sua bondade constantemente concede por sua gloriosa intercessão;

 

Felizes os fiéis da Catedral de Mogi das Cruzes, de onde, sob o patrocínio Sant’Ana, Deus derrama suas bênçãos sobre esta cidade e esta diocese a seu patrocínio confiadas;

 

Felizes os que, seguindo o exemplo de Sant’Ana, trilham os caminhos do bem e da santidade, firmes na fé, perseverantes na oração e solidificados pela sabedoria provinda da Palavra de Deus presente na Sagrada Escritura e Tradição da Igreja;

 

Peçamos a intercessão de Sant’Ana e São Joaquim pelo fim da pandemia (lembrando os falecidos, os doentes, os profissionais de saúde). Intercedam esses santos também pelas famílias e pelo nosso País. De modo especial, continuem intercedendo por nossa Diocese e por toda a Igreja. Amém.

 

 

ORAÇÃO A SANT’ANA PELA CIDADE DE MOGI DAS CRUZES

 

Ó gloriosa Sant’Ana, mãe da Mãe de Deus, Maria, honra do povo judeu e celestial protetora de nossa Cidade, neste dia de graça, recorremos à vossa amável intercessão em favor da Cidade de Mogi das Cruzes que vos é consagrada.

 

Dignai-vos, Senhora Sant’Ana, proteger nossas famílias desde o início promissor até à idade madura, repleta dos sofrimentos da vida, e amparar os esposos na fidelidade às promessas solenes que fizeram diante de Deus.

 

Velai pela inocência de nossas crianças com o mesmo zelo com que guardastes o tesouro que Deus vos deu, a Santíssima Virgem. Na vossa Imagem, lembrança de nossas raízes históricas, tão profundamente cristãs, vemos vosso cuidado maternal com a educação religiosa de vossa filha Imaculada. Ajudai-nos a zelar com igual carinho pela pureza e salvação de nossas crianças.

 

Vós, que em idade avançada, tivestes a dita de dar ao mundo a Mãe do Filho de Deus, acompanhai os idosos que se aproximam do encontro com o Senhor. Suavizai-lhes a passagem suplicando para aquela hora a presença materna da vossa filha ditosa, a Virgem Maria e do vosso Divino Neto, Jesus!

 

Iluminai a mente e o coração dos nossos governantes e legisladores para que tenham sempre diante de si os sofrimentos e as necessidades dos mais pobres.

 

Alcançai para todos nós, gloriosa Senhora Sant’Ana, as graças necessárias para nossa salvação, a fim de que, concluída a nossa vida terrena, unamos nossas vozes à vossa e de São Joaquim, vosso bendito esposo, para entoar eternamente o louvor do Senhor que em vós e por vossa intercessão realizou tantos e tão grandes prodígios.

 

Amém.

 

Dom Pedro Luiz Stringhini

Mogi das Cruzes, 26 de julho de 2020