O Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social, sediado em Brasília, conta com a participação das pastorais sociais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com a adesão de diversos movimentos sociais e com uma rede de entidades que enfrentam questões ligadas à produção e uso de energia. Está dando os primeiros passos para formar uma ‘Frente por uma nova Política Energética’.
Essa Frente defende uma política governamental alternativa que aposte no gradativo e crescente uso de fontes energéticas renováveis, tais como a energia solar, a eólica (provinda dos ventos), biomassa e biocombustíveis. A energia alternativa iria passo a passo, por decisão política, investimentos e aprimoramento tecnológico, substituindo as fontes tradicionais, como é o caso dos combustíveis fósseis (petróleo, carvão, gás), que geram elevada emissão de carbono na atmosfera e que, por sua vez, provocam efeito estufa.
Também a política de construção de grandes hidrelétricas vem sendo questionada por movimentos sociais, devido aos impactos ambientais e humanos, ao atingir e desabrigar populações ribeirinhas e grupos tradicionais, como os indígenas, pequenos agricultores e quilombolas.
Outro questionamento recai sobre a política de manutenção e aumento da produção de energia nuclear, hoje propalada pelos seus defensores como energia limpa, barata e segura, mas que, comprovadamente, representa grave ameaça à vida dos seres humanos, haja vista os acidentes, como a explosão do reator nuclear de Fukushima, no Japão, em 2011.
Em agosto, o fórum de mudanças climáticas promove um seminário temático intitulado Energia para que, para quem e como?, seguido de uma campanha de mobilização social em favor de mudanças na política energética e na defesa de fontes alternativas menos poluentes. A produção de energia solar e a eólica precisa ser ampliada e descentralizada, com a implantação de painéis solares (fotovoltaicos) nos telhados das casas, edifícios públicos, igrejas e espaços comunitários, contando com a participação das famílias e comunidades envolvidas.
A defesa dos direitos sociais dos pobres e do direito ambiental do Planeta Terra requer novas, criativas e mais ousadas soluções, advindas de decisões e escolhas políticas que visem maior equilíbrio climático, diante do preocupante fenômeno do aquecimento global, causador das mudanças climáticas.
O fórum, as frentes, as pastorais sociais, e aqui se alinha a pastoral da ecologia da diocese de Mogi, apostam na educação ambiental como valioso instrumento para difundir informações, fomentar consciência crítica e incentivar práticas de cidadania, de acordo com os ensinamentos da doutrina social da Igreja e as orientações do Papa Francisco. Eis uma temática sobre a qual a sociedade brasileira precisa refletir e se aprofundar no conhecimento.
Dom Pedro Luiz Stringhini
Bispo diocesano de Mogi das Cruzes – SP
14 de abril de 2014