“Alegrai-vos e exultai!” (Mt 5,12). Esta aclamação de Jesus, na conclusão das bem-aventuranças, inspirou ao Papa Francisco o título da Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, sobre o chamado à santidade no mundo atual. O Santo Padre, em seu pontificado, tem ressaltado que a alegria é uma das virtudes mais sublimes do coração do cristão: alegria do evangelho, alegria da verdade, alegria da santidade.
O Papa une a alegria à santidade. Na raiz de toda vocação, está o chamado de Deus para a vida e a felicidade, para o serviço e a santidade.
No Antigo Testamento, Deus chama Jeremias para ser profeta (cf. Jr 1,4-9). Este, ao relatar a sua eleição, recorda que cada ser humano é querido e amado por Deus de um modo individual e singular, pois o Senhor a todos conhece, escolhe e chama: “antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações” (Jr 1,5).
Na Igreja, a vocação comum à santidade, inerente a todo batizado, se desdobra nas vocações específicas: matrimonial, religiosa, missionária, sacerdotal. Os chamados são diversos, mas todos são discípulos de Jesus; e por todos Ele reza na oração sacerdotal: “Pai, santifica-os na verdade. Tua Palavra é a verdade. Como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E, por eles, a mim mesmo me santifico, para que sejam santificados na verdade” (Jo 17,17-19).
A santidade é um caminho de alegria e felicidade, mas é também o caminho da missão e este comporta dificuldades, sofrimentos e perseguições: “bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,10). E a estes o Senhor consola: “Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus” (v. 12). Sofrer perseguição e, no entanto, perseverar na missão, é percorrer o caminho da santidade e fazer a experiência da verdadeira alegria.
Esta é a sabedoria do Mestre, que vai na “contracorrente ao que é habitual, àquilo que se faz na sociedade” (Gaudete et Exsultate, n. 65), conforme as palavras de Jesus ao proclamar bem-aventurados os pobres, os mansos, os que choram, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os construtores de paz, os perseguidos (cf. GE 63 a 94).
A comunidade cristã é o lugar da vivência da comunhão (koinonia) e o mundo é o lugar do testemunho (martiria), demonstrado pelo serviço da caridade (diakonia). Assim, “partilhar a Palavra e celebrar juntos a Eucaristia torna-nos mais irmãos e vai-nos transformando pouco a pouco em comunidade santa e missionária” (GE n. 142).
Percorrer a estrada e atingir o certame não é fácil, pois “o caminho para a santidade é uma luta constante contra o Maligno. E para essa luta, temos as armas poderosas que o Senhor nos dá: a fé que se expressa na oração, a meditação da Palavra de Deus, a celebração da Missa, a adoração eucarística, a reconciliação sacramental, as obras de caridade, a vida comunitária, o compromisso missionário” (cf. GE n. 162). Ou, como afirmou São Paulo, é a fé agindo pela caridade (Gl 5,6).
Dom Pedro Luiz Stringhini
Mogi das Cruzes, 24 de maio de 2018