Ordenação diaconal de Alisson Nascimento de Freitas
Catedral de Sant’Ana, 9 de dezembro de 2023
Saudações!
Mons. Antonio Robson Gonçalves (vigário-geral), Mons. Dorival Aparecido de Moraes (pároco e cura da Catedral), Pe. Aleksandro Basseto Moreira (reitor), demais presbíteros, diáconos, consagradas/os, seminaristas, irmãos e irmãs presentes na catedral e também os que acompanham pela mídia virtual.
Seminarista Alisson Nascimento de Freitas, seus pais (Maria Rita e Everaldo José), suas avós (Maria José e Antônia Maria) e seus irmãos (André e Wendell).
“JESUS, OLHANDO PARA ELE, O AMOU” (Mc 10,21)
Com este lema, escolhido pelo seminarista Alisson, vamos meditar sobre o olhar amoroso de Jesus, isto é, a força do amor que brota do olhar de Jesus. Este versículo, do evangelho de São Marcos, narra que um homem muito rico (segundo S. Mateus, um jovem muito rico) perguntou a Jesus: “Bom mestre, que farei para herdar a vida eterna”? (Mc 10,17). Observar os dez mandamentos, disse Jesus. O jovem responde: “Mestre, tudo isto eu tenho observado desde a juventude” (v. 20). Então, “Jesus, olhando para ele, o amou e disse: ‘uma coisa te falta: vai, vende o que tens, dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me’!” (v. 21).
Proposta ousada esta de Jesus: vender tudo, dar aos pobres e possuir o verdadeiro tesouro. E ainda um convite radical: vem e segue-me. As palavras de Jesus abalaram a segurança daquele homem, de modo que ele “foi embora triste, porque possuía muitas propriedades” (cf. v. 22).
Aquele bom moço não foi capaz de abrir mão de sua riqueza. Ele seguia a Lei, os preceitos, os mandamentos, mas não teve coragem de seguir uma pessoa, Jesus Cristo. Mais tarde, São Gregório Magno (II diálogos) dirá: “antes de seguirmos doutrinas, seguimos pessoas”.
Como aquele jovem do tempo de Jesus, e tantas pessoas de todos os tempos, Alisson também foi tocado pelo olhar de amor de Jesus, mas não ficou triste, nem foi embora. Pelo contrário, com alegria, decidiu apostar na vocação e responder ao chamado de Jesus: “vem e segue-me”.
Ainda bem jovem, com 16 anos, Alisson tomou a decisão e ingressou no Seminário Menor de nossa diocese. Muito aplicado nos estudos, empenhava-se também em ajudar os outros seminaristas que tinham dificuldades nas tarefas da escola. Cursou os três anos de filosofia, os quatro de teologia e, por fim, deu mais um passo, pedindo para ser ordenado diácono. Ele sabe que a palavra diácono significa ‘servidor’, aquele que exerce a diakonia, o serviço. O ministério do diácono, na Igreja, é o serviço às três mesas: da palavra, da eucaristia e dos pobres, ou seja, o serviço da caridade.
Alisson tem dado um bom exemplo, levando a sério a vivência de sua vocação, testemunhando em sua vida a palavra que ouvimos de São Paulo, na 2ª leitura (Ef 4,1-7.11-13): “exorto-vos a caminhardes de acordo com a vocação que recebestes, com humildade, mansidão, paciência e amor” (cf. vv. 1.2). Alisson é bem consciente que “cada um recebeu a graça na medida em que Cristo lha deu” (v. 7). E sabe também que “Cristo capacitou os santos para o ministério, isto é, para a edificação do Seu corpo” (cf. v. 12), que é a Igreja.
Na oração desta missa, suplicamos que, ao Alisson, recaia toda graça de Deus que ele necessita para prosseguir e perseverar. Por isso nós rezamos: “concedei a este seu servo Alisson que hoje vos dignais escolher para o serviço diaconal, solicitude em sua tarefa, mansidão no trabalho e constância na oração”. Três virtudes fundamentais: solicitude, mansidão e constância! Um verdadeiro projeto de vida!
Voltemos ao lema: “Jesus, olhando para ele, o amou” (Mc 10,21). Sobre o amor de Cristo e o amor a Cristo, Papa Bento XVI sempre insistia que, mais que um conjunto de ideias, é a pessoa de Cristo que seguimos. Em Aparecida, no discurso inaugural da V Conferência do episcopado da América Latina (13.05.2007), afirmou que Jesus Cristo não é “um Deus apenas pensado ou hipotético, mas o Deus com um rosto humano; é o Deus-conosco (Emanuel), o Deus de amor até a cruz. E quando o discípulo chega à compreensão deste amor de Cristo ‘até ao extremo’, não pode deixar de responder [a este amor], a não ser com um amor semelhante: ‘seguir-te-ei para onde quer que fores’!” (Lc 9,57).
Aos jovens, o Papa Bento XVI costumava ensinar: “Não tenhais medo de Cristo! Ele não tira nada, ele dá tudo. Quem se doa por Ele, recebe o cêntuplo. Sim, abri [de par em par] as portas a Cristo e encontrareis a vida verdadeira”.
Bento XVI disse ainda (18.08.2006): “Queridos jovens, a felicidade que procurais, a felicidade que tendes o direito de saborear tem um nome, um rosto: o de Jesus de Nazaré, oculto na Eucaristia. Só ele dá plenitude de vida à humanidade!”.
E mais: "Quem faz entrar Cristo na própria vida nada perde, nada absolutamente nada do que torna a vida livre, bela e grande ... Só nesta amizade desabrocham realmente as grandes potencialidades da condição humana ... o que é belo e o que liberta" (Homilia para o início do ministério de Supremo Pastor, 24 de Abril de 2005).
Deus é amor e, por isso mesmo, a fonte do amor que se irradia no Filho Unigênito e d’Ele, pela força, graça e luz do Espírito Santo, para toda a humanidade. O Filho vive e age segundo o dinamismo de amor do Pai: “como meu Pai me amou, assim também eu vos amei” (Jo 15,9a). E conclama a entrarmos neste mesmo círculo virtuoso do amor: “permanecei no meu amor!” (Jo 15,9b) ... “para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena” (Jo 15,11).
É esta boa notícia do amor profundo e incondicional de Cristo à humanidade, revelado e vivido em Sua Igreja, que acompanha Alisson em sua vida, antes de tudo, com auxílio, apoio e testemunho de sua própria família, desde o seu batismo. Mais tarde (em 2013), eu tive a graça de lhe conferir o sacramento da crisma (a ele e ao seu irmão André). Depois veio o tempo do seminário, e hoje, diácono eleito, confirma e renova sua vocação e sua resposta ao convite de Jesus: “vem e segue-me”. E o faz com firmeza e coragem, com serenidade e consistência, como é o seu jeito de ser. Ele sabe que escolhas comportam renúncias, despojamento e sacrifícios, conforme as recomendações de Jesus: “se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me” (Lc 9,23). Dom Bosco, certa vez, disse aos seus jovens: "eu não vos disse que seria fácil; eu disse que valeria a pena".
Querido diácono eleito, Alisson, hoje você dá mais um passo no sentido de corresponder ao olhar de amor de Jesus, convicto que vale a pena vivenciar e saborear a alegria de servir. A Diocese de Mogi das Cruzes vive com você este momento de alegria e entusiasmo, de fé e oração, na certeza que seu ministério diaconal e, posteriormente, o presbiteral, somará forças à missão evangelizadora da nossa Igreja. Seu edificante testemunho atrairá muitas pessoas, especialmente jovens.
Nesta nova etapa de sua vida, conte com nosso apoio e orações na grande aventura de servir. Conte também com minha amizade e minha bênção. É preciso remar sempre, sem desanimar pelo cansaço das jornadas mais pesadas. As palavras de Cristo: “eu não vim para ser servido mas para servir e dar a vida” (cf. Mc 10,45) reanimem sempre seu propósito e sua missão, pela intercessão de Sant’Ana, padroeira de nossa Diocese, e de Maria, mãe de Jesus, mãe da Igreja, mãe das vocações.
Nossa Senhora do Carmo, rogai por nós!
Nossa Senhora da Imaculada Conceição, rogai por nós!
Amém!
Dom Pedro Luiz Stringhini
Mogi das Cruzes, 09 de dezembro de 2023