Aniversário de Ordenação Episcopal
Sétimo dia do irmão e amigo João Pires
Mogi das Cruzes, 10 de março de 2022
A mensagem de Jesus, no Evangelho de hoje (Mt 7,7-12), quinta-feira da primeira semana da quaresma (Ano C), se exprime por meio de três verbos: Pedir – Procurar – Bater à Porta: Pedi e vos será dado ... Procurai e achareis ... Batei e a porta vos será aberta ... Pode-se interpretar: Pedir por meio da oração ... Procurar por meio do esforço e da solicitude ... Bater à porta com perseverança e até mesmo com aquela evangélica insistência.
Celebrando hoje 21 anos de minha ordenação episcopal, agradeço a todos os que aqui estão comigo em ORAÇÃO (além dos que durante o dia, pelas inúmeras mensagens, asseguraram sua prece em meu favor.
A Deus Pai, imploro para que (conforme pedimos na oração da coleta) “eu possa pensar sempre o que é reto e realiza-lo com SOLICITUDE” e para que, com PERSEVERANÇA o Senhor nosso Deus e nosso Pai complete em mim a obra começada (há 68 anos pelo batismo, há 41 anos pelo sacerdócio e há 21 pelo episcopado).
A Jesus Cristo, bom pastor e cabeça da Igreja que é seu corpo, peço que Ele seja sempre o modelo do meu pastoreio à frente do Povo de Deus presente nesta Diocese de Mogi das Cruzes. A Ele, Nosso Senhor Jesus Cristo, peço também perdão pelas minhas falhas e imperfeições, rogando que o meu serviço possa ter a marca do Seu Amor (o amor de Cristo), ou seja, sempre revestido daquele sentimento de compaixão e misericórdia, tão próprias do seu coração manso e humilde.
Ao Espírito Santo, rogo que me ele venha em socorro à minha fraqueza e me conceda sempre seus abundantes e inefáveis sete dons de sua graça: sabedoria e inteligência, conselho e fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. E que nunca me falte os dons da alegria, da paciência, bondade e audácia profética (parresia).
Peço a intercessão da bem-aventurada Virgem Maria para que eu coloque em prática tudo aquilo de que Ela é modelo: serva do Senhor, obediente e fiel à vontade de Deus e anunciadora do amor predileto de Deus pelos pobres, conforme proclamou no Magnificat: o Senhor olhou para a humildade de sua serva ... o Senhor derruba os poderosos e eleva os humildes, saciando de bens os famintos.
A mensagem do Evangelho de hoje completa-se com a promessa de Cristo a quem PEDE, PROCURA E BATE À PORTA, qual seja: “O Pai do Céu dará coisas boas aos que lhe pedirem”, o que corresponde, em Lucas, ao tema que lhe muito caro: “o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem” (Lc 11,13).
Estamos celebrando também o sétimo dia do saudoso irmão e amigo João Pires. Nossa oração se une à da sua esposa Ana, seus familiares e amigos – presentes ou ausentes. Com eles – Ana, familiares e amigos – também PEDIMOS, PROCURAMOS E BATEMOS À PORTA.
PEDIMOS e acreditamos que recebemos de Deus Pai o consolo nesse momento difícil de tristeza, saudade e separação.
PROCURAMOS abrigo e confiamos encontrar conforto e refúgio em Cristo que, em seu amor bondoso e solidário, chorou a morte do amigo Lázaro.
E, aproximando-nos de Cristo, BATEMOS À PORTA do Seu coração, na certeza de que Ele a abrirá e nos acolherá, recordando que, no Apocalipse, Ele mesmo disse: “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo” (Ap 3,20).
Cristo quer o nosso aconchego e nos quer em seu aconchego. Sim, em vida, nosso amigo João abriu a porta de sua casa e de seu coração a Cristo, com seu eloquente testemunho cristão, como esposo e pai de família exemplar e como de pessoa da Igreja, nas Equipes de Nossa Senhora, nas Alvoradas do Divino, na missa dominical, etc.
Há sete dias, Cristo bom pastor bateu à porta de sua vida e o transportou em seus ombros para o reino definitivo e o banquete celestial.
Nas Alvoradas da Festa, nosso amigo João Pires entoava o conhecido cântico: “os devotos do Divino vão abrir sua morada pra bandeira do Divino ser bem-vinda e ser louvada”. Sim, João fez de sua vida “morada do Divino” e hoje ele habita a casa do Pai e reclina-se no seio da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo, na Comunhão dos Santos, sob o olhar materno da Virgem Maria.
Cumpre-se para ele a promessa de Cristo: “na casa de meu Pai há muitas moradas ... vou preparar-vos um lugar ... e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais vós também” (Jo 14,2-3).
Pela vida de João Pires e pelo meu episcopado, juntos agradecemos. É bom recordar; é bom reviver; é bom celebrar ... É bom viver, pois cremos que participamos uns da vida dos outros e todos da vida plena em Deus.
Agradeço pela vida de minha mãe que, aos 88 anos, acompanha meus passos e reza conosco nesse momento. Com ela, meus irmãos, irmãs e familiares. Recordo o dia de minha ordenação episcopal, há 21 anos. Rezo pela saúde de Dom Cláudio Hummes, bispo ordenante, fazendo memória de Dom Paulo Evaristo Arns e Dom Luciano Mendes de Almeida (presentes naquele momento como bispos co-ordenantes). Rezo pelas três dioceses onde estive como bispo: São Paulo (9 anos), Franca (3 anos) e Mogi das Cruzes (9 anos).
Uma especial ação de graças na alegria deste ano jubilar da nossa Diocese que celebra 60 anos de criação e instalação, em 1962. Rendo infinitas graças à bondade de Deus, com as palavras do salmo de hoje: Ó Senhor, de coração eu vos dou graças, porque ouvistes as palavras de meus lábios! Perante os vossos anjos vou cantar-vos e ante o vosso templo vou prostrar-me. Eu agradeço vosso amor, vossa verdade, porque fizestes muito mais que prometestes (Sl 137/138).
Dom Pedro Luiz Stringhini
Mogi das Cruzes, 10 de março de 2022.