Home

Palavra do Bispo | Homilia

Homilia

Ordenação diaconal de SAMUEL DE SOUZA

02 de janeiro de 2021 – Itaquaquecetuba – Paróquia São Bartolomeu

 

Revmo. Pe. Beniamino Resta – pároco da Paróquia São Bartolomeu e diretor da Escola Diaconal São Lourenço

Reverendíssimos Padres, reverendíssimos Diáconos, consagradas e consagrados, seminaristas, candidatos ao diaconado permanente

Querido Samuel de Souza, esposa, filhos e demais familiares

Queridos irmãos e irmãs

 

A bondade do Senhor agracia a Igreja diocesana de Mogi das Cruzes com a alegria da quarta ordenação no período de um mês, antecedendo a quinta, na próxima semana. É uma grandíssima bênção contar com mais um que vem completar o número de 44 diáconos permanentes.

 

Certamente, trata-se da primeira ordenação que acontece na Paróquia São Bartolomeu e um acontecimento que solidifica a Igreja diocesana e sua presença neste bairro e neste município de Itaquaquecetuba.

 

Dentre tantas iniciativas pastorais nessa paróquia, sob a condução firme e dedicada do seu pároco, Pe. Beniamino, sabe-se que aqui é realizado um valioso serviço de alimentação aos pobres. Essa e outras ações da paróquia saem fortalecidas pelo fato de poder contar com um diácono para o serviço evangelizador e caritativo.

 

1.            Serviço e Missão

A primeira leitura, do Antigo Testamento (1ª. Leitura: Nm 3,5-9) mostra como os Levitas foram dados ao sacerdote Aarão e designados para o serviço do altar. No Novo Testamento, os Diáconos são designados para auxiliarem os apóstolos e toda a Igreja.

 

O Evangelho relata que Jesus escolhe os apóstolos e os envia (Mt 10,1-5a). Chama também outros (setenta e dois) discípulos (Lc 10). O livro dos Atos dos Apóstolos contam que, na Igreja primitiva, os apóstolos precisam de colaboradores e por isso escolhem sete diáconos, “homens cheios do Espírito Santo e da Sabedoria” (homilia do Pontifical), dentre eles Estêvão (At 6), para o serviço da caridade, no caso, servir alimento às viúvas.

 

Com o passar do tempo, na Igreja, o ministério diaconal se amplia, de modo que o diácono é designado para servir às três mesas: a dos pobres, a do altar, a da Palavra. A homilia do Pontifical romano afirma que o diácono “poderá ainda presidir as orações, administrar o Batismo, assistir e abençoar os Matrimônios, levar o Viático aos agonizantes e oficiar as Exéquias” (p. 167).

 

2.            Testemunho de vida – serviço da caridade

Um segundo passo, é o testemunho que deve acompanhar o ministério dos diáconos. A 2ª leitura (1 Tm 4,12-16) ensina que o testemunho de vida do diácono consiste, sobretudo, em servir com alegria na caridade. São Paulo admoesta seu discípulo Timóteo: quanto a ti, “serve de exemplo para os fiéis, na palavra, na conduta, na caridade, na fé, na pureza” (v. 12); “dedica-te à leitura, à exortação, ao ensino” (v. 13).

 

Já na Oração da missa, pede-se que Deus conceda ao eleito para o serviço diaconal: “solicitude em sua tarefa, mansidão no trabalho e constância na oração”. E, na Prece de Ordenação, o pedido é para que “resplandeçam nele as virtudes evangélicas, o amor sincero, a solicitude para com os enfermos e os pobres, a autoridade discreta, a simplicidade de coração e uma vida segundo o Espírito” (p. 173).

 

3.            Perseverar na graça sacramental (2ª leitura: 1Tm 4,12-16)

É preciso perseverar na graça sacramental (2ª leitura: 1Tm 4,12-16). A missão de servir do diácono e o propósito de dar um bom testemunho de vida requerem perseverança, que só é possível pela graça de Deus e o esforço pessoal por meio de uma espiritualidade sólida. No caso do diácono permanente, inclui também a espiritualidade matrimonial e profissional.

 

Também neste caso, o conselho do apóstolo Paulo a Timóteo é útil e pertinente: “não descuides o dom da graça, que te foi dada pela imposição das mãos (cf. v. 14). O gesto sacramental da imposição das mãos do celebrante transmite o dom da graça que acompanhará indelevelmente o ministro em toda sua existência.

 

A oração da comunidade e a imposição das mãos sinalizam a presença do Espírito Santo que torna os diáconos homens “consagrados ao serviço da Igreja”, aptos para viverem “uma vida segundo o Espírito”.

 

Paulo continua exortando a praticar as virtudes “com perseverança” (v. 15), insistindo: “cuida daquilo que ensinas e mostra-te perseverante (v. 16). A perseverança provém de uma sólida espiritualidade. A solidez espiritual do diácono é ajudada pela vivência das virtudes teologais: a fé, a esperança e a caridade.

 

Em algumas bênçãos solenes no final da missa, comum pedir auxílio de Deus para praticar essas virtudes. Na bênção solene do advento, a súplica: “que durante esta vida ele vos torne firmes na fé, alegres na esperança, solícitos na caridade”; na do início do ano: “que ele vos conserve íntegros na fé, pacientes na esperança, perseverantes na caridade”. Portanto, caro filho Samuel: a Igreja reunida reza para que sejas firme e íntegro na fé, alegre e paciente na esperança, solícito e perseverante na caridade. Não tenhas medo, não desanimes! E em tudo, caro Samuel, dá graças ao Senhor.

 

4.            Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor – Sl 88(89)

Com o salmo responsorial, pode-se rezar: “Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor” (Sl 88/89). Esta oração é, antes de tudo, um canto de louvor pelas maravilhas que o Senhor realiza em cada ser humano; um hino de ação de graças pela salvação que Deus opera na história da humanidade; uma prece de gratidão pela vida e pela missão da Igreja de Jesus Cristo; e pela bondade e amor com que o Senhor escolhe e chama, na Igreja, cada batizado e aqueles que designa para serem seus ministro da caridade, especialmente no serviço aos pobres e sofredores.

 

Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor (Sl 88/89)! Este salmo nos ajudou a proclamar, nesta celebração, o louvor a Deus que escolheu e chamou Samuel para ser seu ministro e para isso, depois de árduo caminho de formação e vivência, será logo mais ordenado diácono pela força do Espírito Santo.

 

A mão onipotente e o braço poderoso do Senhor hão de ser a sua força (cf. v. 22). A verdade e o amor do Senhor estarão sempre com ele (cf. v. 25). Louvado seja Deus pela família do Samuel; louvado seja Deus pela Paróquia São Bartolomeu, que o acompanhou e apoiou.

 

Por fim, irmãos e irmãs, neste santo tempo litúrgico do Natal, rezemos para que o Senhor envie trabalhadores para a Messe que é tão grande e que carece de tantos e bons operários (cf. Lc 10,2). A Virgem Maria, modelo de servidora do evangelho e dos pequenos, celebrada ontem na solenidade de sua maternidade, seja para todos exemplo de total abandono à vontade d'Aquele que em nós realiza maravilhas (cf. Lc 1,39). Amém.

 

Dom Pedro Luiz Stringhini

Mogi das Cruzes, 2 de janeiro de 2021