Celebração dos 59 anos de instalação da Diocese de Mogi das Cruzes
Homilia de abertura do Ano Jubilar: 2021-2022
30 de dezembro de 2021
Senhora Sant’Ana, doce mãe deste rincão, fortalecei-nos na missão!
Senhora Sant’Ana, doce mãe deste rincão, fortalecei-nos na missão! Sim, é pela intercessão de Sant’Ana, patrona da Diocese, e do Beato Pe. Eustáquio (Bem-Aventurado Eustáquio van Lieshout), missionário no Alto Tietê de 1935 a 1941, especialmente na cidade de Poá, que celebramos a data de hoje, iniciando o jubileu de diamante, até 30 de dezembro de 2022.
A Palavra de Deus
A Igreja está celebrando a oitava de Natal.
A leitura da missa de hoje, retirada da primeira carta de São João (1Jo 2,12-17), apresenta três mensagens:
1ª) Vós conheceis o Pai e a Palavra de Deus permanece em vós ...;
2ª) o que há no mundo não vem do Pai (paixões da natureza, concupiscência dos olhos, ostentação da riqueza) ... portanto se alguém ama o mundo não está nele o amor do Pai;
3ª) aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.
São mensagens pertinentes ao aniversário de nossa Diocese, pois a missão evangelizadora da Igreja católica e de cada Igreja particular (diocese) se enquadra nessas três mensagens: anunciar a Palavra de Deus que leva ao conhecimento do Pai; libertar o mundo da corrupção do pecado, do egoísmo e da injustiça, para transformá-lo em Reino de paz e de amor; e, desta forma, progredir na fidelidade à vontade de Deus. Podemos perguntar: o que Deus desejava, há cinquenta e nove anos, quando da instalação da Diocese de Mogi das Cruzes?
O Evangelho (Lc 2,36-40) de hoje apresenta a profetiza Ana que, no templo, igual ao velho profeta Simeão, louva a Deus vendo realizadas as profecias das Escrituras sobre a vinda do Messias. Ana “pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém” (v. 38).
Com 84 anos, Ana vivera 7 anos com o marido. Os outros 77 anos correspondem ao seu tempo de solteira e de viúva. Sete anos no servindo a Deus no lar e setenta e sete servindo a Deus no Templo: uma vida plena de fidelidade à vontade de Deus. Seu serviço ao marido durou um tempo relativamente curto; já seu serviço a Deus durou o tempo de sua vida. Ela torna-se símbolo e figura de cada membro da Igreja, especialmente daqueles que nas comunidades, paróquias, dioceses, dedicam sua vida ao templo-casa de oração e aos templos vivos que são os irmãos e irmãs, na evangelização, na liturgia, na caridade.
A profetiza Ana recorda e evoca todas aquelas pessoas de boa vontade que, no seu tempo, formam o resto de Israel, a comunidade que acolhe o Messias. Hoje, Ana representa todas as pessoas que se tornam referência, exemplo e testemunho vivo em nossa Igreja.
A Diocese de Mogi das Cruzes, ao comemorar 59 anos de instalação, na abertura do ano jubilar dos 60 anos (Jubileu de Diamante), também faz memória de pessoas (vivas ou falecidas) que foram protagonistas nesta história. Desejo agora, recordar o nome de algumas destas testemunhas, visto que a história é feita por seus protagonistas. Não há como falar da Diocese sem recordar estes e tantos imemoriáveis outros nomes.
1. Antes de tudo, é preciso lembrar que até a criação da diocese (9.6.1962), a nomeação do primeiro bispo (11.08.1962) e a instalação (30.12.1962), deu-se o trabalho de uma Comissão pró-instalação da diocese. Dela fizeram parte:
- Professor Rodolpho Mohlmann (diácono permanente);
- Miled Andere (expedicionário na Itália na segunda guerra e membro da associação Pró-festa do Divino. Faleceu aos cem anos no final de 2020;
- Cônego Roque Pinto de Barros (pároco da catedral, idealizador e construtor da nova catedral)
- Pe. Melo (Manoel Bezerra de Melo). Ele foi padre, prefeito e fundador da OMEC: Organização Mogiana de Educação e Cultura, hoje UMC.
2. Como não mencionar os bispos anteriores: Dom Paulo Rolim Loureiro, Dom Emilio Pignoli, Dom Paulo Mascarenhas Roxo e Dom Airton José dos Santos;
3. Os administradores diocesanos (quando da vacância do bispo):
Pe. João de Oliveira Rosa Filho;
Pe. Bernardo Murphy;
Dom Paulo Mascarenhas Roxo;
Pe. José Eduardo Ferreira (que me acolheu e preparou minha posse para 24.11.2012);
4.A presença carmelita (desde o século XVII): representada pelos Freis Tinus e Gabriel, seguindo a tradição de Frei Fofinho e tantos outros.
5. Os padres: Refiro-me e agradeço a todos os padres (e também os diáconos permanentes), lembrando os nomes de: Pe. Alfredo Morlini (Vicente), Pe. Giovanni Cosimati, Pe. Gerasimo (in memoriam), Dom Emanuele Bargellini, Ezio Belini, Eugênio Höfler, Claudionir Braga do Carmo (este entre os primeiros a serem ordenados aqui).
6. Outras presenças marcantes (representando a atuação do laicato):
- Dona Ivone Leandro (verdadeira profetiza Ana, nesta igreja-catedral);
- Dona Penha (86 anos, membro atuante da Pastoral do Menor e Carcerária)
- Cícera Thadeu dos Santos (há cerca de trinta anos servindo em nossa cúria diocesana, em cuja pessoa agradeço aos outros servidores);
7. E os Padres falecidos (do meu tempo): José Carlos Velasco, Attilio Berta, Eduardo Mc Machon, Dimas Bueno, Francisco Pacheco, Francisco Deragil, Frei Maurício (conventual), Marco Aurélio Aguiar;
8. Congregações religiosas: masculinas e femininas (especial presença da Irmã Chiara Zimmitti).
Até aqui, a lembrança de pessoas que marcam esta belíssima história. Contudo, é necessário lembrar também outros aspectos:
9. Vida pastoral, que acontece através das pastorais, movimentos, associações, novas comunidades, setor da Família, entre outros.
10. O abnegado serviço de caridade realizado pelas pastorais sociais, Cáritas e tantas entidades sociais e expressões diversificadas de serviço aos pobres;
11. Presença no mundo da educação: Colégio Dona Placidina, Colégio diocesano Paulo VI e Faculdade de Filosofia e Teologia Paulo VI.
12. Irmandades e Associações: Sant’Ana, Santíssimo Sacramento, São Benedito, Ordem terceira carmelitana, Apostolado da Oração e diversas outras.
13. A piedade popular e suas festas: Festa do Divino Espírito Santo, de Sant’Ana, do Carmo, de todos os santos e santas padroeiros.
Uma fotografia, como a apresentada, é sempre a visão de uma parte. O todo de nossa diocese abrange infinitos outros ângulos. A recordação aqui apresentada quer remontar à mensagem conclusiva do evangelho de hoje, em que Lucas afirma, sobre o Cristo apresentado no Templo, que “o menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele”. Possa também a Diocese de Mogi das Cruzes, repleta do Espírito Santo de Deus, com firmeza e alegria, crescendo em sabedoria e graça continuar, perseverar em sua missão evangelizadora, servindo do povo de Deus. Viva a Diocese de Mogi das Cruzes!
Dom Pedro Luiz Stringhini
Mogi das Cruzes, 30 de dezembro de 2021.