FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA
Missa de encerramento do Jubileu de Diamante da
Diocese de Mogi das Cruzes
Catedral de Sant’Ana, 30 de dezembro de 2022
“Senhora Sant’Ana, doce mãe deste rincão, fortalecei-nos na missão”!
“Senhora Sant’Ana, doce mãe deste rincão, abençoai nossa missão”! Eis o lema do Jubileu de 60 anos de criação e instalação da Diocese de Mogi das Cruzes. Neste tempo litúrgico do Natal, no dia em que toda a Igreja celebra a Festa da Sagrada Família, reúne-se a família diocesana para o encerramento deste jubileu.
O decreto de criação da Diocese foi assinado no dia 09 de junho de 1962, pelo então Papa João XXIII, e a celebração pública de instalação e posse do primeiro bispo, Dom Paulo Rolim Loureiro, aconteceu no dia 30 de dezembro daquele mesmo ano.
Há sessenta anos (1962), o território correspondente aos municípios da Região do Alto Tietê desmembrava-se da Arquidiocese de São Paulo, constituindo assim a Diocese de Mogi das Cruzes. Mais tarde, no ano de 1981, portanto, há 41 anos, um desses municípios, Guarulhos, tornou-se uma nova diocese, de modo que, hoje, da nossa diocese fazem parte dez municípios: Mogi das Cruzes, Suzano, Poá, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Arujá, Santa Isabel, Guararema, Salesópolis e Biritiba Mirim. Somos uma das nove dioceses da Região metropolitana da Grande São Paulo que formam a Província Eclesiástica de São Paulo, tendo como sede metropolitana a Arquidiocese de São Paulo e como metropolita seu arcebispo, Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer.
O Ano Jubilar que estamos encerrando foi iniciado há um ano, na festa da Sagrada Família de 2021. Na ocasião, celebramos a missa e, em seguida, foi inaugurada uma exposição com fotos e objetos que ilustram a história da diocese, desde seus primórdios.
Naquela celebração de abertura, ano passado, recordamos os protagonistas da história da diocese: a Comissão pró-instalação; os bispos anteriores; o Cônego Roque [Pinto de Barros], pároco, idealizador e construtor da nova catedral; os administradores diocesanos (em cada vacância do bispo); a presença dos frades carmelitas (desde o século XVII); a presença camaldolense; o clero (hoje com 150 padres, 55 diáconos permanentes e 4 transitórios); as congregações religiosas femininas e masculinas e um grande contingente de leigos e leigas, que marcaram no passado e que dinamizam, no presente, a ação pastoral e evangelizadora da diocese.
Foi recordado que a vida diocesana se move através das mais diversas expressões: pastorais, movimentos, associações, novas comunidades, setor da Família, escola da cidadania, etc. Também foi ressaltado o abnegado serviço de caridade, realizado pelas pastorais sociais, Cáritas, entidades sociais, vicentinos e tantos diversificados serviços de assistência aos pobres e de promoção humana. Nossa diocese contribui significativamente no campo da educação, haja vista a Faculdade Paulo VI e os colégios.
Hoje, a diocese conta com noventa paróquias (algumas ainda não instaladas). A religiosidade popular, entranhada na alma do nosso povo, revela o rosto da diocese. Daí as festas devocionais (do Divino Espírito Santo e de Sant’Ana, por exemplo) e as celebrações dos santos e santas padroeiros. Além da presença das tradicionais irmandades e associações.
Foi significativo o fato que, durante o ano jubilar, a imagem peregrina da padroeira Sant’Ana foi acolhida, cada mês, em um dos dez municípios, lá permanecendo e percorrendo as paróquias e comunidades. Dia 9 de junho, na catedral, celebramos os 60 anos da assinatura do decreto de criação. Dia 2 de julho, milhares de pessoas participaram de uma Romaria ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, na cidade da padroeira do Brasil. Entre os dias 17 a 20 de novembro, foi celebrada, na catedral, a Festa diocesana Evangelizai. Como fruto da animação vocacional, tivemos, no decorrer deste ano, a graça da ordenação de 11 sacerdotes, seis diáconos permanentes e vários diáconos transitórios. Com o jubileu diocesano, celebramos também vários jubileus de sacerdotes que completaram 25, 30, 40, 60 e 70 anos de ministério presbiteral.
Falecimentos também marcaram este ano jubilar. A Diocese se despediu de diversos irmãos e irmãs queridos, dentre eles o Diácono Marcos Antonio da Silva (15 de janeiro), Dom Paulo Mascarenhas Roxo, nosso bispo emérito e terceiro bispo diocesano (01 de junho) e Pe. Jefferson Calidônio André (06 de novembro). Rezemos pelo descanso e a felicidade eterna desses nossos irmãos, com profunda gratidão pelo ministério de cada um, breve ou longo: Diácono Marcos, apenas um mês, Pe. Jefferson, cinco meses, e Dom Paulo, 70 anos de sacerdócio, celebrados in memoriam no último dia 20 de agosto.
Tempo de Natal! Festa da Sagrada Família! Somos convidados a contemplar o presépio, recordando as palavras do Papa Bento XVI, por cuja saúde estamos rezando. Ele disse: “na pobre gruta de Belém, resplandece uma luz levíssima, reflexo do Mistério profundo que envolve aquele Menino, e que Maria e José guardam em seus corações e deixam transparecer nos seus olhares, seus gestos e, sobretudo, nos seus silêncios” [Praça de São Pedro, 26.12.2010, citando os padres da Igreja].
São também de Bento XVI as seguintes palavras: “celebrando a festa da Sagrada Família, adoramos o Mistério de um Deus que quis nascer de uma mulher, a Virgem Santa, e entrar nesse mundo pelo caminho comum a todos os seres humanos. Assim, santificou a realidade da família, enchendo-a da Graça divina e revelando plenamente a sua vocação e missão ... A família cristã participa [desse modo] da vocação profética da Igreja”, ou seja, o anúncio das bem-aventuranças do Reino de Deus [30.12.2007].
Na Sagrada Família de Nazaré, contemplamos a plenitude da história da Salvação, cujo centro é o mistério pascal de Cristo, no interior do qual se contempla o mistério da Encarnação: “o verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14).
No seio de uma família, o Filho de Deus se fez homem, unindo a natureza humana à divina, e se fez pobre “para nos enriquecer com sua pobreza” (2 Cor 8,9). Assumindo em tudo a condição humana, menos o pecado, Cristo não foi poupado de nenhum tipo de sofrimento, do início ao fim de sua vida terrena. Não bastasse o fato de não ter lugar numa hospedaria para nascer, teve que ser levado ao Egito, por José e Maria, para fugir da fúria de Herodes. Lá permaneceu até à morte de Herodes, voltando com seus pais “para a região da Galileia” (Mt 2,22).
A primeira leitura, do livro do Eclesiástico, faz uma reflexão sapiencial sobre o quarto mandamento: honrar pai e mãe. Na Carta aos Colossenses (Cl 3,12-21), São Paulo retoma o mandamento maior: “amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição” (v. 14). Amor na família: “esposas, sede solícitas ... maridos, amai vossas esposas ... filhos, obedecei aos vossos pais” (vv. 18-20). Amor na Igreja, “como membros de um só corpo” (v. 15a), e em constante ação de graças: “sede agradecidos e que a palavra de Cristo, com toda sua riqueza, habite em vós ... cantai a Deus salmos, hinos e cânticos espirituais, em ação de graças” (vv. 15b-16). É o que fazemos neste momento, louvando, bendizendo e dando graças.
Possa a Diocese de Mogi das Cruzes, guiada pelo Espírito Santo de Deus, com firmeza, alegria, e gratidão, perseverar em sua missão evangelizadora, servindo o povo de Deus.
“Senhora Sant’Ana, doce mãe deste rincão, fortalecei-nos na missão”! Sim, peçamos a intercessão de Sant’Ana, patrona da Diocese, de seu esposo São Joaquim, do Beato Pe. Eustáquio (Bem-Aventurado Eustáquio van Lieshout, missionário no Alto Tietê de 1935 a 1941), para que sejamos todos fortalecidos na fé e na missão. Intercedam, de modo especial, a Virgem Maria e seu esposo São José, para que Cristo reine em nossos corações, em nossa diocese e em toda a Igreja.
Viva a Diocese de Mogi das Cruzes!
Dom Pedro Luiz Stringhini
Mogi das Cruzes, 30 de dezembro de 2022.
Festa da Sagrada Família