Ordenação sacerdotal
11 de junho de 2022 – Catedral de Sant’Ana
Anderson Lima Pereira – Felipe Vichi – Jefferson Calidônio André – João Lucas dos Santos – Leonardo de Souza Godoi – Lúcio de Souza Pinho Neto – Luiz Felipe Cruz – Vinícius Teodoro Vilela
“Tu os confiaste a mim”
“Tu os confiaste a mim” (Jo 17, 6)! São palavras de Jesus em sua oração a Deus, agradecendo ao Pai por ter-lhe dado os apóstolos e por ter confiado a Ele o cuidado dos mesmos. Faz parte da oração sacerdotal de Jesus, sua despedida, seu testamento. É uma oração em que Jesus, na intimidade e no abandono à vontade do Pai, expressa sua ternura, confiança e afeto para com os seus apóstolos e para com todos os apóstolos e discípulos que viessem depois deles: ó Pai! “Tu os confiaste a mim”! E continua sua oração, dizendo: “eles guardaram a tua palavra” ... “consagra-os na verdade” ... “como tu me enviaste ao mundo, assim também eu os enviei ao mundo”.
Caros filhos! Com ousadia, faço minhas as palavras de Jesus e também rezo, agradecendo ao Pai por ter presenteado a mim e à nossa Diocese com o dom da vida de vocês e o ministério presbiteral que agora recebem – um verdadeiro presente neste ano do Jubileu de 60 anos de criação da Diocese, celebrado anteontem (9 de junho).
Empresto as palavras de Cristo para rezar a mesma oração: Pai, “tu os confiaste a mim”. E assim expressar para com vocês, queridos presbíteros eleitos, a mesma ternura, confiança e afeto com que Cristo se dirigiu aos seus apóstolos, aos quais ele já tinha dito anteriormente: “vós sois meus amigos”. E de novo, com ousadia, mas com muita alegria, eu também lhes digo: “vós sois meus amigos”. Sim, vocês são para mim o fruto de uma amizade construída, passo a passo, nesses últimos anos, selada há seis meses quando pude lhes conferir o sacramento da ordem, no grau do diaconado, e consolidada no dia de hoje, pela ordenação presbiteral. Como diremos mais adiante: o amor de Cristo nos uniu!
Queridos irmãos e irmãs aqui presentes! Há seis meses, esses nossos irmãos foram aqui apresentados a vocês e a mim como jovens aos quais a Igreja pedia o diaconado. Hoje, eles são apresentados como adultos aos quais foi pedido que se lhes conceda o presbiterado. Mudaram tanto assim em seis meses? Sim. Sou testemunha disso. Ordenados diáconos, saíram da porta desta igreja catedral e partiram em missão: Vinícius em Mogi das Cruzes, Jefferson em Ferraz de Vasconcelos, Leonardo, Felipe Vicchi, João Lucas e Luiz Felipe em Itaquaquecetuba, Anderson no Mato Grosso, Lúcio no Maranhão, conforme as palavras de Cristo na sua oração ao Pai: “como tu me enviaste ao mundo, assim também eu os enviei ao mundo” (Jo 17,19).
Hoje, consagrados pela invocação do Espírito Santo, mãos ungidas com “o óleo da alegria”, revestidos da graça sacerdotal, Cristo, por meio da Igreja, os envia de novo: alguns para os mesmos lugares e outros para nova missão e novos desafios. Possam eles contar com a minha oração e com a de todos os aqui presentes, a começar pelos familiares, que assim já o fazem há muito tempo. Através do Pe. Felipe Vicchi Yaguinuma, nossa sexagenária diocese estará em missão na Bahia, na Diocese de Cruz das Almas, criada há apenas quatro anos e que se faz aqui representada pelo vigário geral, Pe. Antonio Rebouças, em nome do bispo diocesano, Dom Antonio Tourinho Neto.
“Tu os confiaste a mim e eles guardaram a tua Palavra”. Sim, até aqui eles perseveraram! E nossa oração, nesta missa, sobe aos céus pedindo a graça de continuarem perseverando no serviço a Deus, à Igreja e ao povo santo que caminha em meio às alegrias e tristezas, angústias e esperanças, promovendo, em Cristo, a glória de Deus. E que tudo aquilo que fizermos seja, de fato, “para a maior glória de Deus”. E com o apóstolo Paulo, possamos afirmar com convicção que “não desanimamos no exercício deste ministério que recebemos da misericórdia divina” (2Cor 4,1).
Irmãos e irmãs! Hoje o Senhor nos presenteia com oito novos padres. Um sentimento de alegria invade o coração de cada um deles e o nosso coração. É a alegria de toda a Igreja diocesana. Mais ainda, eles e seus familiares experimentam a verdadeira felicidade que, do céu, vem ao mundo aos “que não são do mundo” (Jo 17,16). Sobretudo porque, cada dia, ao celebrar a Eucaristia e, por meio dela, proclamar o mistério da fé nela contido, eles experimentarão a mais completa alegria e a verdadeira felicidade.
Queridos filhos, ao contemplar sobre o altar a hóstia na patena, o vinho no cálice e as partículas de pão nos reluzentes vasos sagrados, em atitude de profunda humildade e adoração, recordamos as palavras do apóstolo Paulo: “trazemos esse tesouro em vasos de barro para que todos reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e não de nós” (2 Cor 4,7). Somos necessários, sim, porém frágeis instrumentos, com os quais o Senhor conta para “servir o povo de Deus no serviço da liturgia, da palavra e da caridade, em comunhão com o bispo e o seu presbitério” (LG 29).
A eucaristia é a fonte, o centro e o ápice da vida da Igreja. É o mais precioso alimento da vida espiritual do padre. A esse indispensável e salutar alimento, a espiritualidade presbiteral vem acompanhada da oração constante e da devoção a Maria, mãe de Jesus, mãe da Igreja e mãe dos sacerdotes. Nesse sentido, Dom Paulo Roxo, nosso saudoso bispo emérito, deixou grande exemplo. E eu vejo também, caros irmãos e irmãs, o quanto a devoção mariana está tão presente e o quanto sustenta a vida e o ministério desses nossos candidatos.
Encerro falando daesperança. O mundo precisa dela e a Igreja é um grande sinal de esperança para a humanidade. E vocês, queridos filhos, abraçando a vocação e o ministério sacerdotal prolongam o anúncio dessa esperança. E o fazem no dia a dia, por gestos concretos: o testemunho de fé, o entusiasmo contagiante, as iniciativas pastorais, o dinamismo na evangelização. E por mostrarem-se amigos do povo. Mas tem uma coisa fundamental: logo mais, quando cada padre vier abraçar vocês, eles estarão acolhendo vocês no presbitério. Imaginem a alegria deles receber mais oito novos irmãos. Eles contam com vocês: sua presença, amizade, jovialidade e proximidade. A fraternidade sacerdotal é um verdadeiro bálsamo que consola, anima e revigora as forças. “Óh! Como é bom, como é agradável, sentar-se todos juntos, como irmãos!” (Sl 133/132,1). Amém!
Dom Pedro Luiz Stringhini
Mogi das Cruzes, 11 de junho de 2022