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Palavra do Bispo | Homilia - 29/12/2024

Homilia - 29/12/2024

2025: JUBILEU DA ESPERNÇA

Tema: Peregrinos de Esperança

Lema: A esperança não decepciona (Rm 5,5)

 

Irmãos e irmãs!

 

A Esperança é a mensagem central do Jubileu. «Spes non confundit – a esperança não engana» (Rm 5, 5) é o que anuncia a Bula do Papa Francisco de Proclamação do Jubileu Ordinário do Ano de 2025 do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. De fato, o Jubileu traz um feliz anúncio: nossa esperança está no Senhor. Ele, pela sua encarnação, morte e ressurreição, isto é, pelo Seu Mistério Pascal, redime a humanidade da escravidão do pecado e da morte.

 

O ano jubilar será marcado por peregrinações, sejam a Roma, onde o Papa Francisco abriu a Porta Santa, no último dia 24.12.2024, sejam aos lugares determinados nas dioceses. Na Diocese de Mogi das Cruzes, foi designada, como lugar de peregrinação, uma igreja em cada um dos dez municípios, além dos santuários diocesanos.

 

Na bula de proclamação, a mensagem do Papa Francisco contém um itinerário com cinco indicações: 1) uma palavra de esperança; 2) um caminho de esperança; 3) sinais de esperança; 4) apelos em favor da esperança e 5) ancorados na esperança.

 

1. Uma Palavra de esperança. O Jubileu tem por objetivo proporcionar aos fieis um “encontro vivo e pessoal com o Senhor Jesus” (Bula, n. 1) e ser, para toda pessoa de boa vontade, “ocasião de reanimar a esperança” (cf. n. 1). “A esperança nasce e fundamenta-se no amor que brota do coração de Jesus traspassado na Cruz” (cf. n. 3).

 

É tempo de misericórdia, daí a aplicação das indulgências, que representam a plenitude do perdão. Papa Francisco lembra que o perdão não consegue apagar ou modificar o passado; contudo, o futuro pode ser iluminado pelo perdão. As indulgências se obtêm por meio de peregrinações, confissão, penitência e prática das obras de misericórdia corporal, que consistem em saciar os famintos e sedentos, visitar os doentes e os presos, vestir os nus, acolher o peregrino, enterrar os mortos (cf. Mt 25). Entre estes gestos, a esmola dada aos pobres é um forte testemunho da caridade fraterna e também uma prática de justiça que agrada a Deus (Catecismo da Igreja Católica, 2447).

 

 

E se pratiquem também as obras de misericórdia espirituais: ensinar os ignorantes, dar bom conselho, corrigir os que erram, perdoar as injúrias, consolar os tristes, suportar com paciência as fraquezas do próximo, rezar a Deus pelos vivos e defuntos. O Jubileu é também tempo de sobriedade e abstenção de “fúteis distrações”, evitando o consumismo e praticando o voluntariado.

 

2. Um caminho de esperança. O Papa afirma que “a vida cristã é um caminho, que precisa também de momentos fortes para nutrir e robustecer a esperança, insubstituível companheira que permite vislumbrar a meta: o encontro com o Senhor Jesus” (n. 5).

 

A peregrinação representa um elemento fundamental de todo o evento jubilar. Pôr-se a caminho é típico de quem anda à procura do sentido da vida (n. 5). Pôr-se a caminho favorece a redescoberta do valor do silêncio, do esforço e da essencialidade.

 

3. Sinais de esperança. É tempo de perscrutar os sinais dos tempos e interpretá-los à luz do evangelho (n. 7). Tais sinais são reconhecidos quando se responde, de modo adaptado, em cada geração, às eternas perguntas dos seres humanos acerca do sentido da vida presente e da futura e da relação entre ambas» [4]. Sinal de esperança é a grande aspiração do coração humano de ser saciado da presença salvífica de Deus (cf. n. 7). Só Deus basta!

 

4. Apelos em favor da esperança. Há um forte apelo à caridade, para que se realizem gestos concretos de solidariedade. A fome, lembra o Papa, é uma chaga escandalosa no corpo da nossa humanidade e interpela a uma tomada de consciência. Nesse sentido, o Papa renova o apelo para que, «com o dinheiro usado em armas e noutras despesas militares, constitua-se um Fundo global para acabar de vez com a fome e para o desenvolvimento dos países mais pobres, de modo que suas populações não precisem abandonar os seus países à procura duma vida mais digna». [8] (cf. n. 16).

 

É oportuno salientar gestos proféticos e marcantes do Papa Francisco. Um deles foi o de abrir uma porta santa em um cárcere. Outro é o de almejar que se formule um apelo internacional aos países ricos e credores, qual seja, o pedido de perdão das dívidas de países pobres (n. 16), como fez São João Paulo II, no Jubileu do ano 2000.

 

5. Ancorados na esperança. O cristão é convicto que a esperança provém da Cruz de Cristo. A peregrinação “é o sinal do caminho de esperança do povo peregrino atrás da cruz de Cristo, como aparece bem representado no logotipo do Jubileu: “a Cruz de Cristo permanece a âncora da salvação: sinal da esperança que não desilude, porque está fundada no amor de Deus, misericordioso e fiel” (Papa Francisco, audiência geral, 21.09.2022). Na Eucaristia, “o conteúdo do Pão partido é a cruz de Jesus, seu sacrifício em obediência de amor ao Pai” (Desiderio Desideravi, n. 7).

 

“A esperança forma, juntamente com a fé e a caridade, o tríptico das «virtudes teologais», que exprimem a essência da vida cristã (cf. 1 Cor 13, 13; 1 Ts 1, 3). No dinamismo indivisível das três, a esperança é a virtude que imprime, por assim dizer, a orientação, indicando a direção e a finalidade da existência daquele que crê. Por isso, o apóstolo Paulo convida-nos a ser «alegres na esperança, pacientes na tribulação, perseverantes na oração» (Rm 12, 12) (n. 18).

 

Há que se transbordar de esperança (cf. Rm 15, 13) para testemunhar de modo credível e atraente a fé e o amor que trazemos no coração, para que a fé seja jubilosa e a caridade entusiasta, para que cada um seja capaz de oferecer ao menos um sorriso, um gesto de amizade, um olhar fraterno, uma escuta sincera, um serviço gratuito, sabendo que, no Espírito de Jesus, isso pode tornar-se uma semente fecunda de esperança para quem o recebe” (n. 18). Em síntese, é tempo propício para deixar-se atrair pela esperança (n.25).

 

Somos ao mesmo tempo Peregrinos de esperança e Peregrinos da Esperança. Sim, somos Peregrinos de esperança, porque temos no coração a verdadeira “esperança que não decepciona” e Peregrinos da esperança, porque, como evangelizadores e missionários, levamos aos outros a esperança em Cristo.

 

Imbuídos da verdadeira esperança, testemunhamos, pelo nosso ser e agir que somos pessoas de esperança. Com coragem e entusiasmo, anunciemos que Deus é capaz de restituir esperança aos desanimados e, muitas vezes, desiludidos com a vida, com os outros e, por fim, consigo mesmo.

 

Diante de irmãos e irmãs que ainda não encontraram o sentido da vida e para o mundo carente de esperança, o Ano Jubilar nos ajude, de modo firme e convicto, “dar a razão da nossa esperança” (cf. 1 Ped 3, 15), que se fundamenta em Jesus Cristo “Caminho, Verdade e Vida” (Jo 14,6). Amém!

 

Dom Pedro Luiz Stringhini

Mogi das Cruzes, 29 de dezembro de 2024

Festa da Sagrada Família, Jesus, Maria e José