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Palavra do Bispo | Homilia - 07/09/2024

Homilia - 07/09/2024

Homilia para a Ordenação sacerdotal de Luiz Felipe de Souza

07 de setembro de 2024

 

 

Saudações:

Monsenhor Antonio Robson Gonçalves

Monsenhor Dorival Aparecido de Moraes

Padres, Diáconos, Seminaristas, Consagradas/os

Pais: Luiz José de Souza e Irene Rodrigues Eroles e familiares

Irmãos e irmãs

 

Senhor, eu te amo! (Bento XVI)

 

Este é o lema escolhido pelo presbítero eleito, o Diácono Luiz Felipe. Foram as últimas palavras proferidas pelo Papa emérito, Bento XVI, minutos antes de morrer (31.12.2022). Com um fio de voz, mas de modo compreensível, disse em italiano: "Senhor, eu te amo!", coroando sua existência com uma síntese do que fora a inteira sua vida, isto é, uma contínua e completa oblação de amor a Jesus Cristo, na oração, no estudo, no labor acadêmico, no longevo, incansável e generoso serviço à Igreja.

 

 Em latim: Domine, amo te! Senhor, eu te amo! Hoje, aqui, estas últimas palavras do Papa Bento XVI tornam-se as primeiras do ministério presbiteral que o diácono Luiz Felipe abraça para toda sua vida. Assumidas como lema, inspiração e meta para quem se propõe servir à Igreja e ao povo de Deus, por amor a Jesus Cristo, estas palavras configuram, deste modo, a resposta ao apelo do Senhor: “Permanecei no meu amor” (Jo 15,9).

 

Recorramos mais uma vez ao Papa Bento XVI. Em 29 de agosto de 2006, em seu “testamento espiritual”, publicado por ocasião de sua morte, ele também exorta à perseverança, com as seguintes palavras: “digo a todos aqueles que na Igreja foram confiados ao meu serviço: permanecei firmes na fé! Não vos deixeis confundir”, como que recordando as palavras do apóstolo Pedro, em sua primeira carta, ao exortar: “se sois zelosos do bem ... estai sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pede” (1 Pd 3,13.15).

 

Nossa Igreja diocesana, reunida em oração, também suplica o dom da perseverança. E o faz pela intercessão da Virgem Maria, dos santos e santas, que invocaremos no canto da ladainha. Em seguida, pela imposição das mãos e a unção do Espírito Santo, Deus abençoará, consagrará e santificará o presbítero eleito Luiz Felipe com a graça do segundo grau do Sacramento da Ordem. Ordenado sacerdote, nossos sinceros votos é que seu ministério seja longo, feliz, frutuoso e abençoado. E que o neo-sacerdote exerça seu ministério com amor e dedicação, para a maior glória de Deus.

 

Senhor, eu te amo! O preceito do Amor é o mandamento maior de Jesus Cristo: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12); o apóstolo Paulo afirma que “o amor jamais passará” (1Cor 13,8) e que “agora permanecem a fé, esperança e o amor, essas três virtudes. A maior delas, porém, é o amor” (1Cor 13,13). Luiz Felipe tece um profundo elo de ligação entre o lema da ordenação diaconal: O amor de Cristo nos impele! (2 Cor 5,14) – e o da ordenação presbiteral: Senhor, eu te amo! Ou seja: o amor de Cristo, como inspiração para o diaconado, e o amor a Cristo, como propósito para o presbiterado.

 

E nisto consiste este elo de ligação: que à oferta gratuita de amor do Senhor corresponda uma resposta generosa de amor da nossa parte. A pessoa que acolhe e experimenta, em sua própria vida, o amor de Cristo, fará de sua vida uma oferenda agradável de amor a Cristo. É a reciprocidade inseparável da realidade humana e sobrenatural do amor. Quem nos separará do amor de Cristo? (Rm 8, 35). A pergunta é do apóstolo Paulo que, em seguida, responde: nada “poderá nos separar do amor de Deus manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8, 39).

 

Temos ainda que “o amor é o vínculo da perfeição” (Cl 3,14) e tal vínculo se estreita ainda mais no sacerdócio, pois o Cristo que nos ama é o Cristo sacerdote. Ouvimos na 2ª leitura que Jesus é “aquele que nos ama, que por seu sangue nos libertou dos nossos pecados e que fez de nós um reino de sacerdotes para seu Deus e Pai” (Ap 1,5-6).

 

Abraçando o sacerdócio, Luiz Felipe sela o propósito ardente de amar intensamente o Senhor Jesus, o sumo e eterno sacerdote da nova aliança, conforme o próprio Pai o proclama: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec (Hb 5, 6, cf. Sl 110, 4 e Hb 5, 10). O santuário de Cristo é o universo e seu tabernáculo é o coração de todos os que o buscam e o amam acima de todas as coisas. Ele é ministro do Santuário e da Tenda verdadeira, armada pelo Senhor (Hb 8, 2).

 

Em resumo, eis um belo programa para o ministério sacerdotal que o diácono Luiz Felipe abraça: amar Jesus Cristo, permanecer firme na fé, permanecer no amor de Cristo, experimentar a verdadeira alegria. E a verdadeira alegria do cristão é servir, o que se aplica, de modo especial, aos que são ungidos com o “óleo da alegria (Is 61, 3), os “sacerdotes do Senhor, chamados ministros de nosso Deus” (Is 61,). “Lembrando as palavras do Senhor Jesus que disse: há mais felicidade em dar que receber” (At 20, 35), “pois Deus ama quem se doa com alegria” (cf. 2Cor 9, 7).

 

Servir com alegria! O serviço que a Igreja, conduzida pelo Espírito Santo, oferece à humanidade é a Evangelização. De fato, evangelizar é a missão dos profetas, a missão de Jesus e a missão da Igreja. Evangelizar a partir dos pobres! Vejamos como as palavras de Isaías (1ª leitura) foram retomadas, por Jesus (evangelho), como programa para o seu ministério: “o Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para evangelizar os pobres” (Is 61; Lc 4).

 

No primeiro ano de seu pontificado (24.11.2013), Papa Francisco ofereceu, uma Exortação Apostólica sobre o anúncio do evangelho no mundo atual, denominada A alegria do Evangelho (Evangelii Gaudium). Ele inicia a exortação afirmando que “a alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria” (n. 1).

 

Papa Francisco fala também da bem-aventurança reservada aos pobres e aos que a eles se dedicam. Ele disse que “não se compreende o Evangelho sem os pobres; eles estão no centro do Evangelho. É preciso ter a coragem do amor” (16.11.2020).

 

Deus abençoe a Evangelização! O Espírito Santo dê sabedoria aos evangelizadores! Pela ordenação, Pe. Luiz Felipe se torna mais plenamente um deles, e o fará sempre que “desempenhar o ministério da Palavra, proclamando o Evangelho e ensinando a fé católica e celebrar com devoção e fidelidade os mistérios de Cristo, especialmente a Eucaristia e a Confissão” (Pontifical Romano, Propósito do Eleito). Exercendo a caridade pastoral, empenhar-se-á em acolher a todos, aconselhar, socorrer os que sofrem, curar as feridas da alma (Is 61,1), consolar os que choram (Is 61,2) e restituir aos desanimados o sentido da vida.

 

Queridos irmãos! Há seis meses, Luiz Felipe foi ordenado diácono. Sou testemunha de como ele exerceu com alegria, amor e dedicação seu ministério especialmente aqui na Catedral. Serviu com esmero e dignidade ao altar da Eucaristia, confortou famílias celebrando exéquias, realizando visitas, abençoando, etc. Está, pois, preparado para assumir exigências ainda maiores nas dimensões pastorais, administrativas, caritativas, espirituais.

 

Querido filho! Perseverante na oração, você viverá plenamente a alegria de ser padre! Nos momentos cansaço, dúvida, solidão ou tristeza, recorde as palavras do Apóstolo Pedro: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68). No próximo ano, a Igreja católica celebrará um jubileu: 2025 anos do Nascimento do Salvador! Na voz do Papa, a Igreja nos convida a sermos Peregrinos de esperança, inspirados no lema A esperança não decepciona (Rm 5,5) – spes non confundit. Sejamos pessoas de esperança e, com o testemunho de nossa vida, proclamemos “a esperança da vocação a que fomos chamados” (cf. Ef 4,4) e na qual fomos salvos (cf. Rm 8,24): spe salvi!

 

Caro presbítero eleito, Luiz Felipe! Na vida monástica beneditina você aprendeu a lição de São Bento: ora et labora! (reza e trabalha!). Portanto, daqui para a frente, muita oração e muito trabalho, para o bem da Igreja e do povo santo de Deus. Elevando o cálice da salvação e invocando o nome santo do Senhor! (Sl 115/116, 1), transforme em Eucaristia vivida a Eucaristia por você celebrada. Seja feliz! Com as bênçãos de Deus Pai, o amor de Cristo, a unção do Espírito Santo, a proteção da Virgem Santíssima e a intercessão de Sant’Ana, nossa padroeira. Amém!

 

 

Dom Pedro Luiz Stringhini

Mogi das Cruzes, 07 de setembro de 2024.