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Palavra do Bispo | Audiência com o Papa Francisco

Audiência com o Papa Francisco

O Papa Francisco recebeu em audiência, no dia 23 de setembro de 2022, os arcebispos e bispos das Províncias eclesiásticas de Aparecida, São Paulo e Sorocaba, do Regional Sul 1 da CNBB, que realizavam a visita Ad Limina Apostolorum. Na entrada, o Santo Padre saudou os bispos um a um, recebendo deles algumas lembranças e correspondências. Iniciando a audiência, permitiu a cada bispo que desejasse fazer uso da palavra.

 

A primeira intervenção foi o agradecimento ao Papa pela boa acolhida dispensada aos bispos nos dez dicastérios em que foram recebidos, num clima diálogo, escuta e troca de experiências. Foi dito ao Santo Padre que tal espírito de fraternidade foi compreendido como reflexo de sua orientação e seu modo de conduzir a Igreja, em que deve prevalecer a dimensão do serviço.

 

Outro irmão bispo recordou e agradeceu ao Santo Padre Francisco pela sua clara e explícita opção pelos pobres, seu empenho na defesa da criação e interesse pela preservação da Casa Comum, o Planeta Terra, conforme a Encíclica Laudato Si’ (2015) e os esforços em favor da Paz mundial. Mencionou-se a guerra na Ucrânia e a difícil situação do Líbano. Perguntado sobre a possibilidade de uma visita ao Líbano, o Papa respondeu afirmativamente.

 

Aos bispos – pastores da Igreja à frente de suas dioceses – o Papa exortou que sejam pastores segundo o coração de Deus. Disse que “a proximidade é o estilo de Deus” e que “não se pode ser pastor sem proximidade”. Lembrou quatro dimensões dessa proximidade: “com Deus, pela oração; entre os irmãos bispos, no exercício da unidade e da comunhão; com os sacerdotes, na fraternidade presbiteral e afeto ao clero, e com o povo, no cuidado das pessoas, especialmente dos que sofrem e dos pobres.

 

No momento em que o Documento de Aparecida foi mencionado, o Papa recordou as anteriores conferências episcopais latino-americanas, citando Dom Luciano Mendes de Almeida como aquele que garantiu se chegasse a bom termo o Documento de Santo Domingo (1992). Recordou a linha ecológica do Documento de Aparecida (2007), ressaltando que, para a elaboração da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (24 de novembro de 2013), sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, ele mesmo se inspirou em Aparecida e na Exortação Apostólica de São Paulo VI Evangelii Nuntiandi (8 de dezembro de 1975), sobre a evangelização.

 

Um dos bispos agradeceu o Santo Padre pelo Sínodo, cuja assembleia será em 2023 e cujo processo de consulta, preparação e vivência prática está acontecendo nas dioceses, a partir do tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. Falou-se do esforço de superação do clericalismo, e para tanto, completou o Papa, é necessário revisitar a Lumen Gentium (LG) com sua chave de compreensão que é o conceito de Igreja Povo de Deus. O Papa lembrou ainda ser propício, no momento atual, retomar as quatro constituições conciliares: Lumen Gentium, Dei Verbum, Sacrosanctum Concilium e Gaudium et Spes.

 

Abordaram-se ainda outros temas de grande importância: os tribunais eclesiásticos diocesanos, sobretudo no encaminhamento e solução para processos matrimoniais; a comissão de proteção aos vulneráveis e a tolerância zero em relação aos abusos; o cuidado e a evangelização da Juventude, com destaque às Jornadas Mundiais da Juventude e a presença da Igreja nas escolas, não só confessionais e particulares, mas sobretudo nas públicas; a importância e abrangência da Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris Laetitia (19 de março de 2016), sobre o amor na família, dirigida especialmente aos esposos cristãos.

 

O Papa Francisco ainda abriu aos bispos a possibilidade de relatar alguma experiência de prática pastoral junto aos mais pobres. Foram mencionadas experiências ligadas às pastorais sociais e às cáritas diocesanas (povo de rua, lixão, etc). Fez-se também referência ao momento atual do Brasil, a poucos dias das eleições para deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidente da República. O Papa mostrou-se solidário aos esforços da Igreja e de toda a sociedade organizada para serenar os ânimos e evitar a violência. Sobretudo, haja vigilância para que os resultados das eleições sejam reconhecidos e a democracia seja preservada e fortalecida.

 

O encontro foi rico em conteúdo, num ambiente alegre e descontraído, que possibilitou uma forte experiência de amizade e fraternidade, geradora de entusiasmo e ânimo para os bispos, suas dioceses e todo o povo de Deus. Os bispos colheram do Papa Francisco seu testemunho e sua bênção.

 

 

Dom Pedro Luiz Stringhini

Roma, 28 de setembro de 2022

 

 

 

Foto: Vatican Media