Por intermédio desta, esclareço o que segue, considerando a participação dos leigos e ministros ordenados (bispos, padres, diáconos) na vida social e política, particularmente no período eleitoral:
1. Aos ministros ordenados a Igreja pede, a não ser em caso excepcional, que não concorram a cargos eletivos para obter mandatos nas diversas esferas da vida pública. É por isso que aqueles que optam por concorrer a tais cargos ficam afastados do exercício do ministério, isto é, sem Uso de Ordem, pelo menos até o final do pleito eleitoral;
2. A Igreja incentiva e apóia os fiéis leigos católicos que se sentem chamados e aptos a concorrer a esses cargos, pelas eleições, visto que os mesmos, como cidadãos, são chamados a contribuir para que a política esteja realmente a serviço do bem comum;
3. O fato dos ministros ordenados não concorrerem nas eleições não implica que não devam, em nome da Igreja, se preocupar com os problemas sociais. A Igreja como tal o faz com base em sua doutrina social oficial, emanada a partir da Sé apostólica de Roma;
4. Pessoalmente, como bispo diocesano, tenho constantemente me pronunciado, ainda que de forma discreta, pois não sou conhecedor de tudo, sobre os problemas do nosso povo. Tenho também me encontrado e dialogado, indistintamente, com autoridades das diversas esferas de Governo, seja a federal, a estadual (o Governador), a municipal, (os prefeitos, em especial o de Mogi das Cruzes, onde resido, com quem tenho mantido permanente diálogo e por quem nutro amizade e admiração). Tenho, de certa forma, priorizado as questões ecológicas e de meio ambiente. Um desses pronunciamentos foi veiculado em horário eleitoral e desagradou a muitos católicos, pois foi considerado defesa de um candidato, enquanto meu desejo é defender o meio ambiente, na linha do que faz o Papa Francisco. Aos que se sentiram ofendidos, peço perdão, por ter dito a coisa certa no horário errado.
5. Em vista disso, esclareço ainda que, em relação aos dois candidatos de Mogi das Cruzes que conheço, mantenho igualmente sentimentos de grande estima, amizade e respeito. Considero-os homens públicos dignos, respeitados e movidos pelos mais elevados propósitos de trabalhar pelo bem comum e pelo progresso desse município, em todos os sentidos.
Contando com a compreensão de todos, reitero que a Igreja, no que concerne à sua missão evangelizadora, se coloca a serviço do povo e em permanente diálogo com os homens e mulheres que detêm cargos públicos.
Respeitosamente,
Dom Pedro Luiz Stringhini
Bispo diocesano
Mogi das Cruzes, 24 de setembro de 2016.