As leituras escolhidas mostram que tudo é iniciativa de Deus, a partir do seu infinito amor, provindo do seu ser trinitário. De fato, cristão professa sua fé na Trindade Santa.
A 1ª leitura (Jr 1,4-9) é a mensagem que vem do coração do Pai, que infunde a vocação no coração dos profetas, reis e sacerdotes. Vocação é o chamado de Deus para uma missão. As histórias de vocação estão no centro da mensagem do Antigo Testamento.
O Evangelho (Jo 15,9-17) é a mensagem que vem do coração do Filho, imagem visível do Pai, que, no amor e na obediência, revela o rosto misericordioso do Pai. A 2ª leitura (Rm 12,4-8) é a mensagem que vem do coração do Espírito Santo, espírito de verdade e de amor, que suscita os carismas e os ministérios na Igreja.
A Jeremias o Senhor diz: “Eu te conheci, eu te consagrei e te fiz profeta. A todos que eu te enviar, irás; tudo o que eu te mandar dizer, dirás; eis que ponho minhas palavras em tua boca”. Na ordenação sacerdotal, é dito ao presbítero que ele é chamado a “desempenhar com sabedoria e dignidade o ministério da Palavra, proclamando o Evangelho e ensinando a fé católica”.
Jesus resume a lei e os profetas anunciando o mandamento do Amor, testemunhado e selado com a entrega de seu corpo e sangue, na Eucaristia e na Cruz. O evangelista João (Jo 15) sintetiza essa mensagem através das palavras do Senhor:
“Permanecei no meu amor para que minha alegria esteja em vós e vossa alegria seja plena; amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei; ninguém tem maior amor do que aquele que dá sua vida pelos amigos; vós sois meus amigos porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai; eu vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais frutos”.
A verdadeira vivência da vocação, pelo testemunho do amor, acontece na Igreja, o corpo de Cristo, por obra e graça do Espírito Santo, que confere carismas diferentes, de acordo com a graça dada a cada pessoa. Paulo menciona os principais dons: profecia, serviço, ensino, exortação, presidência, obras de misericórdia, exortando a servir com simplicidade, presidir com solicitude, realizar obras de misericórdia com alegria (cf. Rm 12,4-8).
O povo de Deus que forma a Igreja é chamado povo sacerdotal, sacerdócio régio, sacerdócio santo. Todo cristão batizado participa desse sacerdócio, que é o de Cristo e que encontra visibilidade sacramental no segundo grau do sacramento da ordem, a ordenação presbiteral.
O Pontifical Romano afirma que os presbíteros, “configurados ao Cristo, sumo e eterno Sacerdote, unidos ao sacerdócio dos Bispos, são consagrados verdadeiros sacerdotes da nova Aliança, para pregar o Evangelho, apascentar o povo de Deus e celebrar o culto divino, principalmente no Sacrifício do Senhor”.
Na catedral de Mogi das Cruzes, no dia 6 de fevereiro de 2016, foi ordenado sacerdote o diácono permanente, viúvo, Ubirajara Gonçalves. Deus que um dia o conheceu, o amou, o chamou, agora o consagra, pela imposição das mãos e unção do Espírito Santo.
Maria Santíssima, venerada em Guararema, onde trabalhou o diácono e agora sacerdote, Pe. Ubirajara, com o título de Nossa Senhora da Escada, intercede e orienta o novo padre. Ao lado de Maria, mãe de Jesus, outra Maria, a falecida esposa, vivencia de modo pleno os mistérios celebrados na santa liturgia.
O ministério do Pe. Ubirajara inspira o caminho vocacional de seu filho Samuel, que ingressou no seminário propedêutico da diocese. A vida do Pe. Ubirajara é marcada por sofrimentos, que o fortalecem para o ministério, o cumulam de graças para perseverar no santo serviço e o aproximam dos pobres e sofredores. Tudo isso é graça abundante nesse ano do Jubileu extraordinário da Misericórdia.
Dom Pedro Luiz Stringhini
Mogi das Cruzes, 06 de fevereiro de 2016