Home

Palavra do Bispo | Homilia - 02/07/2022

Homilia - 02/07/2022

SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO

Santuário de Aparecida – Romaria da Diocese de Mogi das Cruzes

02 de julho de 2022

 

Nesta Eucaristia, na basílica de Nossa Senhora Aparecida, rainha e padroeira do Brasil, com a presença de romeiros, vindos de tantos recantos do Estado de São Paulo e do Brasil, com diversas dioceses aqui representadas, está também a Diocese de Mogi das Cruzes, realizando hoje sua romaria anual.

 

Neste ano, a Diocese de Mogi das Cruzes celebra o jubileu de 60 anos de sua criação e instalação. Foi criada no dia 9 de junho de 1962, através da bula assinada pelo Papa São João XXIII. A cerimônia pública instalação e a posse do seu primeiro bispo, Dom Paulo Rolim Loureiro, foi celebrada em 30 de dezembro daquele mesmo ano de 1962. A diocese tem como padroeira Sant’Ana, mãe da Virgem Maria, que já era padroeira da Vila, desde a sua fundação, há mais de 400 anos e, posteriormente, também do Município.

 

Com gratidão e saudade, celebramos hoje o primeiro mês de falecimento (completado ontem) do nosso bispo emérito, Dom Paulo Mascarenhas Roxo. Rendemos graças pelos 15 anos em que foi bispo diocesano e pelos 17 anos que, como bispo emérito, continuou auxiliando em diversos serviços, gozando de boa saúde, vigor, sabedoria e entusiasmo.

 

Nesta santa missa, estamos celebrando a vigília da solenidade de São Pedro e São Paulo, apóstolos e mártires de Jesus Cristo, denominados as duas colunas da Igreja, verdadeiros pilares que, no início do cristianismo, consolidaram os caminhos que a Igreja haveria de percorrer na História.

 

A partir de Pentecostes, o nascimento da Igreja indicou os rumos que norteariam a história da humanidade, denominada era cristã. Nesses primórdios, Pedro e Paulo, corajosamente, anunciaram o Evangelho de Jesus Cristo pela pregação e o testemunharam pelo martírio, quais intrépidos baluartes, cuja voz continua ecoando e inspirando a missão evangelizadora dos cristãos, nos dias de hoje, em toda a face da Terra.

 

Maria, venerada com tantos títulos, entre os quais, Mãe de Cristo, mãe do Redentor, mãe do Divino amor, é, sobretudo, mãe da Igreja, estando ela presente aos pés da cruz, quando a Igreja era gestada e fecundada; presente também em Pentecostes quando germinava e despontava.

 

É a ela – Maria – que todos nós, aqui, neste momento, pedimos a proteção e a intercessão, confiantes que, do seu dourado trono onde habita a pequena imagem de Aparecida, seu olhar de ternura e graça chega a todos os corações, transformando-os pelo amor de Cristo e animando-os com a verdadeira esperançae a certeza da providente bondade do nosso Deus e Pai.

 

Hoje, a Palavra de Deus proclamada trouxe aos nossos ouvidos e corações fatos da vida dos apóstolos Pedro e Paulo: Pedro, anunciador entre os judeus e cabeça da Igreja; Paulo, missionário e apóstolo dos gentios.

 

Pedro figura entre os primeiros pescadores que, à beira do mar da Galileia, Jesus chamou para serem apóstolos. Era Simão, a quem Jesus mais tarde chamou de Pedro – Cefas, que quer dizer Pedra (cf. Jo 1,42) – pois ele seria a pedra sobre a qual edificaria sua Igreja (cf. Mt 16,18).

 

O final do evangelho de João que acabou de ser proclamado, narrou o último diálogo de Jesus com Pedro (Jo 21,15-19) documentado nos santos evangelhos. Um diálogo definitivo: por três vezes Jesus pergunta: “Pedro, tu me amas”? e por três vezes Pedro responde: “Senhor, tu sabes que eu te amo!” e por três vezes Jesus ordena: “apascenta minhas ovelhas”. Depois disso, Jesus repete o convite feito lá no início, no primeiro chamado: “Segue-me”. Em resumo: amar a Cristo e apascentar as ovelhas, isto é, amar a Cristo servindo aos irmãos. O serviço do apóstolo é ser pastor, do mesmo modo que a Igreja é, no mundo, sinal da presença do bom pastor. Quem ama se coloca a serviço e quem serve até às últimas consequências doa sua vida. Assim fez São Pedro: derramou seu sangue por Cristo e pela Igreja.

 

Para o Papa São Leão Magno (ano 461), em Pedro, “a força do amor triunfou sobre as razões do temor”. O temor o fez negar três vezes. O amor superou a fragilidade, permitindo-lhe, “fortalecido pela tríplice pergunta de Jesus” (cf. Jo 21,15ss) e sua incisiva e segura resposta: “Senhor, tu sabes que eu te amo”, seguir definitivamente o Mestre, com coragem, audácia e a sabedoria do Espírito.

 

Sim, é desse modo, conforme está narrado no Livro dos Atos dos Apóstolos, na 1ª leitura, que Pedro, no templo de Jerusalém, realiza prodígios na vida do coxo de nascença, restituindo-lhe a dignidade: “não tenho ouro nem prata, mas o que tenho te dou: em nome de Jesus Cristo, levanta-te e anda” (At 3,6).

 

Paulo chegou mais tarde. Como ele mesmo diz: “em último lugar” (1 Cor 15,8), “pois sou o menor dos apóstolos; nem sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus” (v. 9). Porém, ele fora alcançado pelo Cristo ressuscitado (cf. Fl 3,12) naquele encontro decisivo, na estrada de Damasco. A força da ressurreição o levantou da cegueira para torna-lo o grande missionário do Evangelho que recebeu “por revelação de Jesus Cristo” (Gl 1,11). Por isso, Paulo afirma que Deus o separou desde o ventre materno e o chamou por sua graça e se dignou revelar-lhe o seu Filho – Palavra eterna – para que ele o pregasse entre os pagãos (cf. Gl 1,15-16).

 

E nós, aqui reunidos em torno deste altar, em louvor e ação de graças, rezamos pelas nossas famílias e pela grande família que somos todos nós, na Igreja, em união com o Papa Francisco e com todos os irmãos e irmãs, com todas as dioceses, paróquias e pastorais. Rezamos também pelo Brasil, para que encontre novos rumos, vencendo o desemprego, superando a fome que atinge mais de 30 milhões de brasileiros, eliminando toda mentira e corrupção e acabando com a violência contra os indígenas, a natureza e os pobres do nosso País.

 

Olhos fixos em Jesus Cristo, sob a proteção do manto materno de Maria, à luz do ensinamento e do testemunho dos apóstolos Pedro e Paulo, irmanados na alegria da pertença à Igreja, colocamos nossa vida na mesa da Eucaristia – ceia pascal, banquete que alimenta, sacrifício redentor. Amém!

 

 

Dom Pedro Luiz Stringhini

Mogi das Cruzes, 02 de julho de 2022