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Palavra do Bispo | Homilia - Ordenação Presbiteral

Homilia - Ordenação Presbiteral

A Igreja particular de Mogi das Cruzes se alegra e rende graças a Deus pela ordenação de novos cinco presbíteros, chamados pelo Senhor da Messe, por caminhos diversos, a fazerem parte deste presbitério.

 

Os presbíteros, ao exercerem “a função sacerdotal, são chamados ao serviço do povo de Deus” (homilia Pontifical Romano). O rito da Ordenação sintetiza a imensurável riqueza da vida da Igreja, sobretudo, no que concerne a aspectos essenciais: o sacerdócio e a eucaristia.

 

A reflexão se concentra nas três atribuições principais da missão de Jesus Cristo – Mestre, Sacerdote e Pastor – e no seu tríplice múnus de ensinar, santificar e apascentar. A Igreja é chamada a continuar a missão salvífica de Cristo, por isso, “o nosso sumo e eterno sacerdote, Jesus Cristo, escolheu discípulos para exercerem em seu nome, e publicamente na Igreja, o ofício sacerdotal, em favor da humanidade” (homilia pontifical).

 

Os ordinandos, desse modo, pela imposição das mãos do bispo e invocação do Espírito Santo, serão constituídos para o serviço da Caridade, da Palavra e do Altar (liturgia), como cooperadores zelosos da ordem episcopal. Ou seja, são “configurados ao Cristo, sumo e eterno sacerdote, consagrados verdadeiros sacerdotes da nova Aliança para pregar o Evangelho, apascentar o povo de Deus e celebrar o culto divino, principalmente no Sacrifício do Senhor” (homilia pontifical).

 

É no exercício cotidiano e perseverante do ministério que o presbítero, como sacerdote, padre, pastor da comunidade de fé, encontra o sentido e a alegria de sua vida. É no serviço sacerdotal que se revelam sua identidade, missão e espiritualidade.

 

De fato, os presbíteros são configurados ao Cristo Cabeça e Pastor da Igreja, nas pegadas de Jesus de Nazaré, que “passou a vida fazendo o bem” (At 10,38) e que “não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). Os presbíteros, “em nome de Cristo, guiam o povo santo na caridade, o nutrem com a palavra e o fortalecem com os sacramentos” (cf. prefácio da ordenação).

 

A Palavra de Deus proclamada dá sentido, consistência e beleza ao rito da ordenação, iluminando o compromisso daqueles que entregam suas vidas, assumindo a cruz de Cristo e dedicando-se ao bem espiritual do povo de Deus, edificando a Igreja de Jesus Cristo e colaborando na sua missão de ser sal da terra e luz do mundo, levando conforto e esperança para a humanidade, especialmente aos pobres e sofredores.

 

Através do profeta Jeremias (1ª. leitura), o Senhor Deus diz aos eleitos: “eis que ponho minhas palavras em tua boca” (Jr 1,9). Como os profetas do AT, os presbíteros são ministros da Palavra, “para anunciar o Evangelho e ensinar a fé católica”. Anunciam, pela pregação, a Palavra da sabedoria, que liberta, atrai, persuade, convoca. Ensinam, pela catequese, a palavra da verdade e a doutrina da Igreja, formando as consciências e transformando os corações. Testemunham, por uma vida de santidade, o infinito e misericordioso amor de Deus. Transforma em fé o que leres, ensina o que creres e pratica o que ensinares!

 

O amor de Cristo nos pressiona (2Cor 5,14), afirma o apóstolo Paulo (2ª. leitura). É verdade, o amor de Cristo impele, compele, impulsiona, entusiasma, faz avançar e lançar para águas mais profundas as redes da evangelização, anunciando que se alguém está em Cristo é uma nova criatura (v. 17).

 

O sacerdote é instado a “celebrar com devoção os mistérios de Cristo, sobretudo o sacrifício Eucarístico”. A Eucaristia, cotidianamente celebrada e testemunhada, fará do presbítero nova criatura em Cristo; e ele, presidindo-a in persona Christi, fará modelar nos fiéis essa nova criatura, cujo germe repousa em cada coração desde o batismo. Cristo, Pão da Vida, restaura os fracos, sustenta os fortes, revigora e dá perseverança aos discípulos.

 

Administrando com zelo o sacramento da confissão, os presbíteros exercem o ministério da reconciliação, cumprindo o que disse o apóstolo: Deus nos reconciliou consigo por Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação (cf. v. 19). Grande é o testemunho de um presbítero que consome horas e dias do tempo de seu ministério, “implorando a misericórdia de Deus em favor do povo” e oferecendo aos fiéis a inestimável riqueza do perdão de Deus. São ministros da misericórdia, para que “os pecadores sejam reconciliados” (Oração de imposição das mãos).

 

Dom da misericórdia divina, viático consolador, alívio e conforto, é o sacramento da Unção dos enfermos, que o sacerdote confere aos que estão debilitados no corpo, na alma e no espírito, para que os enfermos se reanimem (imposição das mãos).

 

Tu me amas? ... Apascenta minhas ovelhas (Jo 21,15-17). Aos que Cristo chama, amar é ser bom pastor e dar a vida pelo rebanho, a exemplo do supremo pastor, Jesus Cristo que disse: dou minha vida por minhas ovelhas (Jo 10,15). Amor do pastor é caridade pastoral. A verdadeira alegria do bom pastor é ser modelo e guia para o rebanho, é dar a vida por amor; amor transformado em caridade, solidariedade, oblação, serviço aos pequenos e aos pobres, comunhão de vida. Conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem, como o Pai me conhece e eu conheço o Pai (Jo 10,15). Pastor e rebanho se conhecem, presbítero e comunidade vivem em comunhão; tornam-se eucarísticos. E tudo o que é eucarístico rompe limites e fronteiras, abre novos horizontes, no dinamismo da missão.

 

Seja este mais um rico e significativo momento vocacional da diocese de Mogi das Cruzes e um verdadeiro kairós de Deus, pela vida e pelo ministério desses cinco irmãos, novos presbíteros. Deus seja louvado pela sua resposta generosa e incondicional. De proveniências diversas, eles se apresentaram a essa Igreja diocesana e aqui foram fraternalmente acolhidos, considerando o desejo sincero que trazem no coração de glorificarem a Deus servindo ao povo e a esta Igreja particular.

 

Rogamos ao Divino Espírito Santo que derrame sobre eles seus dons e a graça de que tanto necessitam, pela intercessão de Maria, mãe das vocações, da padroeira Santa Ana e dos santos que, na Ladainha, serão invocados. Deus abençoe os novos presbíteros, Deus ilumine a Igreja do Senhor.

 

Dom Pedro Luiz Stringhini

Mogi das Cruzes, 24 de setembro de 2016