Aos 11 de maio de 2007, em missa celebrada no Campo de Marte, São Paulo, o Papa Bento XVI canonizou Frei Antonio de Sant’Ana Galvão, primeiro brasileiro declarado santo. Canonização é a declaração oficial, por parte da Igreja, da santidade de um de seus fiéis. É o momento culminante de um rigoroso e acurado processo, através do qual a Igreja examina a vida de santidade de uma pessoa que viveu as virtudes morais e cristãs em grau heróico e, por isso, passa a ser apresentada como exemplo a seguir, modelo a ser imitado e intercessor junto de Deus.
Frei Galvão é paulista, nascido em Guaratinguetá, Vale do Paraíba, em 1739. Queria tornar-se jesuíta, mas, por causa da perseguição movida contra a Ordem pelo Marquês de Pombal, o pai o aconselhou a entrar para a congregação dos franciscanos, que tinham um convento em Taubaté. Assim, renunciou a um futuro promissor e influente na sociedade de então (de fato, os jesuítas primam pela intelectualidade), e entrou para a ordem dos franciscanos.
Aos 21 anos, no dia 15 de abril de 1760, Antonio ingressou no noviciado no convento de São Boaventura, na vila de Macacu, no Rio de Janeiro. Aos 16 de abril de 1761, fez a profissão solene e o juramento como franciscano, e, aos 11 de julho de 1762, é ordenado padre. Em 1774, fundou, em São Paulo, o Mosteiro da Luz, na Avenida Tiradentes. Faleceu em 23 de dezembro de 1822 e seus restos mortais repousam na capela do Mosteiro.
Sua vida foi de intensa dedicação aos pobres e doentes. As chamadas ‘pílulas do Frei Galvão’, que as monjas distribuem de dentro das grades do convento, evocam, a partir de um episódio de sua vida, a intercessão do santo em favor das mulheres que desejam engravidar ou levar a bom termo uma difícil gravidez.
Fase precedente à canonização é a beatificação. Frei Galvão foi beatificado pelo Papa João Paulo II, em 1998. No consistório (reunião de cardeais) ordinário de 23 de fevereiro de 2007, o Papa Bento XVI anunciou a canonização de Frei Galvão, no Brasil, por ocasião de sua viagem. A memória de Frei Galvão passou a ser celebrada anualmente, na liturgia da Igreja católica, no dia 25 de outubro. O primeiro santo nascido no Brasil lega à humanidade exemplo de fé, de caridade heróica e de promoção humana, além de ter sido versado nas letras e em arquitetura.
Trabalhou durante catorze anos (1774-1788) na construção do mosteiro e outros catorze para a construção da igreja (1788-1802), inaugurada aos 15 de agosto de 1802. Frei Galvão foi arquiteto, mestre de obras e até mesmo pedreiro. O Mosteiro da Luz foi declarado "Patrimônio Cultural da Humanidade" pela Unesco. Esse complexo arquitetônico abriga hoje o museu de arte sacra, o convento das monjas concepcionistas e a capela onde o santo está sepultado. Constitui-se num conjunto de inestimável valor; por isso Frei Galvão é considerado um patrono da construção civil.
Dom Pedro Luiz Stringhini
Mogi das Cruzes, 28 de outubro de 2013.