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Palavra do Bispo | Rosto da Misericórdia

Rosto da Misericórdia

Jesus Cristo é o rosto da Misericórdia de Deus Pai, afirma o Papa Francisco na Bula de Proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia (Misericordiae Vultus). Esse ano jubilar terá início no dia 8 de dezembro de 2015, Solenidade da Imaculada Conceição de Maria, e término em 20 de novembro de 2016, Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.

 

Nesse tempo, a Igreja é chamada a aprofundar e vivenciar o tema da misericórdia de Deus. Expressão máxima da caridade, a misericórdia é a compaixão que o coração experimenta frente à miséria e à necessidade do próximo. Compaixão é a tradução do hebraico rahamim (entranhas), para falar do amor de Deus como aquele que vem do mais profundo do ser materno. Deus é Amor (1Jo 4,16) e a misericórdia é seu maior atributo.

 

O amor e a misericórdia trouxeram à existência o mundo e, de um modo especial, o ser humano criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26). Depois do pecado, sua misericórdia, que é eterna (Sl 117,1) e que se renova a cada manhã (Lm 3,23), levou-o a enviar seu Filho único ao mundo, não para condenar, mas para que o mundo seja salvo por Ele (Jo 3,16).

 

Jesus, no sermão da montanha, proclama bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia (Mt 5,7). E ensina seus discípulos a serem misericordiosos como o Pai do céu, que faz nascer o sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos (Mt 5,45). Em sua misericórdia insondável, Jesus se oferece no altar da cruz como vítima pura e perfeita em expiação pelos pecados da humanidade.

 

A misericórdia do Altíssimo é derramada qual bálsamo salutar e perfumado sobre as feridas causadas pelo pecado, indo além de todo merecimento e compreensão humana. Contudo, a misericórdia não é contrária à justiça de Deus (Bula, n. 21), mas faz parte da mesma realidade do seu amor: felizes os que têm fome e sede de justiça! (Mt 5,6).

 

Nesse ano jubilar, os filhos da Igreja são convidados a buscarem assíduos o sacramento da reconciliação e a conversão pessoal. E praticarem de maneira efetiva as obras da misericórdia: dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos (e refugiados), dar assistência aos enfermos, visitar os presos e enterrar os mortos.

 

Em tempos de violência exacerbada, terrorismo, guerras, é propícia a existência de uma grande corrente planetária de solidariedade, tolerância, perdão, espiritualidade. O Papa Francisco, com inspiração e sensibilidade, vem liderando essa corrente, com a força do amor, da humildade e da oração, propondo gestos concretos que desarmem os corações e aproximem até os inimigos. Assim, fica possível acreditar que a esperança não decepciona (Rm 5,5).

 

 

Dom Pedro Luiz Stringhini

20 de novembro de 2015