CATEDRAL DA DIOCESE DE MOGI DAS CRUZES
Ordenação Presbiteral – 01 de agosto de 2015
Aleksandro Basseto Moreira – Carlos Duarte Guimarães – Luis Ricardo Cândido da Silva – Müller Aparecido Prado – Rogério Aparecido Leite – Rogério de Oliveira
1. Júbilo e Gratidão
A ordenação dos novos padres Aleksandro, Carlos, Luis Ricardo, Müller, Rogério Oliveira e Rogério Leite é motivo de intenso júbilo e gratidão a Deus. Reveste-se de importante significado eclesial. Para o Bispo, que tem a graça de exercer sua paternidade espiritual, ministerial e apostólica. Para os eleitos, que são confirmados e consagrados no serviço a Deus, à Igreja e ao povo. Para a Igreja Particular de Mogi das Cruzes, na expressão de sua dimensão eclesial e ministerial, sacerdotal e espiritual, evangelizadora e missionária.
2. Teologia do Sacerdócio
Jesus Cristo continua sua missão salvífica no mundo através da Igreja, o povo de Deus, povo sacerdotal conforme está escrito: “vós sois a raça eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo de sua particular propriedade” (1Pd 2,7).
O sacerdócio é a alma da Igreja. Por isso, Jesus Cristo, enviado do Pai, “o Filho unigênito, pontífice da nova e eterna aliança ... enriqueceu a Igreja com um sacerdócio real” (prefácio da ordenação). Jesus Cristo, eterno sacerdote do Pai, “escolhe homens que, pela imposição das mãos, participem do seu sacerdócio” (prefácio).
O sacerdócio real do povo de Deus e o sacerdócio ministerial dos presbíteros atualizam continuamente a presença de Cristo e o desígnio salvífico de Deus Pai, isto é, o mistério da salvação, já realizado e perpetuado através do tempo pela oblação sacerdotal de Cristo. Eis o mistério da Fé!
O sacerdócio de Cristo se perpetua na Igreja por meio do sacramento da Ordem, na ininterrupta continuidade da sucessão apostólica e na proclamação de que “Jesus Cristo é o mesmo, ontem e hoje; e ele o será para a eternidade” (Hb 13,8).
Os sacerdotes, dando a sua vida pelo Reino de Deus e pela salvação de todos “procuram assemelhar-se cada vez mais ao próprio Cristo” (prefácio), pois “o amor de Cristo nos pressiona” (2Cor 5,14), isto é, atrai, impele e impulsiona, ao considerar que “Cristo morreu por todos” (idem), e que, portanto, “se alguém está em Cristo é uma nova criatura” (v. 17).
3. Missão Profética do Presbítero
A homilia oficial do Pontifical Romano do Rito de Ordenação de Presbíteros explica que os presbíteros, “configurados ao Cristo, sumo e eterno Sacerdote, unidos ao sacerdócio dos Bispos, são consagrados verdadeiros sacerdotes da nova Aliança para pregar o Evangelho, apascentar o povo de Deus e celebrar o culto divino, principalmente no Sacrifício do Senhor”.
Em outras palavras, trata-se do tríplice múnus, isto é, os sacerdotes, “em nome de Cristo, renovam o sacrifício da redenção humana, ... presidem o povo na caridade, o alimentam com a Palavra e o restauram com os sacramentos (cf. prefácio) ... Caridade de Cristo! Palavra do Pai! Sacramentos da Igreja!
Ou ainda: “os presbíteros são, na Igreja e para a Igreja, uma representação sacramental de Jesus Cristo Cabeça e Pastor. Proclamam Sua palavra com autoridade, repetem os Seus gestos de perdão e oferta de salvação, nomeadamente com o Batismo, a Penitência e a Eucaristia” (PDV 15).
Que os presbíteros nunca deixem de ministrar o sacramento da confissão! De fato, “Deus nos reconciliou consigo por Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação ... colocando em nós a palavra da reconciliação. Como Cristo, rosto da misericórdia do Pai, os sacerdotes são ministros da misericórdia, “perdoando os pecados em nome de Jesus Cristo e da Igreja pelo sacramento da Penitência e confortando os doentes com a sagrada Unção” (Pontifical, homilia).
Em favor da Igreja, do mundo e dos pobres, o ministério do presbítero existe “para a promoção do exercício do sacerdócio comum de todo o povo de Deus” (PDV 16). Ao celebrar os sacramentos, pela santificação do povo, presbítero é um servidor da Igreja-mistério; com os irmãos presbíteros e o bispo, no presbitério, é servidor da Igreja-comunhão; no anúncio e testemunho do Evangelho, é servidor da Igreja-missão (cf. PDV 16).
4. Caridade pastoral
Diz o apóstolo Paulo: “eu vos exorto a caminhardes de acordo com a vocação que recebestes” (Ef 4,1). A vocação é dom gratuito de Deus que se concretiza na opção de cada batizado e no testemunho decorrente dessa graça. A força do testemunho é haurida de uma contínua ascese, da vivência ética das virtudes da “humildade e mansidão, paciência e amor” (cf. Ef 4,2).
Queridos e amados neo-sacerdotes, não vos esqueçais que a ordenação sacerdotal vos insere sacramentalmente na missão de Cristo e da Igreja. Sois “escolhidos dentre os seres humanos e colocados a serviço deles nas coisas de Deus” (Pontifical Romano, homilia).
Sereis felizes se perseverardes na oração pessoal e se a eucaristia for, cada dia, o ponto alto do vosso ministério. Encontrareis a verdadeira alegria, alento e consolo na partilha, na unidade e na comunhão com os irmãos no presbitério. Sob o olhar da fé, se reconhece que a fraternidade presbiteral oferece bálsamo para as feridas que porventura sangrem o coração e refrigério para o peso e os desalentos do dia a dia.
Vosso ministério terá firmeza, consistência e sabor se tiver como parâmetro a caridade pastoral, isto é, o zelo apostólico e a disposição para servir. “Tu me amas?”, perguntou Jesus a Simão Pedro. “Apascenta minhas ovelhas!”. No serviço aos pobres e sofredores, a caridade se concretiza em solidariedade, o amor se eleva em oblação, a vida se torna Eucaristia, a eternidade encontra o tempo, transformando em presente o futuro do Reino de Deus.
Dom Pedro Luiz Stringhini
1º de agosto de 2015